segunda-feira, 22 de dezembro de 2014

AULA 13 - O TEMPO DA PROFECIA DE DANIEL


INTRODUÇÃO

       Nesta aula estudaremos o último capítulo do livro de Daniel, sendo esse uma sequência dos episódios preditos no capítulo anterior. O tema será o tempo do fim, isto é, o cumprimento cabal das profecias de Daniel na Septuagésima Semana. Inicialmente explicaremos o que significa a expressão “tempo do fim” no texto profético. Em seguida, nos voltaremos para as características do “tempo do fim”. E ao final, mostraremos quando acontecerá “o tempo do fim”, e suas implicações para o futuro da igreja.


1. O TEMPO DO FIM

      O tempo do fim descrito por Daniel, e explicado por Jesus em Mt. 24, e diz respeito a um período de tribulação, marcado por alguns sinais, dentre eles, engano religioso, guerras, terremotos, pestilências, apostasia, perseguição, esfriamento do amor, além da pregação do evangelho do reino e o aparecimento do anticristo. Esses sinais não antecedem o arrebatamento da igreja, considerando que esse poderá acontecer a qualquer momento (I Co. 15.50-54), mas a manifestação de Cristo em glória, quando virá para livrar Israel dos seus inimigos (Mt. 24.30). Esse “tempo do fim” terá uma duração de sete anos, e está em consonância com Dn. 9.27, que faz referência à Septuagésima Semana, e também com os eventos descritos no livro do Apocalipse (Ap. 6-18). Trata-se, portanto, da grande tribulação, que acontecerá “naquele tempo” (Dn. 12.1). Nesse período o anticristo se levantará, dirigido pela força de Satanás, querendo ser adorado (II Ts. 2.3,4). Consoante ao que antes foi revelado, ele ira blasfemar contra Deus e perseguir os santos do Altíssimo (Dn. 7.25; 11.45). Esse anticristo é revelado em Ap. 13.8 como a besta que emerge do mar, sendo adorada por todos aqueles que não têm o selo de Deus. Muitos cristãos, certamente aqueles que ficaram ou se converteram durante a tribulação, serão perseguidos (Ap. 13.7).      O foco desse período estará sobre Israel, que será perseguida pelo anticristo e defendida pelo arcanjo Miguel, pois a igreja já terá sido arrebatada, para se encontrar com o Senhor nos ares, para celebrar as bodas do cordeiro (I Ts. 4.13-17; Ap. 19.7,8).    
     Acontecerá nessa ocasião a ressurreição daqueles que morreram em Cristo, esses subirão para estar com o Senhor, tomando parte na primeira ressurreição (Dn. 12.2), sendo essa distinta da segunda ressurreição, que acontecerá após o Milênio para a condenação (Ap. 20.12,13).     

2. CARACTERÍSTICAS DO TEMPO DO FIM

       Daniel não compreende algumas coisas reveladas, por isso recebe a orientação para “cerrar” o livro, essa palavra dá ideia de “preservar” (Dn. 12.4). É dito ao profeta que nos últimos dias “a ciência se multiplicará”. A palavra conhecimento, daat em hebraico, diz respeito à revelação das verdades divinas. A multiplicação desse conhecimento está nas Escrituras, no texto apocalíptico do Novo Testamento. A igreja dispõe de uma revelação mais ampla nos dias atuais, considerando o que já foi ensinado por Jesus, Paulo e João a respeito das coisas futuras. A mensagem profética está disponível para a igreja, para tanto precisamos atentar para os escritores sacros que foram movidos pelo Espírito Santo, para nos trazer uma revelação que ilumina e traz esperança (II Pe. 1.19). Se atentarmos para a palavra profética, não seremos enganados, como está acontecendo com muitas pessoas, por desconhecerem a Palavra de Deus. Sabemos, pela revelação da Bíblia, que o tempo do fim será de angústia para Israel (Mc. 13.19), isso porque o sol escurecerá ao nascer (Is. 13.10; Zc. 14.7; Ap. 19.17). A lua se tornará em sangue, os céus e a terra serão abalados (Is. 24.20). É justamente nesse tempo que acontecerão guerras, fomes, pestes e terremotos marcantes; inquietação mundial, com os homens desmaiando de terror (Lc. 21.26), e pelejas com vistas à destruição de Israel (Ap. 16.12), que culminará com a vinda de Cristo, para como Rei dos reis e Senhor dos senhores (Ap. 19.16).

3. QUANDO ACONTECERÁ O TEMPO DO FIM

     Deus é o Sujeito da revelação, somente podemos saber aquilo que Ele decidiu nos revelar, especialmente através do Seu Filho (Hb. 1.1,2).   As pessoas que não se interessam pelas verdades de Deus ficarão à mercê do engano. Mas os sábios, isto é, aqueles que se voltam para as Escrituras, compreenderão o “tempo do fim”. A sabedoria nesse contexto não está circunscrita ao conhecimento intelectual. Isso porque aqueles que recebem essa revelação de Deus, em relação ao cumprimento do tempo fim, deverão também buscar a santificação. (Dn. 12.10). Aqueles que se acham sábios aos seus próprios olhos, e entendidos no raciocínio humano, não serão capazes de discernir o tempo de Deus (Mt. 11.25,26). A tribulação terá início no arrebatamento da igreja, se prolongará por sete anos, tendo seu auge nos últimos três anos e meio, comumente denominada de Grande Tribulação, e findará com a vitória triunfal de Cristo. A respeito desse período Jesus afirmou que se esses dias não tivessem sido abreviados nenhuma carne se salvaria (Mt. 24.22). Ao final, a mensagem para Daniel é: “Tu, porém, vai até o fim; porque repousarás e estarás na tua sorte, no fim dos dias” (Dn. 12.13). O profeta deveria viver sua vida normalmente, e certamente chegaria o dia da sua morte, mas isso não deveria ser motivo para perder a esperança. De igual modo, a igreja de Jesus Cristo não pode se deixar contagiar pela onda de desespero do mundo (Jo. 14.1,2). Os crentes tessalonicenses estavam angustiados, por não saberem o que aconteceria no futuro. Por isso Paulo escreveu-lhes uma epístola, a fim de despertá-los para a esperança e conforto do evangelho (I Ts. 4.23-17). Como crentes em Cristo, devemos viver a vida dentro da normalidade, mas debaixo da revelação de Deus, na expectativa do cumprimento da bendita esperança (Tt. 2.13).

CONCLUSÃO

        A revelação profética tem uma dimensão ética para os cristãos, aqueles que se voltam para mensagem do que acontecerá nos últimos dias não podem viver de qualquer jeito. Isso porque qualquer que tenha essa esperança deve purificar a si mesmo, assim como Ele é puro (I Jo. 3.3). Sendo assim, deixando todo embaraço, e o pecado que tão de perto nos rodeia, corramos com paciência a carreira que nos está proposta, olhando para Jesus, Autor e Consumador da nossa fé (Hb. 12.1,2). 
        E assim concluímos mais um trimestre espero ter de alguma forma colaborador para o crescimento da obra de Deus através da EBD que em meu pequeno modo de pensar a instituição mais importante da igreja de Cristo aqui na Terra.
         E conto com todos em 2015 para que juntos possamos levar a Palavra de Deus para as nações. 
         E vale a pena lembrar que em 2015 o currículo da EBD foi reformulado e passaremos a ter lições separadas para jovens e adultos e o nosso blog se empenhara em comentar as lições de adultos.
         Que Deus vos abençoe e tenham todos um ótimo fim de ano..

BIBLIOGRAFIA

LOPES, H. D. Daniel. São Paulo: Hagnos, 2006.
SILVA, S. P. da. Daniel: versículo por versículo. Rio de Janeiro: CPAD, 2013.
CABRAL, E. Integridade Moral e Espiritual, Rio de Janeiro : CPAD, 2014.

quinta-feira, 18 de dezembro de 2014

LIÇÃO 12 - UM TIPO DO FUTURO ANTICRISTO

INTRODUÇÃO


      Na aula de hoje retornaremos ao tema do anticristo, a partir da análise do império grego, com destaque para a figura de Antíoco Epifânio. Inicialmente mostraremos como o império grego se tornou proeminente. Em seguida, analisaremos historicamente o papel de Antíoco Epifânio, que viria a perseguir o povo de Deus. Ao final desta lição nos voltaremos para o anticristo, àquele que haverá de vir, e que é revelado por Jesus em Mateus, por Paulo e João em suas epístolas, e no Apocalipse.  

1. A PROEMINÊNCIA DO IMPÉRIO GREGO

       Neste capítulo 11 o anjo que apareceu a Daniel no capítulo anterior continua a mostrar-lhe a revelação do futuro (Dn. 11.2). Através desse descortinamento o Senhor demonstra Sua soberania, e que está no comando da história. Como caiu o grande poder da Babilônia, cairia também os reinos da Pérsia, que seriam suplantados pelo império grego. Daniel recebe a revelação a respeito de quatro reis persas (Dn. 11.1,2), que sucederiam a Dario, o medo, e de um governante que apoiaria uma disputa contra a Grécia. Os três reis mencionados são Cambises II (530 a. C.), Gautama (522 a. C.), e Dario I (522 – 428 a. C.).      O quarto rei é Xerxes (486 – 465 a. C.,), sendo esse o mais rico (Et. 1.4). Nos versículos 3 e 4 há uma alusão a Alexandre, tendo esse se tornando o grande imperador grego. Ele morreu prematuramente aos 33 anos, decorrente de uma vida dissoluta, regada bebedeira e vaidade, após ter conquistado praticamente todo o mundo conhecido. Posteriormente Daniel mostra vários reis da Síria e do Egito (Dn. 5. 2-20), em um processo de alternância entre as duas forças da época. Nos versículos 21 a 35 Daniel descreve um rei sírio bastante perverso, referência a Antíoco IV, que conquistou o poder por volta de 175 a. C., aos 40 anos de idade, tendo reinado por onze anos, até 154 a. C. Ele deu a si mesmo o título de Epifânio (o ilustre), ainda que o povo o denominasse de Epimanes (o louco). Como costumam fazer alguns governantes, conduziu seu governo com tramas maquiavélicas, recorrendo à astúcia, crueldade e intolerância. Ele foi conduzido ao império através de intrigas e adulação (Dn. 11.21), fazendo guerra contra os ptolomeus do Egito (Dn. 11.22) e alianças com inimigos (Dn. 11.23).

2. ANTÍOCO EPIFÂNIO, UM TIPO DO ANTICRISTO

      Antíoco Epifânio é considerado um tipo de anticristo por causa do seu confronto direto aos israelitas (Dn. 11.28,30). Ele odiava o povo de Deus, certamente por causa da oposição que fazia ao seu governo. Por isso profanou o templo e fez cessar os sacrifícios diários (Dn. 11.31). Teve a audácia de levantar um altar pagão no templo e mandou sacrificar um porco no altar e borrifar o sangue no templo. Ainda que tenha conseguido o apoio de alguns judeus apóstatas, a maioria deles resistiu à violência (Dn. 11.32). Muitos homens de Deus se levantaram contra aquele império, ensinando as Sagradas Escrituras (Dn. 11.33). Por causa do compromisso com a Palavra, alguns deles foram executados pelo império (Dn. 11.35). A política humana, quando centrada em determinadas pessoas, é capaz de destruir vidas inocentes. A Bíblia não respalda a obediência cega às autoridades, muito pelo contrário, devemos antes obedecer a Deus do que aos homens (At. 5.29). No caso dos cristãos, esses estão no mundo, mas não são do mundo (Jo. 15.17), por isso devem pagar impostos (Mt. 28.17-21), e respeitar as autoridades, com vistas à vivência coletiva (Rm. 13.1-7). Por isso devemos orar pelos governantes (I Tm. 2.1,2), obedecer às leis, considerando inclusive o direito de defesa (I Pe. 2.13). Retornando ao assunto de Antíoco Epifânio, após um momento de perseguição intensa contra os judeus, o sacerdote Matatias o resistiu, dando início a guerra dos Macabeus. A partir dos versículos 36 a 45 Daniel passa a retratar um governo satânico, o do próprio anticristo, que haverá de vir, do qual Antíoco Epifânio era apenas um tipo.

3. O ANTICRISTO QUE HAVERÁ DE VIR

        O anticristo que haverá de vir é comumente designado como escatológico, isso porque ele se manifestará no futuro. De acordo com o texto de Daniel, esse será um homem extremamente perverso (Dn. 11.36-39), totalmente dependente das suas forças políticas (Dn. 11.38,39). Como fez Antíoco Epifânio na antiguidade, o anticristo também perseguirá os israelitas, de forma sanguinária (Dn. 11.40-44). Por fim esse anticristo será derrotado (Dn. 11.45), sugerindo que o próprio Deus derrotará o anticristo (II Ts. 2.8). Esse anticristo escatológico é o homem da iniquidade de II Ts. 2.3,4. Conforme já estudamos em Dn. 9.27, no contexto das setenta semanas, o anticristo estabelecerá uma aliança com o povo de Israel, rompendo-a posteriormente. Esse episódio acontecerá no desdobramento da Tribulação, a respeito da qual se referiu Jesus, em Mt. 24.15, e por Paulo em II Ts. 2.3-12.         O livro do Apocalipse descreve esse período, no qual haverá um governo tripartido, essa a razão do número 666, que significa número de homem três vezes (Ap. 13.5). Para João esse anticristo, cujo espírito já opera entre nós, é o mentiroso e a besta (I Jo. 2. 18-22; Ap. 13.1). Para Paulo ele é o homem da iniquidade (II Ts. 2.3), o iníquo (II Ts. 2.8), o filho da perdição (II Ts. 2.3). Para Jesus, esse homem é o abominável da desolação (Mt. 24.15-28). O prefixo anti é grego e significa oposto, por isso ele se colocará contra Cristo, e todos aqueles que O seguem. A origem desse anticristo é satânica (Ap. 13.2) e do mundo (Dn. 7.8). Mas seu governo não durará para sempre, pois a tríade satânica será lançado no fogo (Ap. 19.20), por ocasião da vinda de Cristo em glória (II Ts. 2.8).

CONCLUSÃO

    Antíoco Epifânio, e todos aqueles que governam se opondo a Deus, são anticristos. Todos eles prefiguram ou tipificam um reino futuro que será cruel e totalitário. Isso acontecerá por ocasião da septuagésima semana de Dn. 9. E coincide com os acontecimentos descritos por João no livro do Apocalipse. O governo do anticristo, e dos seus adeptos, passará, somente Deus governará para sempre. A destruição desse reino por Cristo é a segurança da igreja, que pode confiar no Deus que está no comando de todas as coisas.

BIBLIOGRAFIA

LOPES, H. D. Daniel. São Paulo: Hagnos, 2006.
SILVA, S. P. da. Daniel: versículo por versículo. Rio de Janeiro: CPAD, 2013.
CABRAL, E. Integridade Moral e Espiritual, Rio de Janeiro : CPAD, 2014.

quarta-feira, 10 de dezembro de 2014

LIÇÃO 11 - O HOMEM VESTIDO DE LINHO

INTRODUÇÃO


         O  título dessa aula desperta curiosidade porque apresenta : 'uma figura que revela alguém singular, diferente de todas as figuras de linguagem que ilustra o próprio Deus e, que, de forma teofânica, indica a Pessoa de Jesus Cristo. Era, de fato, a revelação do Cristo pré-encarnado, que corresponde com a visão de Ezequiel (Ez 1.26) e depois, no Novo Testamento, com o Apocalipse de João (Ap 1.12-20). Em todo este capítulo, “o homem vestido de linho” é o personagem central das revelações feitas a Daniel.
       Temos que considerar que os três últimos capítulos desse livro trazem a última visão e revelação que Daniel teve da parte de Deus. O capítulo 10 se constitui, de fato, numa preparação para a revelação que Deus queria dar a Daniel, O capítulo 11 apresenta a visão escatológica que destaca o futuro imediato de Israel em relação às nações. Nesta visão, Daniel lembra quando chegou como exilado político na Babilônia ainda bem jovem. Os anos se passaram, e agora nos capítulos 10,11 e 12, ele era um homem com mais de 85 anos de idade. Ele lembra o nome estrangeiro Belsazar que havia recebido da parte de Nabucodonosor e que tinha por objetivo apagar a memória do seu povo e do seu Deus. 
       Mas Daniel, ao citá-lo em Dn 10.1, queria lembrar, também, que nada mudou na sua mente e coração em relação à sua fidelidade ao Deus de Israel. Ele provou que apesar do desterro de sua terra, nada havia mudado em relação à sua fé.
       Fazendo uma digressão ao capítulo 9, Daniel sabia que o dedo de Deus dirige a história e o futuro do seu povo e nada o deteria de cumprir os seus desígnios para com o seu povo, mesmo que o mesmo tenha pecado contra o Senhor. Haviam passado os 70 anos preditos na profecia de Jeremias e, então, Deus envia o anjo Gabriel (Dn 9.21) para revelar esse futuro do seu povo. Foi uma revelação depois de muitas lágrimas e orações do profeta pelo seu povo. Daniel era um homem de lágrimas e Deus se agradava da sua humildade.
      No capítulo 10, já era o terceiro ano do reinado de Ciro da Pérsia (534 a.C.), e Daniel, mesmo estando idoso, permaneceu no palácio sob a égide dos reis que sucederam Nabucodonosor. Assumiram o império Ciro, da Pérsia, e Dario, da Média. Constituindo, portanto, o Império Medo-persa. Entre 538 e 536 a.C., Ciro, o persa, concedeu um decreto que autorizava os judeus exilados na Babilônia a retornarem a Palestina, especialmente, em Jerusalém, para reedificarem o templo judeu. Porém, esse retorno aconteceu, de fato, a partir de 538 a.C. O edito real de Ciro emitido está registrado em Esdras nos capítulos 1 ao 6. Segundo a história, uma grande maioria de judeus havia aderido aos costumes estrangeiros e preferiu não voltar à sua terra, ficando na Babilônia. Porém, o sonho de Daniel era concretizado mediante sua pesquisa no livro do profeta Jeremias ao constatar que já haviam se passado os 70 anos profetizados de cativeiro. Mesmo assim, Daniel não desistiu de orar pelo seu povo e por sua cidade santa, Jerusalém. Daniel era um homem de oração. Neste capítulo algo diferente de todas as visões que tivera anteriormente acontece. Há uma manifestação teofânica quando o próprio Deus, prefigurativamente, na pessoa de Jesus Cristo, se apresenta a Daniel de uma forma ímpar e gloriosa. Há, também, no texto uma manifestação angelical em que anjos celestiais obedecem aos desígnios de Deus em favor dos seus servos na terra.


1. UMA VISÃO CELESTIAL

      Conforme já estudamos em lições anteriores, Daniel é um homem de oração e também de estudo da palavra. O coração desse profeta está voltado para o seu povo, por isso ele se derrama em lágrimas pela nação (Dn. 10.2). Nos dias atuais, precisamos de homens e mulheres, que do mesmo modo que Daniel, e também o profeta Jeremias, sinta dores pelo povo. Vivemos uma época marcada pelo individualismo, as pessoas não sentem mais as dores do outro. No que tange ao cristianismo, trata-se de uma deturpação dos princípios da fé, pois esse, pela própria natureza, nos chama a nos alegrar com os que se alegram e chorar com os que choram (Rm. 12.14,15). Dizem que homem que é homem não chora, mas o próprio Jesus chorou por causa da incredulidade das pessoas, e pranteou sobre Jerusalém (Jo. 11.35). Será que nós estamos sentido as dores daqueles que sofrem? Às vezes nos preocupamos apenas conosco, no máximo com nossas famílias, mas esquecemos dos outros, principalmente dos que não conhecemos. Daniel jejuou pelo seu povo (Dn. 10.3,12), demonstrou está comprometido com o avivamento da sua nação. Ele ocupou cargos importantes nos reinos aos quais pertenceu, mas não vendeu a sua alma, muito menos se esqueceu do seu povo. Há pessoas que buscam cargos públicos, mas não assumem que esse é um ministério, um serviço para os bem das pessoas, não para o enriquecimento ilícito. Foi no contexto da oração, da compaixão por Israel que Deus deu uma visão através de um anjo (Dn. 10.4-6). A manifestação daquele anjo, que para alguns se trata do próprio Cristo, esclarece Daniel em relação ao futuro, trazendo-lhe discernimento (Dn. 10.7-12). A revelação trouxe quebrantamento ao profeta, isso mostra que a revelação não serve apenas ao intelecto, e também não deve se restringir à emoção, precisa nos despertar para uma mudança de foco, uma percepção diferenciada de Deus.

2. A REVELAÇÃO DE DEUS PARA O FUTURO

       Depois da oração Daniel recebeu uma resposta imediata de Deus, isso aconteceu porque o profeta se humilhou diante do Senhor. Muitos querem receber revelações de Deus, mas não se quebrantam perante Ele. Somente os que têm contato íntimo com o Senhor podem desfrutar dos seus mistérios. Daniel recebeu uma revelação em relação ao futuro, fatos que abarcavam toda a história da humanidade. Inicialmente houve uma tentativa de resistência pelo rei da Pérsia (Dn. 10.13), uma alusão a Satanás que pode se disfarçar em anjo de luz (II Co. 11.14). Isso revela a existência de uma guerra espiritual, não podemos imaginar que estamos restritos ao mundo físico, como querem defender alguns céticos. A nossa luta não é contra a carne e o sangue, mas contra os principados e potestades das regiões celestes, por isso devemos estar equipados com toda armadura de Deus (Ef. 6.12). Deus providenciou um ajudador para Daniel, o arcanjo Miguel que defendeu o povo de Judá (Dn. 12.1). Não podemos afirmar com certeza se o homem vestido de linho, que se revelou a Daniel era o próprio Cristo. Alguns estudiosos, com base em Ap. 1.12-2 e Ez. 1.26 afirmam que essa foi uma teofania, uma manifestação do próprio Deus. Fato é que diante da visão Daniel perdeu as forças, não teve como permanecer de pé (Dn. 10.8). Esse anjo de Deus conforta Daniel, ao ser tocado por ele, é maravilhoso saber que podemos contar com o auxílio de anjos (Hb. 1.14). Eles não devem ser adorados, pois não passam de espíritos ministradores (Ap. 22.8,9), mas podemos pedir a Deus que nos proteja através deles (II Rs. 6.17). O anjo confortou Daniel, de igual modo, somos confortados pela Palavra de Deus, nada poderá nos resistir, se Deus é por nós, que será contra nós (Rm. 8.31,32).

3. O PROPÓSITO DA VISÃO DO CEÚ



    O objetivo central da visão dada a Daniel foi confortá-lo, e mostrar que Deus está no comando das nações, e que o futuro a Ele pertence. Estamos em um mundo marcado por valores satânicos, o diabo e seus anjos estão pelejando contra a igreja. As potestades do mal querem se opor a verdade do evangelho. Mas não podemos perder as forças, assim como aconteceu com Daniel, devemos nos dobrar diante da revelação do Senhor. Não podemos perder o senso de espanto diante das grandezas das revelações. Quando Deus se revela, devemos reconhecer nosso pecado, como aconteceu com Isaias (Is. 6), bem como nossas limitações, como fez Jó (Jó. 42). O propósito da revelação é perceber a grandeza de Deus, e ao mesmo tempo, nossa pequenez. Ninguém deve se arvorar das revelações que recebeu de Deus, nem mesmo Paulo pode fazê-lo, pois recebeu um espinho na carne, para que não se gloriasse (II Co. 12.7). A revelação de Deus através dos dons espirituais, ou da Palavra de Deus escrita, objetivam nosso amadurecimento.  
    Ninguém deve se gloriar por causa das revelações que recebeu de Deus, antes deve agir com temor e tremor. O Deus que tocou Daniel está disposto também a nos tocar, Ele diz que somos amados e que escuta nossas orações (Dn. 10.11,12). Nada angustia tanto o homem moderno que o sentimento de desespero. Somos tentados, diante da imensidão do universo, a pensar que não passamos de um grão de areia. Mas Deus se interessa por cada um de nós (Sl. 8.4), Ele nos ama e O provou na cruz (Jo. 3.16). O fato dEle nos amar, serve de estímulo para que abramos nossas bocas e declaremos Seu amor ao mundo (Dn. 10.16,17). Esse amor divino nos dá audácia para declarar os seus feitos, e perder o medo, pois é Ele que nos diz para não temer (Dn. 10.19).


CONCLUSÃO

   Não temos motivos para desânimo, mesmo quando os dias parecem ser tenebrosos, ainda que os governos estejam contrários à Palavra de Deus. O Senhor está no comando da história, ao Seu tempo haverá de julgar com reta justiça. O poder das trevas está em plena expansão, cegando o entendimento dos incrédulos (II Co. 4.4). Mas isso somente durará para sempre, devemos continuar orando, e clamando a Deus para que venha o Seu reino, e agindo para que as forças do mal não prevaleçam. Que Deus em Cristo nos abençoe com toda sorte de armas espirituais (II Co. 9.8; 10.3-5).


BIBLIOGRAFIA 
 
SILVA, S. P. da. Daniel: versículo por versículo. Rio de Janeiro: CPAD, 2013.
CABRAL, E. Integridade Moral e Espiritual, Rio de Janeiro : CPAD, 2014.

quinta-feira, 4 de dezembro de 2014

LIÇÃO 10 - AS SETENTA SEMANAS

INTRODUÇÃO

       O capítulo 9 é, indiscutivelmente, a profecia mais importante do livro de Daniel. Neste capítulo a profecia ganha um sentido histórico especial e ao mesmo tempo escatológico, tanto em relação a Israel, quanto em relação ao mundo. Diferentemente dos capítulos anteriores, esta revelação não se preocupa com os poderes mundiais, mas trata de uma revelação especial sobre o futuro de Israel que afeta, indiscutivelmente, todo o mundo. Nos capítulos anteriores, tais como os capítulos 2,4, 7 e 8, se percebe que Deus utilizou figuras diferentes do mundo mineral (metais), bem como, figuras do mundo animal para ilustrar os acontecimentos futuros do mundo. Na realidade, Deus usa elementos neutros como os metais (ouro, prata, cobre, ferro e barro), e elementos do mundo animal, para tratar de aspectos políticos, morais e espirituais. Todos esses capítulos tem uma relação especial com Israel que é o alvo da profecia.
       No capítulo 9, Deus revela a Daniel fatos futuros do povo de Israel utilizando número de semanas, dias e anos. Esses números ganham uma linguagem especial na sua interpretação em relação ao povo de Israel. Daniel, ao rever o livro do profeta Jeremias descobriu uma profecia literal que estava chegando ao seu cumprimento. O período de 70 anos predito para um tempo de escravidão e exílio do povo judeu em terras estrangeiras estava chegando ao fim. Porém,Deus toma esta circunstância histórica para revelar outra verdade futura acerca do seu povo. Seria outro período de 70 semanas de anos totalizando 490 anos literais, sob o qual Israel experimentaria a força da soberania de Deus sobre Israel que afetaria o mundo inteiro. Depois da visão estarrecedora dos capítulos 7 e 8, quando Daniel visualiza espiritualmente o futuro com “um rei feroz de semblante” que prefigura numa perspectiva escatológica o futuro Anticristo, ou seja, “o homem do pecado”, Daniel enfraqueceu física e emocionalmente e lhe restou, tão somente, orar e buscar o socorro de Deus.

1. A INTERCESSÃO DE DANIEL

   Daniel não desprezava a oração, em 586 a. C., quando fora levado ao cativeiro babilônico, o profeta se dobrou diante do Senhor, orando ainda na adolescência, juntamente com seus amigos (Dn. 2.17,18). No capítulo 9 de Daniel, identificamos uma das orações mais importantes da Bíblia. Deus havia decretado que o período do cativeiro duraria setenta anos (Jr. 25.8-11; 29.10-14), o profeta percebeu dois anos antes que seria o momento de orar pela libertação da sua nação. Daniel é um exemplo para todo homem e mulher de Deus a fim de equilibrar o estudo bíblico com a oração. Alguns crentes se dedicam bastante à oração, não perdem esses trabalhos, mas se distanciam da escola dominical. Outros, não atentam para a oração, se afastam do altar, ainda que frequentem os estudos bíblicos. Esses extremos são perigosos, podem levar os cristãos ao intelectualismo ou emocionalismo. Atentemos, pois para a vida de oração do profeta Daniel, principalmente no que tange à intercessão. Ele se apressou em rogar a Deus pelo Seu povo, para que o Senhor revelasse os tempos determinados para Israel. A oração de Daniel tem características instrutivas para todo cristão. Ele adora a Deus, não busca apenas as mãos, mas sobretudo a face de Deus (Dn. 9.4). Nestes tempos essa é uma verdade que precisa ser reforçada. Nossas orações refletem nossos interesses, crentes egoístas fazem orações centradas no eu. O profeta sabe que Deus é misericordioso, por isso clama ao Senhor para que perdoe os pecados do povo (Dn. 9.9). Daniel faz uma confissão dos pecados da nação, destacando a transgressão da lei (Dn. 9.11). A oração de Daniel é motivo de estímulo para orar pelo arrependimento das pessoas deste país. É pouco provável que tenhamos uma nação evangélica, considerando que a fé é pessoal. 
   Mas esperamos que as pessoas se convertam dos seus pecados, e que o arrependimento as aproxime de Deus.

2. A RESPOSTA À ORAÇÃO DE DANIEL

     Deus responde a Daniel, mostrando o que haveria de acontecer com Seu povo. No capítulo 9 o profeta recebe do Senhor uma revelação das Setenta Semanas, mensagem que se encontra registrada em Dn. 9.20-27. A resposta vem por meio de um anjo (Dn. 9.21), o mensageiro de Deus, por nome de Gabriel. Inicialmente o mensageiro fala a respeito do Messias que viria no futuro, trazendo bênçãos para a nação (Dn. 9.24,25).               Daniel é reconhecido como um homem amado no céu (Dn. 9.23), certamente por causa da sua vida piedosa. A revelação das Setenta Semanas começa com a descrição do Messias, o Ungido de Deus (Dn. 9.25). A obra do Messias também é ressaltada pelo anjo, que haveria de trazer a solução para o pecado (Dn. 9.24). Esse Messias, consoante ao que conhecemos hoje pela Bíblia, é o Senhor Jesus Cristo, nEle se cumpriram as profecias. Justamente como está registrado nos evangelhos, Ele foi rejeitado entre Seu povo (Dn. 9.26), levando-O à morte. Daniel também é esclarecido quando a destruição de Jerusalém (Dn. 9.26). Isso aconteceu várias vezes, em uma delas Vespasiano cercou a cidade, destruiu o templo e dispersou os judeus. Mas uma promessa de triunfo do Messias também consta na mensagem (Dn. 9.27). A vitória do Messias aconteceu na cruz, quando Cristo derramou o Seu sangue, para a remissão dos pecados (Mt. 26.28). Conforme enfatiza o autor da Epístola aos Hebreus, Ele foi sacrificado uma vez por todas (Hb. 7.27). Essa revelação também aponta para o anticristo, o pequeno chifre do capítulo 7 de Daniel. Esse é a assolação, o homem a quem Paulo denomina de o homem da iniquidade (II Ts. 2.8).          Gabriel explica para Daniel que setenta semanas estão determinadas para Israel. Essas semanas podem ser divididas em três períodos de sete: um primeiro período de sete; o segundo período de sessenta e dois e o terceiro período que é a septuagésima. Assim, são 7 + 62 + 1 = 70.

3. O FUTURO DE ISRAEL REVELADO A DANIEL

     As Setenta Semanas de anos de Daniel compreendem 69 semanas de anos / 7 anos em cada semana / 360 dias por ano, fazendo um total de 173.880 dias. Em 5 de março, 444 a. C., através do decreto de Artaxerxes para a reconstrução de Jerusalém(Ne. 2.1-8) x 173.880 dias = 30 de março, 33 d. C., quando acontece a entrada triunfal de Cristo em Jerusalém (Lc. 19.28-40). Desse decreto até a entrada triunfal do Messias, totaliza 69 semanas de anos, sendo esse crucificado, encerrando o período determinado para Israel, e iniciando a era da igreja. Segundo alguns historiadores, o Messias teria sido tirado em 3 de abril de 33 d. C., e a cidade e o templo destruído em 6 de agosto de 70 d.C. A verificação desses tempos pode ser assim contabilizada: 444 a. C a 33 d. C. = 476 anos. Em seguida 476 anos x 365.2421989 dias = 173.885 dias, acrescentando 25 dias entre 5 de março (decreto de Artaxerxes) e 30 de março (a entrada triunfal do Messias, total de 173.880 dias.       O fundamento para os anos de 360 dias é Dn. 9.27, e os 1.260 dias de Apocalipse 11.3 e 12.6. A expectação da igreja é pelo arrebatamento, que acontecerá repentinamente, sem sinais antecedentes. Depois do arrebatamento, após a metade da primeira semana, ou seja, três anos e meio, o anticristo se revelará, consoante ao que está revelado em Ap. 13, a besta perseguirá o povo de Israel, trazendo sua marca 666. Esse será o início da denominada Grande Tribulação, na qual o anticristo exigirá adoração, exigindo ser reconhecido como deus. Conforme identificamos no capítulo 19 de Apocalipse, Cristo virá em glória, como Rei dos reis e Senhor dos senhores, para pelejar contra a Besta, na batalha do Armagedom.

CONCLUSÃO

      A igreja do Senhor não passará pela Semana Setenta, pois ela aguarda com esperança o arrebatamento (I Co. 15.51,52). Sabemos que nem todos dormiremos, mas transformados seremos todos, a trombeta soará, e os mortos em Cristo ressuscitarão primeiro (I Ts. 4.13-17). Essa é uma mensagem de consolo, não temos motivo para desespero, o mundo teme o fim das coisas. Jesus disse que nós não deveríamos nos atribular, antes confiar na Sua palavra, pois ao Seu tempo, virá para buscar a Sua igreja, para estar junto dEle (Jo. 14.1).

BIBLIOGRAFIA

LAHAYE, R., HINDSON, E. Enciclopédia popular de profecia bíblica. Rio de Janeiro: CPAD, 2004.
SILVA, S. P. da. Daniel: versículo por versículo. Rio de Janeiro: CPAD, 2013.
CABRAL, E. Integridade Moral e Espiritual, Rio de Janeiro : CPAD, 2014.

quarta-feira, 26 de novembro de 2014

LIÇÃO 9 - O PRENÚNCIO DO TEMPO DO FIM



INTRODUÇÃO

    O capítulo 8 de Daniel tem relação direta com os capítulos 2 e 7, mas diferentemente daqueles capítulos, estudaremos, nesta lição, que o profeta foi transportado em espírito até Susã, e também através do tempo. O caráter da revelação de Deus, consoante ao que estudaremos nesta lição, vai além da dimensão espaço-tempo. Na aula de hoje atentaremos inicialmente para as visões de Deus a Daniel, com ênfase no carneiro, o bode e o pequeno chifre.  
     Mostraremos, ao final, que essas visões são prenuncio do tempo do fim, que alimentam a esperança da igreja.
      O que me chama atenção a partir do capítulo 8 a mudança de idioma utilizado por Daniel. Nos capítulos 2 ao 7, o idioma do texto foi o aramaico dos gentios, no qual Deus trata diretamente com as nações gentílicas. Nos capítulos 8 ao 12, o idioma foi o hebraico, porque a visão dizia respeito, essencialmente, ao povo judeu, sob o domínio desses impérios mundiais.
Porém, no capítulo 8, Deus revela a Daniel as caraterísticas dos dois Impérios, o Medo-persa e o Grego, representados por dois animais, “o carneiro e o bode”. Os elementos históricos da profecia tiveram seu cumprimento no passado; porém, algumas caraterísticas desses dois impérios personificam o futuro de Israel e o que acontecerá no “tempo do fim”(Dn 8.19).

1. A VISÃO DO CARNEIRO

     A visão dada por Deus a Daniel aconteceu na história, no terceiro ano do rei Belsazar; em Susã, que era capital do reino da província de Elão, junto ao rio Ulai. A maioria dos estudiosos defende que essa não foi uma viagem literal, mas um translado espiritual, o profeta teria sido conduzido em espírito àquele lugar.        Susã era uma cidade importante, mesmo depois da queda da Babilônia, isso porque os reis medo-persas habitavam naquela localidade três meses por ano.          As visões dadas ao profeta apontam para o tempo do fim (Dn. 8.17), ao tempo que fora determinado por Deus para o desfecho de todas as coisas (Dn. 8.19), em dias distantes daqueles vivenciados por Daniel (Dn. 8.26). Nessa visão é revelado a Daniel o surgimento de um rei que é o protótipo de Anticristo, alguém que prefigura aquele que no futuro assim se manifestará. Inicialmente é preciso destacar que esse pequeno chifre do capítulo 8 é diferente daquele do capítulo 7.     O anticristo do capítulo 7 é escatológico, ele emergirá do império romano, enquanto que o anticristo do capítulo 8 sucederá os quatro reis da queda do império grego. Diante da grandeza da revelação Daniel cai por terra, perdendo os sentidos, com o rosto por terra. Nessa visão Daniel trata a respeito de um carneiro, que aparece de três maneiras diferentes, com dois chifres (Dn. 8.3,20), descrevendo o império medo-persa, que sucederia para conquistar a Babilônia.       O chifre mais alto descreve o poder dos persas, consolidado através de Ciro, o persa, que tomou o lugar de Dario, o medo. Esse carneiro descrito por Daniel é irresistível (Dn. 8.3,4), e que se engrandeceu (Dn. 8.4). Isso porque nenhuma força daquele tempo seria capaz de se opor ao governo medo-persa.

2. A VISÃO DO BODE 

    O bode da visão de Daniel revela um dos maiores governos da época antiga, trata-se de Alexandre o Grande, também denominado de Magno. Ele conquistou todo o mundo conhecido rapidamente (Dn. 8.5,21). Essa visão explicita o que historicamente é constatado em relação à história dos gregos. Alexandre expandiu o reino grego em pouco mais de dez anos, para isso destruiu o governo medo-persa. Em 334 a. C., Alexandre atravessou o estreito de Dardanelos e derrotou os sátrapas. Não muito tempo depois, em 333 a. C., derrotou Dario III na batalha de Issos. Em 331, venceu as forças medo-persas na batalha de Baugamela. Esse seria um líder poderoso, atestado na revelação de Daniel (Dn. 8.5). Por isso é descrito como “o chifre notável”, considerando sua disposição para a guerra. O profeta antecipa as vitórias de Alexandre sobre o império medo-persa (Dn. 8.6,7). Mas esse reino, como todos os outros que já passaram, também terá o seu fim. Daniel aponta para sua ruina (Dn. 8.8), destacando que esse governo findará em decadência. Alexandre morreu repentinamente em 323 a. C, justamente no momento que pretendia reconstruir a cidade da Babilônia.        Em consequência da sua morte, o império grego foi dividido em quatro partes, para quatro reis, sendo eles Casandro (Macedônia e Grécia no ocidente), Lísimaco (Trácia e Bitínia no norte), Ptolomeu (Palestina, Arábia e o Egito, no sul), e Selêuco (Síria e Babilônia no oriente).

3. O PEQUENO CHIFRE 

   Em seguida Daniel reporta um pequeno chifre, conforme já destacamos anteriormente, diferente daquele do capítulo 7. Esse é apenas um protótipo daquele, prefigura sua atuação que será mais intensa no futuro. O pequeno chifre do capítulo 8 é descrito a partir da sua procedência (Dn. 8.8-22). Ele se origina do bode, que é o império grego, advindo, portanto, do império de Alexandre. Para nós, os conhecedores da história, esse pequeno chifre é conhecido, ainda que não o fosse para Daniel. Ele é um precursor do anticristo que se revelará no tempo do fim. Não podemos deixar de destacar que muitos anticristos já existiram, e muitos outros existem ou existirão (I Jo. 2.18). O pequeno chifre do capítulo 8 é reconhecido historicamente como Antíoco IV, chamado de Antíoco Epifânio, que reinou na Síria, entre 175 a a63 a. C. Como a maioria dos impérios humanos, se destaca pelo sentimento megalomaníaco (Dn. 8.11,25). Antíoco achou pouco ser um grande rei, quis fazer-se deus, por isso mandou fabricar moedas que tinha sua efígie. Além disso, destacou-se por ser um rei tirano (Dn. 8.9,10), um grande perseguidor do povo de Deus. Ele teve a audácia de profanar o templo do Deus de Israel, primeiramente se opondo a todos aqueles que considerassem o livro da Lei. Em 169 a. C., saqueou o templo e proibiu os sacrifício. O templo de Jerusalém foi denominado de Templo de Júpiter Olímpico. Ele colocou sua imagem no lugar santíssimo e determinou que um porco fosse sacrificado naquele lugar. Como se isso não bastasse, obrigou os judeus a comerem a carne do porco, dentro daquele recinto.

CONCLUSÃO

     A apostasia de Antíoco Epifánio aponta para o fim, o tempo no qual o anticristo imperará na terra (II Ts. 2.3,4). A igreja do Senhor Jesus não passará por esse momento sombrio, pois estará nos ares, celebrando as bodas com o Noivo. A grande esperança da igreja é o dia no qual a trombeta soará, os mortos ressuscitarão primeiro, e os que estiverem vivos serão transladados (I Ts. 5.13-18). Essas palavras servem de conforto para a igreja, e para todos aqueles que amam a vinda do Senhor (II Tm. 4.8).

BIBLIOGRAFIA

SILVA, S. P. da. Daniel: versículo por versículo. Rio de Janeiro: CPAD, 2013.
LOPES, H. D. Daniel. São Paulo: Hagnos, 2005.
CABRAL, E. Integridade Moral e Espiritual, Rio de Janeiro : CPAD, 2014.

quarta-feira, 19 de novembro de 2014

LIÇÃO 8 - OS IMPÉRIOS MUNDIAIS E O REINO DO MESSIAS

INTRODUÇÃO

     O capítulo 7 de Daniel inicia a segunda parte do livro, com ênfase nos detalhes proféticos. Essa característica faz com que alguns estudiosos identifiquem esse como o Apocalipse do Antigo Testamento. Esse capítulo pode ser dividido em duas partes: os versículos de 1 a 14 que tratam a respeito do sonho de Daniel, e do 15 ao 28, a interpretação do sonho. No início da aula nos voltaremos para a análise dos impérios mundiais, com destaque para a figura do anticristo, e ao final, estudaremos sobre o reino do Messias.   
     Até agora Daniel fora o agente divino na revelação, interpretando sonhos de outros. Daqui para frente, um anjo interpreta os sonhos e as visões do próprio Daniel (7:16; 8:15-17; 9:20-23; 10:10-14). Até agora o autor falou na terceira pessoa; daqui para frente ele escreve na primeira, dando um relatório mais íntimo de suas experiências.
Uma transição da profecia centralizada nas nações gentias para a profecia centralizada nos judeus toma posição coma entrada do "povo santo" (traduzido "santos", vs. 18, 22, 25). Os judeus são o centro do interesse do final do livro.

I - VISÃO DOS QUATRO ANIMAIS


   Os reinos do mundo não são independentes, os impérios mundiais estão debaixo da soberania de Deus (Dn. 7.2,3). Os quatro ventos, ao longo da Bíblia, retratam a totalidade da terra, o alcance mundial. Principalmente nos dias atuais, marcados pela globalização, os quatro cantos da terra se tornaram um. Os reinos se levantam e demonstram sua potência a todos os lugares. A mídia se encarrega de fazer a divulgação dos feitos dos impérios, a propaganda é utilizada como arma para a dominação. O mar é símbolo dos povos, que se encontra em convulsão, diante dos impasses dos governos humanos. Deus permite que os governos humanos prevaleçam, mas não apoia suas decisões, principalmente àquelas que prejudicam seus servos. Impérios se levantam e caem, nenhum deles permanece para sempre, essa inconstância é uma demonstração de fragilidade. Os impérios mundiais são demonstrados através de quatro animais, que se encontram em paralelo com o capítulo 2 do livro de Daniel. Neste capítulo nos deparamos com os impérios e seu esplendor, enquanto que no capítulo 7 o enfoque está em aspecto interno, como feras. Esses governos não são ovelhas, mas animais selvagens, que não agem em prol do bem das pessoas, funcionam como governos que devoram as pessoas. Os animais apresentados nessa visão de Daniel sobem do mar, de maneira sucessiva e simultânea. Eles têm características recorrentes: surgem de baixo, são animais ferozes, serão destruídos no futuro, seu tempo é determinado por Deus (Dn. 7.12). Os quatro animais são: o leão (império babilônico), o urso (império medo-persa), o leopardo (império grego-macedônio) e o animal de dez chifres (império romano).
     Quatro animais grandes . . . subiam do mar. Portanto, os animais, mais tarde descritos, estão ligados com o Mediterrâneo. Do mesmo modo, como indica o uso simbólico e profético de "mar", eles se levantaram com reboliço, inquietação, com palavras turbulentas, etc., coisas que acompanham a falsa diplomacia (Is. 57:20; Jr. 6:23; 50:42;  51:42; Ap. 17:15; cons. Lc. 21:25). As nações e o seu levantamento não são encaradas de maneira lisonjeira nas Escrituras (Is. 34:2; 40:15-17; Joel 3:2; cons. "o mundo", I João 2:15 e segs.; 5:19; II Pe. 3:10).
      Diferentes uns dos outros. Cada nação tem as suas próprias
características especiais, embora todas partilhem do mesmo caráter
brutal, irracional e bestial. Que diferença tem esta visão interior do
profeta da dignidade rutilante da imagem do sonho do pagão
Nabucodonosor!
     O leão simboliza a Babilônia aqui e também em Jr. 4:6, As asas de águia falam de velocidade, como o leão da força. São
símbolos naturais dificilmente precisando de explicação (cons. II Sm.1:23; Jr. 49:19-22; Ez. 17:3-24).
      O urso é um símbolo adequado para o reino medo-persa. Força e ferocidade fazem parte de quase todas as vezes em que a Bíblia usa a figura de um urso. A magnitude poderosa se ajusta bem aos grandes exércitos persas. Diz-se que Xerxes comandou dois milhões e meio de homens quando atacou a Grécia. A dualidade pode estar sugerida pela
referência aos lados do animal.
       O musculoso leopardo de quatro asas fala, sem dúvida, do reino grego (macedônio) de Alexandre. O governo passou de Nínive (Assíria) para a Babilônia em 612 A.C. ; da Babilônia para a Pérsia em 539 A.C. e Dario III para Alexandre em 331 A.C.
    Como no capítulo 2, o quarto estágio do império romano. Desde que o reino deve prevalecer até a destruição do Anticristo (o pequeno chifre) e o estabelecimento do reino de Cristo, eterno, final e visível (cons. Ap. 19:11 - 20:4), deve ser considerado como urda
prevalecente. A forma décupla do estágio final, talvez sugerida pelos dez artelhos do capítulo 2, está clara aqui e confirmada por Ap. 17:3 e segs.  Mais tarde o pequeno chifre está identificado com o Anticristo final.
    Esta cena do trono está minuciosamente elaborada no Ap. capítulos 4-20. Evidentemente os cinco versículos de Daniel abrangem o mesmo terreno dos dezessete capítulos do Apocalipse. É uma cena do juízo onde o Ancião de dias - ninguém outro que "o Alto, o Sublime,que habita a eternidade" (Is. 57:15) - toma posse dos re inos da terra
através do Filho do homem - um nome que o Senhor claramente reivindicou para si mesmo (Mt. 24:30). A ação dramática através da qual o reino da besta é violentamente derrubado encaixa-se em muitas predições bíblicas sobre a maneira pela qual nosso Senhor julgará as nações no final desta dispensação.
         Embora separados por detalhes de interpretação (vs. 15-20),
estes versículos pertencem à visão propriamente dita e não à interpretação. Os santos do Altíssimo . . . os santos possuíram o reino.
        Nada é mais certo que o fato de todos os santos de todas as dispensações participarem do triunfo final de Cristo no Seu reino. Mas esta passagem apenas afirma uma parte desta verdade. A perspectiva do livro, o significado das palavras, e o contexto aqui limitam a aplicação ao povo de Daniel, o Israel claramente identificado em 10:14 (aqui se usou a expressão hebraica equivalente). "Por 'santos do Altíssimo' que receberão todo o domínio (Dn. 7:18-27), Daniel só poderia entender o
povo de Israel, que se destacava das nações e reinos pagãos, que deveriam reinar até então (2:44); nem temos nós, de acordo com a exegese estrita, o direito de aplicar a expressão a qualquer outra nação; portanto não podemos aplicá-la imediatamente à Igreja . . . As palavras do profeta se referem ao restabelecimento do reino de Israel".

II - O SIGNIFICADO FIGURADO DOS QUATRO ANIMAIS

Os quatro animais como já dissemos estão ligados com o Mar Mediterrâneo. O uso simbólico e profético do “mar” revela as turbulências e inquietações promovidas pelas lideranças desses personagens dos quatro impérios. Esses animais são diferentes uns dos outros e possuem caraterísticas que revelam a brutalidade daqueles dias de forma irracional porque as ações desses animais ultrapassarão o nível da racionalidade. Era o retrato que Deus dava desses impérios nas figuras animalescas do texto para revelar o surgimento deles ao longo da vida de Israel e do mundo, bem como, destacar o último grande império mundial sob a égide de Satanás, representado pelo Anticristo.
“o primeiro era como leão e tinha asas de águia” (7.4.). O leão, do mundo animal, o rei dos animais, simboliza a Babilônia, profetizado, também, pelo Profeta Jeremias (Jr 4.6,7). Comparando as visões do capítulo 2, a “cabeça de ouro”(Dn 2.32,37,38) é a “Babilônia” representada no capítulo 7 pelo “leão com asas de águia” (Dn 7.4), percebemos o paralelo entre os dois capítulos. Deus se utiliza de figuras do conhecimento cultural do homem para revelar verdades morais e espirituais, por isso, na visão de Daniel Deus usou figuras do mundo animal. No reino animal, o leão é o predador maior, portanto o rei. Aqui no capítulo 7 o leão representa o Império Babilónico e as “asas de águia” fala da conquista em extensão desse império que foi o maior do mundo naquela época. Na natureza, na fauna animal, o leão e a águia são os animais nobres. O leão é símbolo do rei dos animais terrestres e a águia é identifica como a rainha das aves do céu. Os dois, o leão e a águia representam a Babilônia pela ostentação de domínio e riqueza que tinha em relação ao mundo de então. O leão lembra a bravura, a violência e a força bruta sobre suas presas. Foi o que Nabucodonosor fez com as nações que subjugou sob seu domínio. A águia lembra a rapidez e a voracidade. Portanto, o domínio da Babilônia aconteceu entre os anos 605-539 a.C. Na visão, Daniel viu que o fim chegou para a Babilônia quando lhe “foram arrancadas as asas” (7.4) e isto lembra o fato quando Nabucodonosor que ficou demente, agindo como animal do campo, porque não soube reconhecer a soberania divina. Ora, uma águia sem asas significa um poder desfeito, sem capacidade de voar. Depois de “arrancadas as asas”, diz o texto que o mesmo “foi posto em dois pés como homem”, e na sua recuperação voltou à racionalidade e passou a agir como homem normal. Com esta experiência, Nabucodonosor teve que reconhecer a soberania divina e lhe dar a glória que só pertence a Deus (Dn 4.24,25,32,33,36,37).

III - O CLÍMAX DA VISÃO (7.9-14)

      A escatologia está sendo abandonada por muitas igrejas e pregadores, porque entendem que a igreja não deve se preocupar com Israel, nem com o seu futuro. Algumas igrejas e pregadores preferem uma teologia horizontalizada que se preocupa, essencialmente, com “o aqui e agora”, com o “hoje”. Ensinam alguns que as profecias de Daniel e Apocalipse têm um caráter apenas alegórico e que pode ser descartado por temas atuais. Entretanto, não podemos descartar a importância dessas profecias que apontam para o futuro.
            A visão de Tronos e do Juízo de Deus (7.9-14)
O texto diz: “foram postos uns tronos”(7.9).A partir do versículo 9, Daniel vê uma cena de juízo da parte de Deus contra o quarto animal, ou seja, a quarta Besta que aparece na visão com um vislumbre escatológico para o Anticristo. Esses tronos, no plural, indicam vários juízos aplicados nos dias da Grande Tribulação. E interessante notarmos que os tronos de juízo aparecem simultaneamente com a aparição do “chifre pequeno” indicando todos aqueles juízos revelados na visão do Apocalipse a João na Ilha de Patmos. Esses tronos vistos na visão de Daniel indicam tribunais em que alguns personagens especiais se assentam para julgar. O texto lembra um tribunal como a Suprema Corte que reúne juízes para julgar. O próprio Deus, Juiz Supremo, se assenta no seu Trono, acompanhado de seu Conselho Celestial para julgar (1 Rs 12.19; Jó 1.6).

CONCLUSÃO

       Daniel ficou impactado com os acontecimentos que viriam a acontecer (Dn. 7.14,15). Nós, os cristãos, temos motivos celebrar, ao reconhecer que os ditames do mundo estão nas mãos de Deus. O rosto de Daniel empalideceu (Dn. 7.28), nós também podemos nos espantar, mas com confiança, disposto a enfrentar os poderes do mal, cientes que, ao Seu tempo, o Senhor julgará todos os reinos da terra. Os inimigos que oprimem o povo de Deus serão julgados, e o reino do Messias durará para sempre.

BIBLIOGRAFIA 

SILVA, S. P. da. Daniel: versículo por versículo. Rio de Janeiro: CPAD, 2013.
LOPES, H. D. Daniel. São Paulo: Hagnos, 2005.
CABRAL, E. Integridade Moral e Espiritual, Rio de Janeiro : CPAD, 2014.

quinta-feira, 13 de novembro de 2014

LIÇÃO 7 - INTEGRIDADE EM TEMPOS DE CRISE

INTRODUÇÃO


       O relato do capítulo 6 de Daniel é uma história que obedece a organização cronológica na cabeça do escritor, por isso, os fatos dessa história acontecem dentro do segundo império depois da Babilônia, de Nabucodonosor. Assume o reino o novo império, com dois aliados da Média e da Pérsia e passou identificado como o reino medo-persa, inicialmente, com Dario, o medo, de 522 a 486 a.C. Neste tempo, Daniel não era um jovem quando iniciou-se o governo do novo reino. Já haviam se passado, aproximadamente, 60 anos e Daniel estava com mais de 80 anos de idade e ainda gozava de prestígio e confiança no novo reino.
       Porém, a história do capítulo 6 é um testemunho pessoal de Daniel. É uma história que destaca o valor da integridade moral e espiritual em meio à corrupção que dominava o coração de alguns políticos do novo reino medo-persa. Daniel era um ancião respeitado, não só pela idade avançada, mas pela história de fidelidade aos demais monarcas, desde Nabucodonosor. Desde jovem, quando fora como exilado judeu para a Babilônia até o início do novo império (medo-persa) haviam se passado uns 60 anos. Durante todo esse tempo Daniel foi leal aos reis que passaram e nunca se descuidou de sua relação com o seu Deus.


I - DANIEL, UM HOMEM ÍNTEGRO EM UM MEIO POLÍTICO
DE CORRUPÇÃO (6.1-6)

    Depois da conquista medo-persa, Dario, era um tipo de vice-rei de Ciro, da Pérsia. Entretanto, foi Dario, um rei sobre o reino, especialmente, sobre os caldeus. O poder de mando era maior com Ciro, da Pérsia que era rei sobre todo o império, e vários textos bíblicos comprovam esse fato (Is 44.21—45.5; 2 Cr 36.22,23; Ed1.1-4). Independente da discussão sobre quem reinava, de fato, é o nome de Dario que aparece no início do capítulo 6.
     Mais de 60 anos já se haviam passado desde que Daniel e seus companheiros foram levados para o Palácio da Babilônia. Eram jovens que, naquela época, demonstraram integridade na sua crença no Deus Vivo e não se corromperam com as ofertas palacianas.        Agora, com 85 a 90 anos, aproximadamente, já era um ancião experimentado que tinha ganhado a confiança dos reis que passaram por aquele reino. Estava agora, no início do segundo Império, o medo-persa, sob o comando desses dois reis, Dario, o medo e Ciro, da Pérsia. Daniel, por alguma razão especial continuou a gozar da confiança do novo rei, especialmente, na Babilônia.
   Daniel foi desafiado pela política culturalista do império babilônico, a corrupção reinava naquele solo (Dn. 5). O rei Nabucodonosor era um tirano, que centralizava o poder, e mantinha as pessoas debaixo do seu jugo (Dn. 4). A política tende à centralização, os governantes querem se perpetuar no poder. A soberba é uma característica recorrente entre os políticos, principalmente àqueles que não reconhecem seu papel social. A mudança de governo, dos babilônicos para os medo-persas, não modificou o quadro de corrupção. Isso mostra que todos os governantes podem ser picados pela “mosca azul”. O poderio econômico também exerce influência sobre esses, que preferem satisfazer o mercado, que o elegeu ao invés de buscar satisfazer os necessitados. Determinadas críticas que são feitas entre os políticos soam como hipocrisia, alguns censuram seus opositores pela corrupção, sendo culpados das mesmas atitudes. A crise política pela qual Daniel passou não é muito diferente das que nos deparamos na sociedade. Temos a necessidade inclusive de uma reforma política no Brasil, o processo democrático, respeitando suas limitações, cumpre seu papel, mas precisa ser aprimorado. Os políticos que entram no governo, até mesmo os evangélicos, ficam acoados pelas amarras do sistema. De vez em quando são propagados casos de corrupção, inclusive entre aqueles que se dizem evangélicos. Mas nem tudo está perdido, existem aqueles que tal como Daniel não se misturam, permanecem íntegros mesmo quando são perseguidos (Dn. 6.4-5). Na política dos homens também existem os desafetos, que buscam oportunidade para condenaram os que servem a Deus. Esses são os bajuladores do governo, que querem tirar vantagem, perseguindo os que são fieis a Deus (Dn. 5.6-9). A vida de Daniel é uma demonstração de integridade, mesmo quando proibido de orar, buscou seu quarto e se voltou para a presença de Deus (Dn. 6.10).

Daniel se torna alvo de uma trama política (Dn 6.4,5)

    Dario, distinguiu três  presidentes para tratarem dos negócios do reino com autoridade sobre os demais. Daniel, um dos três presidentes, se destacou entre todos pela sabedoria, prudência, fidelidade e integridade. O rei chegou a pensar em estabelecer Daniel como líder sobre todo o reino (v. 3). Essa possibilidade encheu de inveja e ciúme os demais presidentes, os quais não queriam a Daniel com tão importante posição uma vez que isso o faria superior a todos os demais e seria o representante mais próximo do Rei Dario. 
     Aqueles homens não tinham outros motivos para afastá-lo dessa posição de destaque. 
    Eles não tinham do que acusar a Daniel por qualquer deslize político ou moral contra o imperador. Ele não era inimigo de nenhum deles, mas era um dos poucos que viera dos antigos oficiais e logo conquistou a confiança e o respeito de Dario, e posteriormente, de Ciro, o persa.
    A integridade e a lealdade de Daniel eram tão pungentes que eles não encontravam nada de que pudessem acusá-lo. Então tramaram alguma coisa que prejudicasse as relações de Daniel com o rei e com o reino. Mas o quê? Nada relacionado com dinheiro, ou com uso indevido de propriedades do reino, ou alguma desobediência às ordens do rei, nem mesmo qualquer tipo de vício (6.4).

II - DANIEL, UM HOMEM ÍNTEGRO QUE NÃO TRANSIGE COM SUA FÉ (Dn 6.10-16)

    Nenhuma trama política mudaria seu hábito devocional de oração. Daniel soube do decreto do rei, mas não mudou seus hábitos cotidianos. De manhã, abria as janelas do seu quarto, voltadas para Jerusalém, e orava a Deus e pedia pela restauração do seu povo à sua terra. Daniel desde jovem entendeu que sua vida dependia da sua relação com Deus.        A oração era o canal inteligente e racional pela qual ele seria guiado em suas decisões pessoais e políticas. A trama política visava neutralizar a voz de oração de Daniel. Em nossos dias, nossos políticos cristãos, comprometidos com o Senhor são desafiados a transigirem do conhecimento da Palavra de Deus para apoiarem decisões contraditórias que ferem frontalmente os princípios morais, éticos e religiosos da fé recebida em Cristo Jesus. Tão logo Daniel soube do edito real não mudou seu hábito de orar a Deus três vezes por dia. Ele não transigiria com sua fé, mesmo que lhe custasse a vida.
    Daniel preferiu morrer a fazer concessões em relação a sua fé no Deus no vivo e verdadeiro. Dario, por causa do seu amor à bajulação, tornou-se escravo das suas leis.            Assim acontece nos dias atuais, leis e mais leis são criadas, algumas delas injustas, para oprimir os mais pobres (Is. 10.1). Essas leis são humanas, resultantes da história, e das perspectivas modernas, podem ou não ter respaldo bíblico. O rei não podia contrariar suas próprias leis, por isso foi obrigado a colocar Daniel na cova com os leões. A arma de Daniel não foi material, ele não quis fazer uma revolução, antes se entregou à oração (Dn. 6.10,11). A oração precisa ser mais valorizada neste tempo de pragmatismo, em que as pessoas fazem mais do que oram. A ação é imprescindível, não devemos deixar de fazer o que nos compete, mas precisamos aprender a também depender de Deus. Daniel orava três vezes ao dia, talvez em consonância com o salmista (Sl. 55.17), seguindo uma disciplina espiritual. Em observância à palavra de Salomão, em I Rs. 8.46-49, se voltava constantemente em direção à Jerusalém, para buscar a presença do Senhor. Nem sempre a oração nos livra de problemas, às vezes serve para nos dar a força necessária para enfrentá-los. A fidelidade de Daniel foi reconhecida por Deus, Ele defende nossa causa perante os inimigos (Dn. 6.24). Como diz o próprio nome do profeta, Deus é nosso juiz, a maldade cairá sobre os inimigos (Dn. 6.24). A exaltação vem de Deus, é bem verdade que nem sempre ela acontece no plano terreno (Dn. 6.28). Mas aqueles que se humilham debaixo da potente mão de Deus são exaltados em tempo oportuno (Lc. 14.11). O próprio nome de Deus é glorificado quando mantemos nossa integridade (Dn. 6.26,27). A vida dos servos de Deus precisa ser um arauto, uma pregação não apenas por meio de palavras, mas, sobretudo, pelo testemunho de vida.

III - DANIEL, UM HOMEM ÍNTEGRO MESMO QUANDO LANÇADO NA COVA DOS LEÕES (Dn 6.16,17)

     Daniel não discutiu, nem questionou sua condenação com o rei. Sua convicção era de que o seu Deus o livraria se assim o quisesse. Ele não deixou de orar e de manter seu hábito devocional. Daniel foi denunciado, preso e lançado na cova dos leões. Sua integridade não o livrou da maldade e da inveja dos seus inimigos do palácio. Ele, entretanto, preferiu não confrontar seus inimigos gratuitos, porque suas orações o sustentavam em quaisquer situações. Ter o coração íntegro tinha linha direta com Deus, dando- lhe paz interior para enfrentar aquela situação. Como crentes em Cristo estaríamos dispostos a sacrificar nossa vida e até morrer pelo nome de Jesus? O próprio Jesus declarou que no final dos tempos os verdadeiros discípulos seriam odiados, atormentados e levados à morte.Teríamos novos “daniéis” em nossos tempos modernos?
      A proposta de uma lei escondia nas entrelinhas a maldade daqueles homens. A lei tinha que ser cumprida e o rei não poderia voltar atrás depois de assinada (v. 17). Dario, o rei, percebeu que havia caído na mesma armadilha que prepararam para Daniel. Viu-se forçado a cometer uma injustiça em nome do sistema da lei e da ordem. Percebeu que, os pretensos defensores da lei, ao seu redor, armaram uma situação para se cometer a pior injustiça contra um homem íntegro. Por isso, ele se empenhou até ao pôr do sol para evitar aquela injustiça contra Daniel.
    Daniel nos deixou o exemplo de que é possível permanecer íntegro mesmo quando somos ameaçados e vítimas de conspiração contra nós. Foi o que aconteceu com Daniel. Seus pares no reino de Dario conspiraram contra ele buscando ocasião para acusá-lo diante do rei. 
    Integridade é uma palavra que significa “inteireza, ser completo, ser inteiro”. Aprendemos que uma pessoa íntegra não é dividida, não age com duplicidade, não finge, não faz de conta. As pessoas íntegras não escondem nada porque são transparentes em seus comportamentos. Daniel nunca escondeu que orava a Deus e não faria isso escondido dos olhos dos outros. Sua fé em Deus jamais seria negada ou transigida por qualquer pressão política.

CONCLUSÃO 
  
    Confie atualmente, os inimigos dos servos de Deus também procuram, mediante articulações ardilosas, caluniar e mentir contra aqueles que servem ao Senhor fielmente e se destacam no cenário politico e eclesiástico. Estes lançam calunias a fim de denegrir a integridade daqueles que realizam seu trabalho com excelência.
      Que possamos seguir o exemplo de Daniel e venhamos parar de inventar desculpas esfarrapadas querendo assim colocar a culpa no sistema, no governo e entre outras mais desculpas, que Deus nos conserve em sua presença e que possamos ser autênticos cristãos em mundo corrompido e podre principalmente no meio politico. 

BIBLIOGRAFIA 

SILVA, S. P. da. Daniel: versículo por versículo. Rio de Janeiro: CPAD, 2013.
LOPES, H. D. Daniel. São Paulo: Hagnos, 2005.
CABRAL, E. Integridade Moral e Espiritual, Rio de Janeiro : CPAD, 2014.