quinta-feira, 13 de novembro de 2014

LIÇÃO 7 - INTEGRIDADE EM TEMPOS DE CRISE

INTRODUÇÃO


       O relato do capítulo 6 de Daniel é uma história que obedece a organização cronológica na cabeça do escritor, por isso, os fatos dessa história acontecem dentro do segundo império depois da Babilônia, de Nabucodonosor. Assume o reino o novo império, com dois aliados da Média e da Pérsia e passou identificado como o reino medo-persa, inicialmente, com Dario, o medo, de 522 a 486 a.C. Neste tempo, Daniel não era um jovem quando iniciou-se o governo do novo reino. Já haviam se passado, aproximadamente, 60 anos e Daniel estava com mais de 80 anos de idade e ainda gozava de prestígio e confiança no novo reino.
       Porém, a história do capítulo 6 é um testemunho pessoal de Daniel. É uma história que destaca o valor da integridade moral e espiritual em meio à corrupção que dominava o coração de alguns políticos do novo reino medo-persa. Daniel era um ancião respeitado, não só pela idade avançada, mas pela história de fidelidade aos demais monarcas, desde Nabucodonosor. Desde jovem, quando fora como exilado judeu para a Babilônia até o início do novo império (medo-persa) haviam se passado uns 60 anos. Durante todo esse tempo Daniel foi leal aos reis que passaram e nunca se descuidou de sua relação com o seu Deus.


I - DANIEL, UM HOMEM ÍNTEGRO EM UM MEIO POLÍTICO
DE CORRUPÇÃO (6.1-6)

    Depois da conquista medo-persa, Dario, era um tipo de vice-rei de Ciro, da Pérsia. Entretanto, foi Dario, um rei sobre o reino, especialmente, sobre os caldeus. O poder de mando era maior com Ciro, da Pérsia que era rei sobre todo o império, e vários textos bíblicos comprovam esse fato (Is 44.21—45.5; 2 Cr 36.22,23; Ed1.1-4). Independente da discussão sobre quem reinava, de fato, é o nome de Dario que aparece no início do capítulo 6.
     Mais de 60 anos já se haviam passado desde que Daniel e seus companheiros foram levados para o Palácio da Babilônia. Eram jovens que, naquela época, demonstraram integridade na sua crença no Deus Vivo e não se corromperam com as ofertas palacianas.        Agora, com 85 a 90 anos, aproximadamente, já era um ancião experimentado que tinha ganhado a confiança dos reis que passaram por aquele reino. Estava agora, no início do segundo Império, o medo-persa, sob o comando desses dois reis, Dario, o medo e Ciro, da Pérsia. Daniel, por alguma razão especial continuou a gozar da confiança do novo rei, especialmente, na Babilônia.
   Daniel foi desafiado pela política culturalista do império babilônico, a corrupção reinava naquele solo (Dn. 5). O rei Nabucodonosor era um tirano, que centralizava o poder, e mantinha as pessoas debaixo do seu jugo (Dn. 4). A política tende à centralização, os governantes querem se perpetuar no poder. A soberba é uma característica recorrente entre os políticos, principalmente àqueles que não reconhecem seu papel social. A mudança de governo, dos babilônicos para os medo-persas, não modificou o quadro de corrupção. Isso mostra que todos os governantes podem ser picados pela “mosca azul”. O poderio econômico também exerce influência sobre esses, que preferem satisfazer o mercado, que o elegeu ao invés de buscar satisfazer os necessitados. Determinadas críticas que são feitas entre os políticos soam como hipocrisia, alguns censuram seus opositores pela corrupção, sendo culpados das mesmas atitudes. A crise política pela qual Daniel passou não é muito diferente das que nos deparamos na sociedade. Temos a necessidade inclusive de uma reforma política no Brasil, o processo democrático, respeitando suas limitações, cumpre seu papel, mas precisa ser aprimorado. Os políticos que entram no governo, até mesmo os evangélicos, ficam acoados pelas amarras do sistema. De vez em quando são propagados casos de corrupção, inclusive entre aqueles que se dizem evangélicos. Mas nem tudo está perdido, existem aqueles que tal como Daniel não se misturam, permanecem íntegros mesmo quando são perseguidos (Dn. 6.4-5). Na política dos homens também existem os desafetos, que buscam oportunidade para condenaram os que servem a Deus. Esses são os bajuladores do governo, que querem tirar vantagem, perseguindo os que são fieis a Deus (Dn. 5.6-9). A vida de Daniel é uma demonstração de integridade, mesmo quando proibido de orar, buscou seu quarto e se voltou para a presença de Deus (Dn. 6.10).

Daniel se torna alvo de uma trama política (Dn 6.4,5)

    Dario, distinguiu três  presidentes para tratarem dos negócios do reino com autoridade sobre os demais. Daniel, um dos três presidentes, se destacou entre todos pela sabedoria, prudência, fidelidade e integridade. O rei chegou a pensar em estabelecer Daniel como líder sobre todo o reino (v. 3). Essa possibilidade encheu de inveja e ciúme os demais presidentes, os quais não queriam a Daniel com tão importante posição uma vez que isso o faria superior a todos os demais e seria o representante mais próximo do Rei Dario. 
     Aqueles homens não tinham outros motivos para afastá-lo dessa posição de destaque. 
    Eles não tinham do que acusar a Daniel por qualquer deslize político ou moral contra o imperador. Ele não era inimigo de nenhum deles, mas era um dos poucos que viera dos antigos oficiais e logo conquistou a confiança e o respeito de Dario, e posteriormente, de Ciro, o persa.
    A integridade e a lealdade de Daniel eram tão pungentes que eles não encontravam nada de que pudessem acusá-lo. Então tramaram alguma coisa que prejudicasse as relações de Daniel com o rei e com o reino. Mas o quê? Nada relacionado com dinheiro, ou com uso indevido de propriedades do reino, ou alguma desobediência às ordens do rei, nem mesmo qualquer tipo de vício (6.4).

II - DANIEL, UM HOMEM ÍNTEGRO QUE NÃO TRANSIGE COM SUA FÉ (Dn 6.10-16)

    Nenhuma trama política mudaria seu hábito devocional de oração. Daniel soube do decreto do rei, mas não mudou seus hábitos cotidianos. De manhã, abria as janelas do seu quarto, voltadas para Jerusalém, e orava a Deus e pedia pela restauração do seu povo à sua terra. Daniel desde jovem entendeu que sua vida dependia da sua relação com Deus.        A oração era o canal inteligente e racional pela qual ele seria guiado em suas decisões pessoais e políticas. A trama política visava neutralizar a voz de oração de Daniel. Em nossos dias, nossos políticos cristãos, comprometidos com o Senhor são desafiados a transigirem do conhecimento da Palavra de Deus para apoiarem decisões contraditórias que ferem frontalmente os princípios morais, éticos e religiosos da fé recebida em Cristo Jesus. Tão logo Daniel soube do edito real não mudou seu hábito de orar a Deus três vezes por dia. Ele não transigiria com sua fé, mesmo que lhe custasse a vida.
    Daniel preferiu morrer a fazer concessões em relação a sua fé no Deus no vivo e verdadeiro. Dario, por causa do seu amor à bajulação, tornou-se escravo das suas leis.            Assim acontece nos dias atuais, leis e mais leis são criadas, algumas delas injustas, para oprimir os mais pobres (Is. 10.1). Essas leis são humanas, resultantes da história, e das perspectivas modernas, podem ou não ter respaldo bíblico. O rei não podia contrariar suas próprias leis, por isso foi obrigado a colocar Daniel na cova com os leões. A arma de Daniel não foi material, ele não quis fazer uma revolução, antes se entregou à oração (Dn. 6.10,11). A oração precisa ser mais valorizada neste tempo de pragmatismo, em que as pessoas fazem mais do que oram. A ação é imprescindível, não devemos deixar de fazer o que nos compete, mas precisamos aprender a também depender de Deus. Daniel orava três vezes ao dia, talvez em consonância com o salmista (Sl. 55.17), seguindo uma disciplina espiritual. Em observância à palavra de Salomão, em I Rs. 8.46-49, se voltava constantemente em direção à Jerusalém, para buscar a presença do Senhor. Nem sempre a oração nos livra de problemas, às vezes serve para nos dar a força necessária para enfrentá-los. A fidelidade de Daniel foi reconhecida por Deus, Ele defende nossa causa perante os inimigos (Dn. 6.24). Como diz o próprio nome do profeta, Deus é nosso juiz, a maldade cairá sobre os inimigos (Dn. 6.24). A exaltação vem de Deus, é bem verdade que nem sempre ela acontece no plano terreno (Dn. 6.28). Mas aqueles que se humilham debaixo da potente mão de Deus são exaltados em tempo oportuno (Lc. 14.11). O próprio nome de Deus é glorificado quando mantemos nossa integridade (Dn. 6.26,27). A vida dos servos de Deus precisa ser um arauto, uma pregação não apenas por meio de palavras, mas, sobretudo, pelo testemunho de vida.

III - DANIEL, UM HOMEM ÍNTEGRO MESMO QUANDO LANÇADO NA COVA DOS LEÕES (Dn 6.16,17)

     Daniel não discutiu, nem questionou sua condenação com o rei. Sua convicção era de que o seu Deus o livraria se assim o quisesse. Ele não deixou de orar e de manter seu hábito devocional. Daniel foi denunciado, preso e lançado na cova dos leões. Sua integridade não o livrou da maldade e da inveja dos seus inimigos do palácio. Ele, entretanto, preferiu não confrontar seus inimigos gratuitos, porque suas orações o sustentavam em quaisquer situações. Ter o coração íntegro tinha linha direta com Deus, dando- lhe paz interior para enfrentar aquela situação. Como crentes em Cristo estaríamos dispostos a sacrificar nossa vida e até morrer pelo nome de Jesus? O próprio Jesus declarou que no final dos tempos os verdadeiros discípulos seriam odiados, atormentados e levados à morte.Teríamos novos “daniéis” em nossos tempos modernos?
      A proposta de uma lei escondia nas entrelinhas a maldade daqueles homens. A lei tinha que ser cumprida e o rei não poderia voltar atrás depois de assinada (v. 17). Dario, o rei, percebeu que havia caído na mesma armadilha que prepararam para Daniel. Viu-se forçado a cometer uma injustiça em nome do sistema da lei e da ordem. Percebeu que, os pretensos defensores da lei, ao seu redor, armaram uma situação para se cometer a pior injustiça contra um homem íntegro. Por isso, ele se empenhou até ao pôr do sol para evitar aquela injustiça contra Daniel.
    Daniel nos deixou o exemplo de que é possível permanecer íntegro mesmo quando somos ameaçados e vítimas de conspiração contra nós. Foi o que aconteceu com Daniel. Seus pares no reino de Dario conspiraram contra ele buscando ocasião para acusá-lo diante do rei. 
    Integridade é uma palavra que significa “inteireza, ser completo, ser inteiro”. Aprendemos que uma pessoa íntegra não é dividida, não age com duplicidade, não finge, não faz de conta. As pessoas íntegras não escondem nada porque são transparentes em seus comportamentos. Daniel nunca escondeu que orava a Deus e não faria isso escondido dos olhos dos outros. Sua fé em Deus jamais seria negada ou transigida por qualquer pressão política.

CONCLUSÃO 
  
    Confie atualmente, os inimigos dos servos de Deus também procuram, mediante articulações ardilosas, caluniar e mentir contra aqueles que servem ao Senhor fielmente e se destacam no cenário politico e eclesiástico. Estes lançam calunias a fim de denegrir a integridade daqueles que realizam seu trabalho com excelência.
      Que possamos seguir o exemplo de Daniel e venhamos parar de inventar desculpas esfarrapadas querendo assim colocar a culpa no sistema, no governo e entre outras mais desculpas, que Deus nos conserve em sua presença e que possamos ser autênticos cristãos em mundo corrompido e podre principalmente no meio politico. 

BIBLIOGRAFIA 

SILVA, S. P. da. Daniel: versículo por versículo. Rio de Janeiro: CPAD, 2013.
LOPES, H. D. Daniel. São Paulo: Hagnos, 2005.
CABRAL, E. Integridade Moral e Espiritual, Rio de Janeiro : CPAD, 2014.

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