quarta-feira, 25 de fevereiro de 2015

LIÇÃO 9 - NÃO ADULTERARÁS



INTRODUÇÃO
O sétimo mandamento continua atual porque o mundo está às avessas, dizendo "não" a tudo aquilo que Deus diz "sim” na sua Palavra, e "sim" a tudo o que a Bíblia diz "não". O resultado é o caos na família e na sociedade.
Nesta aula estudaremos o sétimo mandamento, que trata a respeito do adultério. Esse é um assunto bastante apropriado, principalmente nos dias atuais, nos quais a sociedade decidiu endeusar o sexo. Inicialmente identificaremos as implicações de uma sociedade sexualizada, em seguida, mostraremos que o adultério continua sendo pecado, e ao final, daremos orientações cristãs que conduzam ao arrependimento, e a uma vida de santidade na vida sexual.

1. SOCIEDADE SEXUALIZADA
Embora a palavra sexo não seja mencionada na Bíblia, o tema ocupa um espaço muito amplo nessa coleção de documentos, e tudo o que há de bom e de ruim relacionado a isso é descrito de forma explícita. Os hebreus não eram um povo puritano. Na verdade, eram um povo do vinho, das mulheres e da canção. Confinar o sexo dentro do casamento exigia a instituição do concubinato, que, de modo geral, tinha regras muito frouxas, portanto o ideal (da Criação) de um homem para uma mulher na prática quase nunca teve efeito. Apenas as mulheres estavam limitadas a um único homem. O ideal original de Gn. 1.26-28 era que houvesse uma união entre um homem e uma mulher e que essa união tivesse o propósito da procriação, pois era obrigação deles “frutificar e multiplicar”. JESUS aprovou o plano original como sendo parte do esforço contra o abuso (Mt. 19.4.8).
A virgindade antes do casamento era fator crucial para mulheres no Antigo Testamento, mas aparentemente não era respeitada para homens. Isso ajudava a evitar a confusão das linhagens familiares e, em sua essência, servia aos mesmos propósitos das leis contra o adultério.
Deus criou o ser humano para o sexo, negar essa dádiva divina não é bíblico. Na verdade, antes mesmo da Queda, o Senhor orientou Adão e Eva para que “fossem fecundos” (Gn. 1.28). O livro bíblico de Cantares, geralmente alegorizado, reporta a beleza do sexo no casamento (Ct. 1.2-16). O ato sexual, no contexto geral das Escrituras, deve existir dentro do casamento (Pv. 5.15-19). Para o escritor da Epístola aos Hebreus, o matrimônio e o leito sem mácula devem ser considerados (Hb. 13.4). No casamento, o sexo é devido aos cônjuges, de modo que o marido e a mulher devem se entregar um ao outro, também evitando que o outro venha a pecar (I Co. 7.3).  Isso deve ser levando em conta porque o sexo é uma necessidade, e se realizado dentro do casamento é uma benção de Deus. Contudo, por causa da natureza pecaminosa, o ser humano tem uma propensão para desvirtuar os projetos de Deus. Assim, o sexo, que deveria ser para o prazer, e também procriação, acabou fugindo do seu objetivo. Por isso, Na Antiga Aliança, Deus proibiu o adultério, sendo este punido com a morte (Lv. 20.10). A intenção desse mandamento é proteger a família, evitando que os cônjuges se entregam à devassidão, comprometendo a felicidade no lar. A cultura da sexualidade, que se propaga na sociedade moderna, está destruindo muitos casamentos. A mídia explorada demasiadamente a sexualidade, transformando-a não em Eros, como destacou C. S. Lewis, mas em Vênus. A ênfase exagerada que é posta no sexo, o transformou em algo irresponsável, objetivando apenas o prazer. A psicologia materialista moderna nivelou os seres humanos a simples animais, que não buscam outro interesse na vida a não ser o prazer sexual..

2.  O PECADO DO ADULTÉRIO

Por causa da ênfase no sexo como um fim em se mesmo, o adultério está se alastrando na sociedade. O número de casamentos desfeitos por causa desse pecado tem aumentado consideravelmente. Nesses últimos tempos, com o advento das mídias sociais, a adultério está sendo semeado através da internet. Os recursos das redes sociais, caso sejam usados indevidamente, sem as devidas precauções conjugais, podem contribuir para o adultério. O acesso à pornografia também tem causado estragos em vários relacionamentos conjugais. Há cônjuges que estão viciados nessa prática, e por causa dela estão idealizando o ato sexual. A pornografia é perigosa porque vicia, e ao invés de levar a pessoa a querer sempre mais, como acontece com os outros tipos de vícios, faz com que queiram cada vez mais o diferente. Por causa disso, pessoas que se iniciaram na pornografia, vendo imagens que consideravam simples, findaram em experiências horrendas. É perigoso se deixar levar pela luxúria, por causa dela muitos perderam não apenas a vida, mas também a alma (Pv. 6.25,26). Há homens e mulheres que estão brincando com fogo, achando que uma aventura não fará mal ao casamento (Pv. 6.27). Muitos que decidiram apenas “se divertir por um pouco” acabaram em desgraça e vergonha (Pv. 6.33,33). Até mesmo o rei Davi, por deixar de vigiar nessa área, pecou contra o Senhor (II Sm. 11.2). Os homens devem ter cuidado com os olhos, pois é possível que através deles venha o adultério (II Pe. 2.14). Como Jó, devem fazer um concerto com eles, para não coloca-los em mulheres que possam desvirtuá-los da fé (Jó. 31.1). O investimento na sexualidade sadia, dentro do casamento, previne o pecado do adultério (Pv. 5.15-20). Não devemos esquecer que o casamento é um mistério, homem e mulher se tornam uma só carne no ato conjugal (Ef. 5.31,32). Aqueles que entregam seu corpo a outro, que não seja o seu cônjuge, estão profanando o templo do Senhor (I Co. 6.13,15).
O termo adultério é empregado nas Escrituras para designar relação sexual, com consentimento mútuo, entre um homem, casado ou solteiro, e a esposa de outro homem. Semelhantemente, o termo é usado para descrever o relação sexual, com consentimento mútuo, entre uma mulher casada e um homem que não seja seu marido.
O termo  usado no NT para descrever o conceito expresso pelo termo nã’aph, ou “adultério” no AT. No antigo Israel, o significado primário do termo era o ato físico de infidelidade conjugal. Entretanto, gradualmente o termo foi empregado para designar adoração idólatra e falta de fidelidade para com DEUS. O significado do ato e as conotações do termo parece ter-se aprofundado e ampliado com o tempo.
No antigo Israel, o adultério era expressamente proibido (Ex 20.14; Dt 5.18) e era punível com a morte (Lv 18.20; 20.20; Dt 22.22-24). Em poucas nações, tais como a França, a legislação, mesmo no século 20, prescreve que o adultério seja considerado crime. Em 1955, o Instituto Americano de Leis decidiu não incluir a infidelidade conjugal em seu modelo de código penal.
Nos primórdios da história de Israel, o ato físico do adultério era severamente condenado. A morte, aparentemente por apedrejamento, era a punição prescrita, tanto para homens como para mulheres apanhados em adultério. A pena de morte era aplicada no caso de adultério cometido não somente pelas mulheres casadas, mas também as que fossem noivas ou comprometidas (Lv 20.10; Dt 22.22-25).
A legislação judaica requeria que o adultério fosse claramente comprovado (Jo 8.4 e a Mishna Sota I, 4; V, 1 e VI, 1 e 25). Se uma esposa fosse acusada de adultério, tinha de provar sua inocência, mediante o ritual da “água amarga” (Nm 5.11-30 e Mishna Sota I, 4 e VI, 25). Esse ritual não era prescrito para todas as mulheres acusadas de adultério em Israel, mas somente para as israelitas legítimas. No ritual, a mulher tinha de beber uma porção inócua de água purificada, misturada com o pó do chão do Templo (ou tabernáculo) e com a tinta usada para escrever o juramento recitado pela mulher durante o ritual. Se a acusada fosse inocente, supostamente a ingestão da poção não lhe causaria nenhum dano. Este processo era realizado diante do Sinédrio (Sotah I, 4); exigia-se a presença de duas testemunhas do suposto ato de adultério, antes da mulher ser convocada. Se a mulher fosse considerada culpada com base em provas circunstanciais, o marido era compelido a se divorciar e a acusada perdia todos os direitos provenientes do casamento. Além do mais, a adúltera não tinha permissão de casar com o amante {Sotah, V, 1). Originalmente, esse tipo de julgamento era destinado a mulheres culpadas, mas aos poucos foi sendo abolido devido ao relaxamento moral entre a população masculina de Israel. Por volta do ano 30 d. C., a pena de morte por adultério caiu em Israel, juntamente com outras formas de pena capital.
Além disso, o primeiro significado do termo adultério foi usado no AT para descrever o culto idólatra e apostasia da religião (Is 57.3; Jr 3.8,9; Ez 23.43). Oséias descreveu Israel como a mulher adúltera de Yahweh, devido à sua apostasia religiosa (Os 2.2).
No NT, CRISTO enfatizou o ensino de que o pensamento pecaminoso ou adúltero era equivalente ao ato do adultério. Alguns acreditam que esses ensinos, e outros similares, mostravam que ele concordava com a interpretação mais estrita da lei, corrente em seus dias (Mt 5.17). CRISTO também ensinou que, sob certas circunstâncias, o casamento dissolvido pelo divórcio culminava em adultério (5.27-32). O adultério é mencionado no NT como um dentre vários pecados, que, na falta de arrependimento, excluiriam o indivíduo do Reino de DEUS (I Co 6.9; G1 5.19-21). O adultério foi proibido por CRISTO (Mt 19.3-12; Jo 8.4) e pela Igreja Primitiva. Advertências severas eram feitas aos ofensores, para que tais práticas não se repetissem (I Co 5.6). Além disso, o adultério espiritual, ou a conformação do cristão com o sistema do mundo, ou de religiões não cristãs, é claramente proibido no NT (Tg 4.4; Ap 2.20-23).
Tanto no Antigo, como no Novo Testamento, o adultério é expressamente proibido, no sentido físico e espiritual.

3. NÃO ADULTERARÁS

O adultério está se tornando cada vez mais natural, em alguns contextos pós-modernos chega a ser motivado, como demonstração de uma suporta liberdade sexual. Antigamente a prática do adultério era criminalizada pelo código jurídico brasileiro. Para Jesus o adultério continua sendo pecado, ele ampliou seu alcance ao explicar que se alguém cobiçar uma mulher em seu coração cometeu adultério com ela (Mt. 5.27,28). Na medida em que deixam de atentar para as palavras do Senhor, as pessoas acabam se acostumando com a infidelidade conjugal. Existem até aquelas que justificam seu pecado, argumentando que “a carne é fraca”. É bíblico que a carne é fraca (Mt. 26.41), mas também que é preciso andar no Espírito (Gl. 5.16). Quanto mais investimos no Espírito, menos propensos nos tornamos ao controle da carne. Aqueles que estão envolvidos nesse tipo de pecado precisam se arrepender e buscar o perdão. Como Davi, devem reconhecer que estão distanciados de Deus e que pecaram contra o Senhor (II Sm. 12.13). A confissão do pecado de Davi se encontra no Sl. 51, nesse texto bíblico o monarca abre seu coração, e clama pelo perdão e misericórdia divina. A igreja de Corinto se encontrava em uma sociedade não muito deferente da que nos encontramos atualmente. Por causa disso, estava vulnerável à carnalidade. Paulo reconheceu que entre eles haviam muitos que vinham de experiências sexuais pecaminosas. Mas essas pessoas, depois que se arrependeram, e se voltaram para o Senhor, foram justificadas no nome do Senhor Jesus (I Co. 6.11).

CONCLUSÃO

Há esperança para aqueles que se entregaram ao pecado do adultério, certa mulher foi flagrada nesse tipo de transgressão. Os acusadores quiseram apedrejá-la, mas Jesus interviu em seu favor, perdoando os seus pecados. As palavras do Senhor, para aquela mulher adúltera, se aplicam àqueles que se arrependem: “nem eu tampouco de condeno, vá e não peques mais” (Jo. 8.10,11). Portanto, para alcançar a misericórdia do Senhor é preciso confessar o pecado e abandoná-lo (Pv. 28.13).

BIBLIOGRAFIA

RYKEN, P. G. Os dez mandamentos para os dias de hoje. Rio de Janeiro: CPAD, 2014.
CHAMPLIN, Russell Norman, Enciclopédia de Bíblia Teologia e Filosofia. Hagnos
ESEQUIAS, Soares. Os Dez Mandamentos. Valores Divinos para uma Sociedade em Constante MudançaEditora CPAD

terça-feira, 17 de fevereiro de 2015

LIÇÃO 8 - NÃO MATARÁS




INTRODUÇÃO

O homicídio é o maior crime que um ser humano pode cometer. A proibição do assassinato, apesar de constar dos códigos de leis anteriores ao sistema mosaico, contudo, já havia sido estabelecida pelo próprio Criador desde o limiar da raça humana: "Quem derramar o sangue do homem, pelo homem o seu sangue será derramado; porque Deus fez o homem conforme a sua imagem" (Gn 9.6). É contra Deus que o assassino está desferindo seu golpe ao tirar a vida de alguém.


1. NÃO MATARÁS

Esse mandamento é um dos mais curtos, a expressão hebraica é lo ratzach, ou simplesmente: “não mate”. O verbo hebraico ratzach tem a especificidade de se referir “ao assassinato de um ser humano”. Nada tem a ver com a pena de morte no sistema jurídico, ou em um confronto de guerra, ou até mesmo à morte de um animal. Essa expressão, em Ex. 20.13, se refere ao homicídio culposo, no qual há intenção de matar. Os casos de mortes acidentais eram previstos no sistema mosaico, que preservava a vida daquele que as ocasionasse (Dt. 4.42). Isso porque no sistema jurídico de Israel a pena capital era permitida, além da morte resultante em confrontos bélicos. Essa possibilidade é concebida também no Novo Testamento, o apóstolo Paulo não recomenda, mas atesta que o governo “não traz debalde a espada” (...) e que esse “é ministro de Deus e vingador para castigar o que faz o mal” (Rm. 13.4). De acordo com esse texto, não compete a qualquer pessoa realizar a vingança (Rm. 12.19), mas o governo pode ter a responsabilidade de julgar, dependendo das leis do país, com a pena capital. Mesmo com essa possibilidade, os cristãos costumam adotar um posicionamento favorável à vida, dando ao transgressor a oportunidade para o arrependimento. Além disso, faz-se necessário reconhecer que o Estado também é falho, e pode incorrer no risco de julgar indevidamente as pessoas. Em um contexto de corrupção, é possível que os condenados à morte sejam justamente aqueles que se encontram em posição de vulnerabilidade. O evangelho de Jesus Cristo garante ao pecador a possibilidade de arrependimento, e esse deve ser o posicionamento da igreja (At. 3.19).

2.  A VIDA É UMA DÁDIVA

O sexto mandamento ressalta a dignidade da vida humana, infelizmente essa geração tem sido marcada pela cultura da morte. A morte está se alastrando por todos os lados, e as vidas das pessoas estão sendo coisificadas. A morte do ser humano está sendo banalizada, as produções cinematográficas e os programas de TV atestam essa realidade. Os atentados à vida também são comuns, empreitadas terroristas que assustam as pessoas, chacinas de menores nas ruas e nas escolas. A cultura da violência está se propagando de tal modo que estamos deixando de nos escandalizar com os assassinatos. Cada ser humano que morre é contado com números frios, sem atentar para a dignidade da vida nas Escrituras (Gn. 4.8; Lv. 24.21; , e que nos é reafirmada nas palavras de Jesus (Jo. 10.10). Atentados contra a vida podem ser constatados também nas práticas do aborto e da eutanásia (Jó. 12.10). Comumente os evangélicos são rotulados de conservadores, em virtude do seu posicionamento contra essas práticas. Na verdade, os cristãos se posicionam em favor da vida, ao defenderem que o feto é vida (Sl. 139.13-16; Jr. 1.5), e que a vida das pessoas não são descartadas, quando essas adoecem (Sl. 139.13-16), ou estão nos dias da velhice (Sl. 92.14). A igreja deve manter seu posicionamento firme em relação a esses assuntos, mas também dar o exemplo através de práticas sociais que auxiliem pessoas marginalizadas, ou que se tornaram vítimas de um sistema que descarta a vida humana. Como o samaritano da parábola de Jesus, devemos ajudar os mais necessitados, aqueles que são desconsiderados pela sociedade utilitarista (Lc. 10.31-37).


 3. GUERRA

A guerra é "o recurso das nações para tratar de resolver diferenças pela força das armas. As guerras sempre são produtos da pecaminosidade humana, seja por instigação imediata ou causa indireta" (TAYLOR, 1995, p. 318). A guerra é algo indescritível. Não existe desastre humanitário maior do que a guerra, pois envolve destruição de vidas humanas, culpados e inocentes, homens e mulheres de todas as idades, propriedades rurais e urbanas, cidades e nações. Os horrores são indescritíveis. O Senhor Jesus predisse guerras e rumores de guerra (Mt 24.4-8). As nações vivem a expectativa de um holocausto nuclear.
Os antigos encaravam a guerra como algo sagrado. Era usual oferecer sacrifícios antes da partida das tropas militares para a batalha a fim de invocar às divindades proteção e vitória (1 Sm 13.8- 12; Is 13.3; Jr 51.27; Sf 1.7). A lei prescreve normas para a guerra no capítulo 20 de Deuteronômio. Mas a legitimidade da guerra depende de sua motivação. Deus permitiu e até ordenou a guerra por diversas vezes no período do Antigo Testamento (Jz 20.27,28;
1 Sm 14.37;23.2-4; 1 Rs 22.6-12). Mas hoje existem grupos ativistas que são favoráveis a ela; grupos pacifistas que são contrários, e os seletivistas, que são favoráveis em caso de guerra justa.
A guerra é em si mesma incompatível com o espírito do cristianismo. É verdade que estamos na dispensação da graça e que o cristianismo é pacifista (Mt 5.9). No entanto, até que todos se convertam ao evangelho, é necessária a manutenção da ordem pública e da segurança nacional. As forças armadas e as polícias civil e militar ou qualquer corporação afim não são figuras decorativas. Essas instituições existem para manter a ordem pública e defender o país de agressões externas.

4. CUIDADO

Não é difícil transgredir o sexto mandamento, isso se atentarmos para o conceito bíblico mais amplo de assassinato. Muitas pessoas estão matando a fé uma das outras através de atitudes escandalosas. Além disso, a agressão não se dá apenas pelos meios físicos, mas também pelo verbal (Mt. 5.21,22). A ofensa é uma forma de manifestar esse mandamento, na medida em que denigre a imagem da pessoa humana. Deus abomina o cerne do assassinato, onde esse se origina, no ódio alimentado, e no desejo de vingança. Há pessoas que não matam fisicamente, mas desejam que seus inimigos morram. Por esse motivo João adverte que “todo aquele que odeia a seu irmão é assassino” (I Jo. 3.15). O coração de algumas pessoas está repleto de ódio, por isso utilizam a língua para disseminar a maldade, e destruir a vida das pessoas (Mt. 12.34). O autor dos Provérbios destacou que existem pessoas cujas palavras são como pontas de espada (Pv. 12.18). Há pessoas que agridem os outros verbalmente, e não se ressentem de suas palavras, isso também é assassinato. As palavras têm o poder de matar, existem muitas pessoas nas igrejas adoecidas por causa de uma agressão verbal. Lembramos que um dos motivos do assassinato pode ser a inveja, por causa dela Caim matou seu irmão Abel (Gn. 4.8). Esse sentimento tóxico tem causado muitos males à sociedade, inclusive às igrejas, pessoas adoecidas que querem se colocar acima das outras. Por causa da inveja muitos estão sendo assassinatos diariamente, fisicamente, emocionalmente e espiritualmente. 

CONCLUSÃO

Em meio à cultura da morte, a igreja da responsabilidade de levar adiante a mensagem da vida. Não podemos esquecer que Jesus é a Vida (Jo. 11.25; 14.6). E porque estamos a serviço do Autor da Vida, devemos investir na vida, se opondo à cultura da morte. Para tanto, precisamos pregar, usando as palavras e atitudes que façam a diferença na sociedade. A vida de Cristo deve contagiar as pessoas, devemos ser canais de vida, em um mundo no qual cada vez mais se propaga a morte.

BIBLIOGRAFIA

RYKEN, P. G. Os dez mandamentos para os dias de hoje. Rio de Janeiro: CPAD, 2014.
CHAMPLIN, Russell Norman, Enciclopédia de Bíblia Teologia e Filosofia. Hagnos
ESEQUIAS, Soares. Os Dez Mandamentos. Valores Divinos para uma Sociedade em Constante MudançaEditora CPAD

quarta-feira, 11 de fevereiro de 2015

LIÇÃO 7 - HONRARÁS PAI E MÃE






INTRODUÇÃO

O mandamento "Honra a teu pai e a tua mãe" (Êx 20.12) se referia originalmente aos pais numa estrutura familiar, mas com o desenvolvimento da revelação se torna claro que se refere também aos pais espirituais e às autoridades constituídas. O preceito instrui no tocante ao nosso relacionamento com os superiores segundo idade, hierarquia social e espiritual, e conhecimento. O mundo está hoje às avessas, e o quinto mandamento nunca foi tão necessário quanto é agora no século 21.

1. HONRAR PAI E MÃE

O verbo honrar, em hebraico, é kaved, e se encontra no modo imperativo, cujo significado é “levar em consideração”. Essa palavra hebraica, literalmente, significa “pesado” ou “que pesa”, com o sentido de “demonstrar peso”. Esse termo é usado inclusive para ressaltar a glória de Deus, dando o devido “peso” à Sua condição. Esse mandamento é de capital importância, haja vista esse ser o primeiro mandamento da segunda tábua da torah (Ex. 31.18). Em se tratando dos mandamentos sociais, a honra aos pais tem proeminência. Isso também mostra o valor dado por Deus à família, o relacionamento saudável entre seus membros é fundamental. Agostinho de Hipona perguntou certa feita: “Se alguém não honrar os pais, haverá alguém que ele poupará?” Ao que tudo indica, parece que não, tendo em vista que a forma como nos relacionamos com os outros se sustenta na maneira como tratamos os membros da família. No Antigo Testamento a honra aos pais é posta na mais elevada posição, por isso, está escrito que “Quando um homem amaldiçoar a seu pai ou a sua mãe, certamente morrerá: amaldiçoou a seu pai ou a sua mãe; o seu sangue é sobre ele” (Lv. 20.9). A penalidade para a desonra aos pais era a morte, o filho rebelde deveria ser levado aos anciãos da cidade, ser apedrejado (Dt. 21.18-21). O livro de Provérbios, carregado de sabedoria judaica, apresenta orientações práticas a fim de que os filhos atentem para esse importante mandamento (Pv. 1.8; 3.1,2; 6.20; 23.22).
HONRA - A honra é o alto respeito ou estima mostrada a uma outra pessoa ou recebida dela, ou ainda uma demonstração de tal respeito. O conceito é expresso figurativamente no AT por palavras que também são traduzidas como beleza, majestade, talento, preciosidade, valor e glória. Os paralelos são significativos: glória e honra (1 Cr 16.27; SI 8.5); glória e majestade (SI 21.5; 96.6; 104.1); honra e distinção (Et 6.3); dádivas, prêmios e grandes honras (Dn 2.6); riquezas e glória (1 Rs 3.13). Dessa forma, o conceito insere-se na adoração (q.v.), que é o reconhecimento do valor.
O próprio Deus merece toda a honra: o reconhecimento daquilo que Ele é, e a atribuição do louvor que lhe é devido. Deus também pode fazer com que os homens sejam reconhecidos pelos outros: "Deus deu riquezas, fazenda e honra" (Ec 6.2). Ele ordenou que fosse mostrado respeito aos pais (Êx 20.12) e aos mais velhos (Lv 19.32). Uma esposa virtuosa merece a estima de seu marido (Pv 31.25; 11.16; 1 Pe 3.7). Aqueles que honram a Deus serão por sua vez honrados (1 Sm 2.30). O homem que persegue a justiça e a lealdade da aliança encontrará a honra (Pv 21.21).
Uma sugestão para o motivo pelo qual Deus restaura a honra aos homens de modo redentor é dada no Salmo 8.5: Deus fez o homem um pouco menor do que os anjos. O homem mais representativo, o Senhor Jesus, coroado com glória e honra por seu sofrimento de morte, traz a redenção e a glória final para os seus redimidos (veja Hb 2.5-10). A honra, como um subproduto da sabedoria e da piedade, é associada à vida no sentido de que só poderia encontrar seu cumprimento em uma imortalidade abençoada (Pv 3.16; 8.18; 21.21; 22.4; cf. Rm 2.7,10). No NT grego, palavras significando valor e glória são traduzidos como honra. Os valores éticos estão em perspectiva. A honra descreve de forma majestosa a aprovação e a estima mútua entre o Pai e o Filho (2 Pe 1.17; Hb 2.9; Jo 8.49,54). A honra em glória redentora é concedida por Deus aos homens (Rm 2.10; 1 Pe 1.7; Jo 12.26). Os homens e os anjos dão glória e honra a Deus (1 Tm 1.17; Ap 4.9; 19.1) e a Cristo (Jo 5.23; Ap 5.12ss.). Os homens devem buscar a honra ou a aprovação que vem de Deus ao invés da aprovação dos homens (Jo 12.43). Entretanto, não devemos negar a honra que é devida aos outros (Rm 12.10): aos pais (Mt 15.4), às viúvas (1 Tm 5.3), aos mestres (1 Tm 6.1), e ao rei (1 Pe 2.17). O casamento, também, deve ser honrado por todos (Hb 13.4). 

2.  UM MANDAMENTO COM PROMESSA

Estamos inseridos em uma sociedade contestadora, nossos filhos estão sendo ensinados pela mídia, e até mesmo nas escolas, a não obedecerem aos seus pais. Em oposição a essa filosofia pós-moderna, a Palavra de Deus nos instrui à obediência, a considerar aquilo que os pais dizem. Muitos filhos estão pagando alto preço por causa da desatenção que deram às palavras dos seus pais. Se muitos que se encontram nos presídios atualmente tivessem ouvindo os conselhos paternos, certamente não estariam atrás das grades. A obediência a esse mandamento está atrelada a uma promessa, a de uma vida longa (Ex. 20.12). O apóstolo Paulo lembra que esse é o primeiro mandamento com promessa (Ef. 6.2) e reforça que “isto é agradável ao Senhor” (Cl. 3.20). Essa mensagem deve ser reafirmada nos dias atuais, os filhos precisam saber que poderão colher frutos amargos se decidirem contrariar a orientação de seus pais. Há aqueles que consideram seus pais ultrapassados, e querem ter um estilo de vida diferenciado, comprometendo a integridade da vida na desobediência. Os pais, principalmente aqueles que se fundamentam na Palavra de Deus, têm condições de nortear as decisões dos filhos. A experiência também não pode ser descartada, é preciso ouvir os mais velhos, coadunando-se às instruções do Senhor (Lv. 19.32). Os pais também não podem fugir da responsabilidade de dar as instruções necessárias aos seus filhos (Pv. 22.6). Existem pais que estão relaxando no ensinamento da Palavra aos seus filhos, deixando de cria-los “na doutrina e admoestação do Senhor” (Ef. 3.21; 6.4).

3. A APLICABILIDADE DO MANDAMENTO

MÃE
Ver o artigo geral sobre a Família. A palavra hebraica correspondente é ’em; e no grego é meter. Naturalmente, tanto no Antigo quanto no Novo Testamentos, «mãe» é uma palavra muito comum. Aparece cerca de duzentas e dez vezes no Antigo Testamento e oitenta e duas vezes no Novo Testamento (começando em Mat. 1:18 e terminando em Apo. 17:5).
Apesar de ser bem sabido que as mulheres, em geral, não ocupavam posição muito proeminente na antiga cultura dos hebreus, pode-se dizer que a mãe, entre eles, era mais honrada do que sucedia entre outras culturas da mesma época. Nos casos de casamentos polígamos, a mãe de um filho era sempre a sua verdadeira mãe; e as demais mulheres do complexo não eram chamadas assim por aquele filho. Ver Gên. 43:29. É verdade que uma madrasta podia ser chamada de «mãe» (ver Gên. 37:10). Porém, uma madrasta geralmente era distinguida da verdadeira mãe, ao ser chamada de «mulher» do pai. Entretanto, a palavra «mãe», como também as palavras «pai», «filho», etc., eram usadas em um sentido muito amplo entre os hebreus, podendo indicar qualquer antepassado do sexo feminino (ver Gên. 3:20 e I Reis 15:10).
PAI, Significado
A palavra grega, pater, está relacionada à raiz que significa «nutridor» ou «protetor». Porém, no uso comum, havia muitas aplicações do vocábulo, como ao pai de uma pessoa, ao chefe de um clã ou nação, ao cabeça espiritual dos mesmos, ou a um líder espiritual, ou a alguém que ajudava a outrem para conseguir um significativo avanço espiritual, como o originador de alguma organização, filosofia ou religião; e também era usado como titulo de honra e respeito, incluindo os nomes Pai, Filho e Espírito Santo, da triunidade divina, ou então, Deus como o Pai dos seres humanos e de outros seres inteligentes.
É responsabilidade dos pais a instrução dos filhos no caminho do Senhor, especialmente dos obreiros (I Tm. 3.5; Tt. 1.6). Evidentemente esse texto se aplica aos filhos em idade de sujeição, existem aqueles que ao cresceram se distanciam dos conselhos dos pais, e se afastam do evangelho de Cristo. Esses são os filhos pródigos, que devem ser tratados com amor, e pelos quais os pais devem orar, na expectativa de que retornem à casa do Pai (Lc. 15.19). O tempo, e as adversidades, poderão atuar na vida deles, e como aconteceu com o filho perdido, poderão reencontrar o caminho de volta, e saber que não existe lugar melhor que nos braços do Pai. Aos filhos que estão na igreja, a admoestação bíblica é a de que honrem seus pais, a menos que esses se interponham ao discipulado de Cristo (Mt. 10.37). Jesus é o maior exemplo de filho que soube honrar seus pais, o evangelista narra que desceu Ele com seus pais para Nazaré, e em conformidade com o costume judaico, era-lhes sujeito (Lc. 2.41-50). Até mesmo nos momentos finais de vida na terra, Jesus se lembrou da sua mãe, entregando-a aos cuidados de João, o discípulo amado (Jo. 19.26,27). Essa é um modelo que deve ser seguido pelos filhos crentes, para que não se deixem levar pelo utilitarismo da sociedade contemporânea. Nossos pais, ainda que não consigam produzir como antes, e demandem cuidados por causa da idade avançada, devem ser honrados pelo desprendimento que tiveram a fim de nos provê o necessário para a existência.

CONCLUSÃO

O princípio da honra aos pais permanece como mandamento do Senhor aos filhos cristãos. A promessa de vida longa é reafirmada no Novo Testamento. Aqueles que quiserem longevidade, deverão ouvir os conselhos dos seus pais, ainda que parecem ser ultrapassados. O reflexo de uma sociedade decadente é percebido na medida em que essa se distancia dos marcos antigos (Pv. 22.28). Atitudes simples podem fazer muita diferença, pedir a benção aos pais era um costume normal antigamente, mas que, infelizmente, está desaparecendo dos lares.  

BIBLIOGRAFIA

PFEIFFER .Charles F. Dicionário Bíblico Wycliffe. Editora CPAD.
GOWER. Ralph. Usos e Costumes dos Tempos Bíblicos. Editora CPAD
CHAMPLIN, Russell Norman, Enciclopédia de Bíblia Teologia e Filosofia. Hagnos
Esequias Soares. Os Dez Mandamentos. Valores Divinos para uma Sociedade em Constante MudançaEditora CPAD



quarta-feira, 4 de fevereiro de 2015

LIÇÃO 6 - SANTIFICARÁS O SÁBADO



INTRODUÇÃO

O quarto mandamento é uma ponte que liga os mandamentos teológicos com os mandamentos éticos. Os três primeiros preceitos do Decálogo dizem respeito à responsabilidade do homem com o Criador; os demais falam sobre o compromisso do homem com o seu próximo. A guarda do sábado fica entre esse dois grupos, pois a lei é clara em mostrar seu caráter social e humanitário e também sua função religiosa.
As controvérsias em torno deste mandamento se referem à sua interpretação. O que acontece é que existe o sábado institucional e o sábado legal, e quem não consegue separar estas duas instituições terminam radicalizando indo aos extremos. Esse é o principal problema dos sabatistas da atualidade, como os adventistas do sétimo dia. Todos os mandamentos do Decálogo dependem de definições e de como aplicá-los na vida diária, e essas instruções são dadas no próprio sistema mosaico. Mas as definições nem sempre são conclusivas. Por exemplo, o que a Bíblia define como trabalho? O mandamento de santificar o sábado é mais bem compreendido quando se analisa o propósito pelo qual ele foi dado.
Desde os tempos antigos o ser humano está voltado à ação, e nesses últimos tempos, no contexto da modernidade, o espaço predomina sobre o tempo. Por isso, a mensagem do quarto mandamento continua atual, a fim de diminuir o ativismo, e desperta o homem para o descanso. Na aula de hoje meditaremos a esse respeito, antes faremos uma incursão teológica sobre o shabat bíblico, após discorrer sobre a opção cristã pelo domingo, faremos uma aplicação sobre a importância do descanso.

1. O SHABAT NA BÍBLIA

O shabat bíblico é sinônimo de descanso, por isso, ao invés de ser traduzido para sábado, como acontece em algumas línguas, há quem prefira a permanência do termo hebraico. Existiam vários shabat a serem observados pelo povo judeus, o shabat semanal (Ex. 16.23), o Dia da Expiação (Lv. 16.31; 23.32), o primeiro dia da Festa das Trombetas (Lv. 23.24), o primeiro e o oitavo dias da Festa dos Tabernáculos (Lv. 23.39) e o ano sabático (Lv. 25.4,5). Essa orientação bíblica, que também era um mandamento de Yahweh, revelava que Deus tem consideração tanto pelo trabalho quanto pelo descanso (Ex. 20.11). O fundamento para a observância do shabat está no próprio Deus, que após ter trabalhado, descansou no sétimo dia (Gn. 2.1-3). O povo de Israel deveria separar, guardar ou santificar (hb. qadash) o shabat para o Senhor como lembrança de que foram escravos no Egito, e que foram libertados pela mão poderosa de Yahweh (Dt. 5.15). Eles foram libertos da tirania da opressão, agora poderiam parar para descansar, e usufruir a providência de Deus. Essa também era uma demonstração de confiança no Senhor, de que o essencial não lhes faltaria, e que poderiam aprender a depender dEle. A observância ao shabat era um sinal específico para Israel, exclusivo para aquela nação, um testemunho para os povos (Ex. 31.13-17; Ez. 20.12,20). Jesus reinterpretou a observância ao Shabat, isso porque os religiosos da sua época, ao invés de o desfrutarem, transformaram em mero legalismo, deturpando a essência da instrução dada pelo Senhor (Mc. 6.31). Mas o próprio Jesus considerou o shabat, Ele mesmo se dirigiu nesse dia à sinagoga (Lc. 4.16).

2. SÁBADO OU DOMINGO?

A questão não é o sábado em si, mas o fato de que não estamos debaixo do Antigo Concerto: 'Mas agora alcançou ele ministério tanto mais excelente, quanto é mediador de um melhor concerto, que está confirmado em melhores promessas'(Hb 8.6). Leia os versículos seguintes até o 13. A Palavra profética previa a chegada do Novo Concerto: 'Eis que dias vêm, diz o SENHOR, em que farei um concerto novo com a casa de Israel e com a casa de Judá [...]' (Jr 31.31-33). Esse 'novo concerto' é mencionado pelo escritor aos Hebreus, 8.8-12.
O judeu convertido à fé cristã que quiser guardar o sábado por convicção religiosa pessoal não está desviado por isso, pois o apóstolo Paulo diz que uns fazem separação de dia, outros acham que podem comer de tudo. Veja Romanos 14.1-6. Convém lembrar que o apóstolo está falando aos judeus cristãos de Roma, por causa da sua cultura religiosa, e não aos gentios.
Ainda hoje muitos deles usam kipar e talit (solidéo e manto), observam o kash'rut (leis dietéticas prescritas por Moisés) e guardam o sábado. Isso o fazem meramente para não perderem sua identidade nacional, é uma questão cultural e não condição para salvação. Isso é diferente dos gentios convertidos a CRISTO, pois o apóstolo deixou claro que tais práticas são um retrocesso espiritual: 'Guardais dias, e meses e tempos, e anos. Receio de vós que haja trabalhado em vão para convosco'" .i
Os quatro evangelhos registram os conflitos entre JESUS e os fariseus sobre a interpretação do sábado.
No Novo Testamento a palavra é sabaton, com o mesmo sentido de descanso da língua hebraica. Os primeiros cristãos, por se tratarem de judeus, mantinham a observância do shabat (At 13.5, 14; 42-44; 14.1; 16.13; 17.12,16; 18.4; 19.8). Mas seguindo as instruções de Jesus, os primeiros cristãos, diferentemente dos religiosos da época, não eram legalistas em relação a esse dia (Mt. 12.9-14; Mc. 3.1-6; Lc. 6.6-11). O princípio deixado pelo Mestre foi o de que é sempre bom fazer o bem no shabat (Mc. 2.27,28). Existe uma controvérsia entre os cristãos a respeito da guarda desse dia, alguns defendem sua permanência, outros optam pelo domingo. Essa opção está fundamentada no tratamento dado por Cristo ao shabat, bem como pelos cristãos ao longo da história. Jesus deixou claro que o sábado foi estabelecido por causa do homem, e não o homem por causa do sábado (Mc. 2.27,28). Isso quer dizer que não estamos mais presos à guarda de um dia específico da semana, contanto que o façamos para o Senhor (Rm. 14.5,6). A igreja cristã optou pelo domingo porque Jesus ressuscitou nesse dia (Mc. 16.9), foi o dia em que Ele se manifestou ressurreto (Lc. 24.13-36; Jo. 20.13-26). O Espírito Santo também foi derramando sobre a igreja em um domingo de Pentecoste (Lc. 23.15-21; At. 2.1-4). Esse era o dia no qual os primeiros crentes se reunião para celebrar a Ceia do Senhor, pregar e coletar ofertas (At. 20.7; I Co. 16.1,2). Há evidências históricas que comprovam a observância do domingo, e não do sábado pelos cristãos. Para Justino Martir, um dos pais da igreja, “o domingo é o dia em que todos temos nossa reunião comum, porque é o primeiro dia da semana, e Jesus Cristo, nosso Salvador, neste mesmo dia ressuscitou da morte”. De modo que, conforme explicitou Paulo: “ninguém, pois, vos julgue por causa de comida e bebida, ou dia de festa, ou lua nova, ou sábado, porque tudo isso em sido sombra das coisas que haviam de vir; porém o corpo é de Cristo” (Cl. 2.16-19).

3. O PRINCÍPIO PERMANECE

Ainda que não estejamos mais presos à guarda de um dia da semana, seja ele o sábado e/ou domingo, o princípio do shabat bíblico permanece. Nas palavras da Confissão de Fé de Westminster, santificar o shabat é “um preceito positivo, moral e perpétuo”. Tomando os devidos cuidados, e evitando legalismos, é necessário considerar o princípio do descanso. Não podemos esquecer que o shabat “foi feito por causa do homem” (Mc. 2.27). Isso que dizer que precisamos dele, nenhum homem é uma máquina, carecemos de descanso. A era da industrialização transformou o trabalho em tirania, e nesses últimos anos, por causa do consumismo desenfreado, muitas pessoas querem ter cada vez mais, e valorizam o tempo cada vez menos. O homem moderno está obcecado por espaço, quer conquistar tudo o que for possível, esquecendo-se que o tempo é muito mais importante. Como estabeleceu o Senhor: “seis dias trabalharás e farás toda a sua obra” (Ex. 10.9), mas é preciso santificar ou separar o shabat, o descanso necessário para a alma e para o corpo. Ninguém deve ser escravo do trabalho, fomos libertados da angústia da ansiedade. Devemos trabalhar para ter o suficiente, e com isso vivermos contentes, é preciso ter cuidado para não se tornar escravo da ganância (I Tm. 6.6-8). Ao invés do nos deixar conduzir pelo espírito desta era, que nos lança na tirania do consumo, e nos conduz à preocupação, devemos aprender a confiar mais em Deus (Mt. 6.31-34). Em Cristo, temos agora um descanso, Ele é o nosso shabat, por causa do trabalho dEle, podemos agora descansar (Hb. 4.9,10).

CONCLUSÃO

Há quem diga que não devemos parar para descansar, existem até os que citam as Escrituras indevidamente (Mq. 2.10). Mas o texto precisa ser compreendido em seu contexto, de fato não podemos descansar no momento que devemos agir, mas isso não significa que devemos nos entregar ao ativismo. É necessário reconhecer que tudo tem o seu tempo determinado, e que há tempo para todo propósito debaixo do céu, inclusive para o descanso (Ec. 3.1).

BIBLIOGRAFIA

CHAMPLIN, Russell Norman, Antigo Testamento Interpretado versículo por versículo. Editora Hagnos.
 SOARES, Esequias. Os Dez Mandamentos. Valores Divinos para uma Sociedade em Constante Mudança. Editora CPAD.
CHAMPLIN, Russell Norman, Enciclopédia de Bíblia Teologia e Filosofia. Vol. 1. Editora Hagnos.
(SOARES, Esequias. Manual de Apologética Cristã. 1.ed. Rio de Janeiro: CPAD, 2002,