quinta-feira, 23 de outubro de 2014

Lição 4 - A Providência Divina na Fidelidade Humana



A Providência Divina na Fidelidade Humana

INTRODUÇÃO

Neste capítulo percebe-se a obsessão do rei Nabucodonosor pelo poder quando ele se engrandece e se endeusa perante os súditos do seu império. Supõe-se que a história desse capítulo ocorreu quase ao final do seu reinado (Jr 32.1; 52.29).
O capítulo três é mais uma prova de que vale a pena ser fiel a Deus até mesmo quando somos desafiados em nossa fé. Percebe- se que Nabucodonosor já havia se esquecido da manifestação do poder de Deus na revelação dos seus sonhos, mas ele parecia embriagado pelo poder e pelo fulgor de sua própria glória. A presunção chegou ao ápice da paciência de Deus e ele não se contentou em ser apenas “a cabeça de ouro” da grande estátua do seu sonho no capítulo dois. Ele perde o bom senso e constrói uma estátua toda de ouro de mais de 27 metros de altura aproximadamente, e ordena que os representantes das nações, súditos seus, se ajoelhassem e adorassem à sua estátua que representava ele mesmo. Tornou-se um déspota que exigia dos seus súditos um servilismo irracional. No meio da multidão dos súditos estavam os três jovens hebreus fiéis ao Deus de Israel, o qual não transigiu de modo algum.


1.     A RELIGIÃO DE NABUCODONOSOR

O rei Nabucodonosor fez uma estátua de ouro (3.1). Na verdade, o Império Babilónico foi o primeiro grande império mundial a construir uma grande estátua que deveria ser adorada por todos os súditos do império (Dn 3). Era interessante notar que em nenhum momento se identifica a estátua com algum deus babilónico. A omissão de algum nome para essa estátua sugere que o rei fez uma estátua que fosse identificada com ele mesmo que assumia uma postura de deidade. Era comum naqueles tempos dos assírios e babilónicos que os seus reis construíssem suas próprias imagens nas entradas dos palácios e diante das imagens dos deuses para que ficassem protegidos de males e fossem felizes em seus reinados. Porém, aquela imagem de 27 metros de altura fora construída para ser adorada pelos súditos em obediência ao edito soberano de Nabucodonosor.      
Em ocasiões especiais como a que o rei propiciou, quando as homenagens aos reis aconteciam diante dos deuses, Nabucodonosor exigia obediência cega dos seus súditos de todos os territórios do império fortalecendo seu domínio. De todas as nações presentes com seus exilados estavam lá os judeus que serviam ao Deus vivo de Israel.
 Mas o rei testava seu poder de dominação requerendo dos exilados que renegassem suas crenças e substituíssem seus deuses pelos deuses da Babilônia. Na história contada por Daniel, estavam lá os seus três amigos. Não há uma explicação plausível para a ausência de Daniel naquele evento. O que importa, de fato, é que os três hebreus deram uma lição de fé no seu Deus.



2. A FIDELIDADE DOS SERVOS DE DEUS

Como testemunhas de Deus, devemos nos posicionar, mesmo diante de ameaças (Dn. 3.15). Há crentes que têm medo de perseguições, por isso buscam conveniências, às vezes fazendo concessões.
A igreja não deixa de crescer durante a perseguição, muito pelo contrário, temos testemunhos de fidelidade justamente em tempos adversos. Devemos orar pela paz, e buscar viver bem em sociedade, mas é preciso ter cuidado, para não transformar a comodidade em comodismo. A defesa da nossa fé não precisa ser odiosa, devemos demonstrar mansidão (I Pe. 3.15), e amor, até mesmo aos inimigos (Mt. 5.44-48). A igreja de Jesus Cristo está susceptível às perseguições (II Tm. 3.12).
Ainda que no futuro leis sejam aprovadas, contrárias aos fundamentos da fé cristã, não assumiremos os valores defendidos e praticados pelo mundo (I Jo. 5.19). As consequências poderão ser desafiadoras, mas devemos permanecer firmes, como fizeram os jovens na Babilônia (Dn. 3.17,18).
 Os cristãos continuarão a viver a partir dos princípios divinos, independentemente das circunstâncias. A morte não deve ser motivo de temor, pior que a morte é um cristianismo medíocre, que não se compromete com a verdade divina (Mt. 10.28). Nesses dias que antecedem ao pleito eleitoral, tenhamos cuidados para não nos dobrarmos diante de ideologias humanas. Também sejamos cautelosos para não nos tornarmos meros moralistas, julgando os pecadores sem dar-lhes a oportunidade de arrependimento. Se por um lado, muitos estão se dobrando diante do deus-imoralidade, outros estão, com a maior naturalidade, se deixando conduzir pelo deus Mamom. O mesmo Deus que reprova os pecados sexuais (Mt. 5.32)  também censura os adoradores do dinheiro (Mt. 6.24; I Tm. 6.10).  Somente Deus deve ser adorado, essa é a mensagem contundente de Jesus, profética para os dias atuais (Mt. 4.10). E que possamos responder como os três jovens : Eles estavam prontos, não para obedecer a imposição do rei quanto à sua fé. Eles estavam prontos, sim, para manter a sua fé no Deus que podia mudar toda aquela situação. Aqueles jovens entendiam que fidelidade é algo inegociável. A fidelidade desses jovens era mais que uma qualidade de caráter, era uma confiança inabalável em Deus que haveria de intervir naquela situação. A resposta resultava do conhecimento prévio que tinham do mandamento divino: “Não terás outros deuses diante de mim. Não farás imagem de escultura, nem alguma semelhança do que há em cima nos céus, nem em baixo na terra, nem nas águas debaixo da terra. Não te encurvarás a elas nem as servirás; porque eu, o Senhor, teu Deus, sou Deus zeloso, que visito a maldade dos pais nos filhos até a terceira e quarta geração daqueles que me aborrecem” (Ex 20.3-5). Deus busca homens e mulheres que tenham a fibra de manter a fidelidade a Ele mesmo quando ameaçados.
Não necessitamos de te responder sobre este negócio (3.16). A confiança em Deus e a certeza de que Deus faria alguma coisa lhes deu a convicção de que valia a pena enfrentar a fornalha pelo de Jeová.
  
3. A PROVIDÊNCIA DO SENHOR

Os jovens, fiéis servos do Senhor, foram lançados na fornalha de fogo ardente, resultante da fúria insana de Nabucodonosor (Dn. 3.15). Ele mandou aquecer a fornalha sete vezes (Dn. 3.19) e mandou amarrá-los antes de lança-las no fogo (Dn. 3.20). Nem sempre Deus livra os seus servos da fornalha, mas na fornalha (Is. 43.1-30). Os cristãos que não querem mais sofrer, e que fogem da possibilidade de perseguição, não compreenderam o preço do discipulado (Mt. 16.24). Há uma cruz a ser carregada, com C. S. Lewis, não recomendamos o cristianismo a quem quer uma religião confortável.
A fé cristã nos tira do lugar comum, nos lança diante da adversidade, também da incompreensão.
 Por causa da nossa fé, podemos ser tratados como a escória do mundo, não poucas vezes assumidos como loucos (I Co. 1.17-23). Mesmo diante das perseguições, podemos confiar em Deus, Jesus prometeu estar conosco (Mt. 28.20). Justamente nas horas mais adversas, quando somos perseguidos por causa do amor a Cristo, sentimos mais de perto a Sua presença. Aqueles que são perseguidos na defesa do evangelho são bem-aventurados (Mt. 5.11,12). Deus promete, no meio da perseguição, nos dá o escape, mesmo que esse venha com a morte. A galeria dos heróis da fé de Hb. 11 é uma demonstração dessa verdade. O Senhor pode decidir ser glorificado através da passagem dos seus servos para a eternidade.
Estevão se tornou o primeiro mártir da fé cristã, mas para isso precisou sacrificar a própria vida, por amor a verdade do evangelho de Jesus Cristo (At. 7.51-60).
Mas o Senhor pode soberanamente dar o livramento nesta vida, de maneira providencial como fez com os jovens judeus na Babilônia (Dn. 3.24,25). Mas eles não foram salvos para a glória pessoal, antes para dar glória a Deus (Dn. 3.26).

CONCLUSÃO

Nabucodonosor reconheceu que o Deus de Ananias, Misael e Azarias era o Deus Poderoso (Dn. 3.28,29). As atitudes da igreja, em todo o tempo, como sal da terra e luz do mundo (Mt. 5.13,14), devem apontar para Cristo. Ele é Cabeça da Igreja, e nós, como corpo, devemos agir a partir dos Seus princípios. Uma igreja cristã autêntica tem compromisso com a Cabeça, não em agradar a líderes meramente religiosos (Cl. 1.18). Ainda que sejamos perseguidos, estamos certos que nada nos separará do amor de Cristo (Rm. 8.39-37).

BIBLIOGRAFIA

 SILVA, S. P. da. Daniel: versículo por versículo. Rio de Janeiro: CPAD, 2013.
CABRAL, ELIENAI. Integridade Moral e Espiritual. Rio de Janeiro: CPAD, 2014.

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