O PROPÓSITO DA
TENTAÇÃO
Texto Áureo Tg.
2.17 – Leitura Bíblica Tg. 2.14-26
INTRODUÇÃO
Conforme estudamos
na lição anterior, a Epístola de Tiago foi endereçada às “doze tribos”,
provavelmente judeus cristãos do primeiro século (Tg. 2.1). Esses estavam
passando por situações adversas, provações por seguirem a Cristo. Na verdade
esse é o preço do discipulado (Mt. 16.24). Na aula de hoje destacaremos o
aspectos das provações pelas quais os cristãos passam, bem como os objetivos e
as possibilidades de vitórias sobre essas. Ao final esperamos motivar os irmãos
e irmãs que são perseguidos por amor a Cristo a perseverarem na fé, até a volta
de Jesus.
1. A TENTAÇÃO QUE É
PROVAÇÃO
A palavra traduzida
por tentação na Almeida Revista e Corrigida (ARC) em grego é peirasmós também
significa provação. Nesse contexto essa palavra seria mais
adequada, ao invés de tentação, considerando que os crentes daquele período
estavam passando por perseguições por causa de Cristo. Nesse texto o termo
peirasmós tem uma conotação positiva, diferentemente da palavra tentação, cujo
significado é negativo. A provação aponta, de acordo com as instruções de
Tiago, para um teste, que resulta em aprovação ou reprovação. Evidentemente as
pessoas não querem sofrer, há até os cristãos que propõem um cristianismo
isento de sofrimento. Tal ensinamento não tem respaldo bíblico, pois Jesus
ensinou que no mundo teríamos aflições (Jo. 16.33). Paulo afirma que por muitas
tribulações nos é necessário entrar no reino de Deus (At. 14.22). E alertou
Timóteo que todos os que querem viver piamente em Cristo padecerão perseguições
(I Tm. 3.12). Jó concluiu que o homem nasce para a tribulação como as faíscas
voam para cima (Jó. 5.7). As causas das provas são diversas, não
necessariamente elas provêm de Deus. Há pessoas que são provadas por causa da
condição humana. Isso acontece porque somos humanos, e como tais nós passamos
por enfermidades e desapontamentos, como qualquer outra pessoa, seja ela crente
ou descrente. Existem provas também que resulta dos nossos pecados, mas essas
não podem ser generalizadas, nem todas as pessoas sofrem por causa de pecados
(Jo. 9.1,2; 11.4). Algumas pessoas são provadas porque tomaram uma decisão por
Cristo. Nos dias atuais a perseguição predominante é ideológica, os cristãos
estão perdendo espaço, até mesmo empregos e posições sociais. Tiago utilizou o
termo poikilos que significa várias em grego, isso quer dizer
que as provações têm fontes variadas, mas até essas cooperam para o bem
daqueles que amam a Deus (Rm. 8.28).
2. OS OBJETIVOS DAS
PROVAÇÕES
Provações (1.2-18;
5.7-11). A igreja primitiva nasceu em uma época de terríveis dificuldades
- lembre-se de que Tiago estava escrevendo a crentes que tinham
se espalhado pelo mundo devido à perseguição. Assim, nâo deve ser
surpreendente descobrir que um dos temas principais deste livro é como
reagir a provações e tentações.
Muitas destas
provações vinham de fora. Judeus fanáticos ou “zelosos”, como Saulo de
Tarso antes de sua conversão, prendiam e matavam os seguidores de Cristo(At
6.8-7.60). O reconhecimento público de Cristo como Salvador e Senhor
nâo levava à popularidade, ao poder, ou ao prestígio. Tiago também sabia
das lutas que ocorriam internamente. Uma provação pode colocar à prova a
fé dos crentes,causando dúvidas e desânimo e tornando-os suscetíveis a inúmeras
tentações. E Satanás tenta usar os tempos difíceis para dividir a igreja.
Assim, Tiago incentivou o seu novo rebanho a reconhecer a origem dos seus
problemas - a sua natureza pecaminosa e o mahgno (1.13-16), a permanecer
concentrado em Deus e em sua bondade (1.17,18), e a resistir aos ataques
sutis de Satanás (4.7).
Quando somos
provados, essas não são além das nossas forças, Deus sabe até onde somos
capazes de suportá-las (I Co. 10.11). Por isso devemos saber que as provações
são passageiras, elas não duram para sempre (Tg. 1.2). Existem pessoas que sofrem
mais do que outras, e Deus tem seus propósitos em cada vida. Não podemos
esquecer que Ele pode utilizar as provações com o fim pedagógico (Tg. 1.3,4).
Deus é um dos poucos professores que primeiro entrega a prova para que os
alunos extraiam a lição depois. Abraão foi chamado por Deus, mas antes precisou
ser provado, a fim de mostrar seu compromisso com o Senhor. As provas de Deus
objetivam nosso amadurecimento espiritual. Os cristãos mais imaturos são
justamente aqueles que menos foram provados. As provas, quando resultam em
crescimento espiritual, fortalecem a fé dos crentes. Como destaca Paulo, nossa
leve e momentânea tribulação produz para nós um peso eterno de glória (II Co.
4.17). Todos nós estamos “em construção”, e Deus está trabalhando em nossas vidas
(Ef. 2.8-10). Assim Ele fez com José e Moisés, e está fazendo em muitos outros,
inclusive em nós. O resultado da provação é a perseverança, a palavra grega é
hupomene, que significa paciência, mais propriamente, firmeza diante
das adversidades. Os crentes imaturos não conseguem esperar muito, se afastam
do caminho na primeira adversidade que encontram. Por causa dessa impaciência
Moisés matou o egípcio, sansão contou seu segredo a Dalila, e Pedro quase matou
Malco. Ninguém deve temer as provas, nem mesmo aquelas que são permitidas por
Deus. Jó reconheceu que inicialmente conhecia Deus apenas de ouvir, mas depois
de provado teve uma percepção mais grandiosa da glória de Deus (Jó. 42.5).
3. A VITÓRIA SOBRE
AS PROVAÇÕES
Os evangélicos
influenciados pelo hedonismo moderno pensam que a vitória sobre a provação é
justamente se livrar delas. Mas essa é uma realidade que não se concretiza para
todos, somente para alguns, de acordo com a soberania de Deus. Há aqueles que
somente obterão vitória das suas provas na eternidade, como aconteceu com os
heróis da galeria de Hebreus 11. A vitória sobre as provações está justamente
na fé, que é firme fundamento das coisas que se esperam, mas que não são
visíveis (Hb. 11.1). Esse é o tipo de fé que Deus exige do Seu povo, não uma fé
de barganha, alicerçada nas satisfações pessoais. Essa geração está adoecida
pelo hedonismo, o prazer tornou-se a razão de ser, até mesmo entre os cristãos.
Influenciados pela teologia da ganância, e pelo movimento pseudopentecostal,
querem apenas as mãos de Deus, se distanciam da Sua face. A vitória que vence o
mundo é a nossa fé (I Jo. 5.4), pistis em grego, que também pode ser traduzida
como fidelidade. Sem uma fé compromissada é impossível agradar a
Deus, os que dEle se aproximam devem ser fieis, independentemente das
circunstâncias (Hb. 11.6). Jesus se dirigiu às igrejas perseguidas da Ásia
Menor, mais especificamente para Esmirna, que passaria por provações,
instruindo-a para que essa fosse fiel até a morte (Ap. 2.8-11). Carecemos de
uma geração de crentes que não tenha receio das provações, que não se acomodem
com o marasmo, e com essa filosofia hedonista. Os bem-aventurados, conforme
expôs Jesus, não são aqueles que não querem sofrer. Justamente o contrário, os
bem-aventurados são aqueles que são perseguidos por causa do nome de Jesus.
Esses devem exultar, pois grande será no céu o galardão deles (Mt. 5.12).
Enquanto não chegarmos ao céu, vivemos nesta terra sujeitos às provações, essas
servem para nosso amadurecimento espiritual. Isso porque Deus está mais
interessando em forjar nosso caráter do que nos fazer financeiramente
prósperos. O objetivo do Senhor, através das muitas provações pelas quais
passamos, é moldar nosso caráter em conformidade com Cristo, nosso Modelo (Gl.
4.19).
CONCLUSÃO
Os cristãos não
estão imunes às provas, estamos sujeitos às mesmas condições dos descrentes.
Por causa da nossa fé em Cristo podemos ser perseguidos, quando isso acontecer
devemos exultar, pois sabemos que receberemos de Deus o galardão no céu. As
provações pelas quais passamos nos alinham a fim de que sejamos moldados ao
caráter de Cristo. Deus está construído nossas vidas, Ele está escrevendo nossa
história. Mesmo nas situações adversas devemos saber que Aquele que começou a
boa obra haverá de levá-la adiante, apesar dos pesares (Fp. 1.6).
Dúvidas e sugestões através do email: licoesbiblicasresponde@gmail.com
BIBLIOGRAFIA
LOPES, H. D. Tiago:
transformando provas em triunfo. São Paulo: Hagnos, 2006.
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