sábado, 30 de maio de 2015

LIÇÃO 9 - AS LIMITAÇÕES DOS DISCÍPULOS



INTRODUÇÃO

A vida cristã está sujeita a altos e baixos, isso porque a condição humana é inconstante. Mas nem todos os cristãos estão conscientes dessa realidade, principalmente os adeptos do triunfalismo. Não existem super crentes, é o que veremos na aula de hoje, ao analisar as limitações dos discípulos de Jesus. Dentre essas limitações destacamos:  a dúvida e a primazia, os valores invertidos e a necessidade do perdão.

1. A DÚVIDA E A PRIMAZIA

O liberalismo teológico tem incentivado à dúvida, para alguns estudiosos a dúvida é necessária à fé. No entanto, esse não é o posicionamento escriturístico, existem várias passagens bíblicas que censuram a dúvida (Mt. 14.31; 21.21; Lc. 9.41; Tg. 1.4-8). A dúvida faz parte da condição humana, os discípulos duvidaram, não apenas Tomé (Mt. 28.17). A dúvida pode ser explicada como uma condição existencial, e uma demonstração de falta de confiança em Deus, sobretudo na Sua Palavra (Rm. 10.17). Por isso motivo, ao contrário do que postula o neoliberalismo teológico, os cristãos devem assumir que duvidam, mas devem se envergonhar disso, e o orar ao Senhor, pedindo que os ajude nos momentos de incredulidade (Mc. 9.27).  Outra limitação demonstrada pelos discípulos, foi a intenção de ter primazia sobre os demais, debatendo entre eles a respeito de quem seria o maioral (Lc. 9.46,47). A mania de grandeza persegue o ser humano desde a queda (Gn. 3.5). Os discípulos não queriam ser apenas discípulos, eles estavam interessados na posição que teriam no reino. Várias vezes discutiram entre si a respeito desse assunto. Por isso Jesus os repreendeu, certa feita colocou uma criança no meio deles, e disse que quem quisesse ser o maior que fosse como uma delas (Lc. 9.45-50). Em outra oportunidade radicalizou, ao cingir os lombos com uma toalha, e lavar os pés dos seus discípulos (Jo. 13). A mania de grandeza está atingindo muitos ministérios, as divisões são perceptíveis em muitos arraiais evangélicos. O sentido do ministério como serviço está se desvirtuando, a hierarquia eclesiástica está destruindo muitos obreiros. Alguns deles iniciaram bem intencionados, mas não se conformam mais com a posição, há até aqueles que querem ser quase deus.

2. O PERIGO DA INVERSÃO DE VALORES

A inversão de valores entre os discípulos de Jesus é algo preocupante, por descaracterizar o significado do verdadeiro discipulado (Mt. 16.24). Há crentes, e até pastores, que defendem que a riqueza deve ser o alvo primordial do ministério, por causa disso muitos estão indo à ruína (I Tm. 6.10). De que adianta ao homem ganhar o mundo inteiro e perder a sua alma, o que poderá dar o homem em troca da sua alma? (Mt. 16.26). Muitos vivem demasiadamente ansiosos na modernidade, não consegue mais se satisfazer com o que têm. A doutrina bíblica do contentamento está sendo substituída pela ganância (I Tm. 6.6-8; Fp. 4.10-13; Hb. 13.4,6). Essa busca desenfreada pelo ter está levando até mesmo os cristãos a viveram debaixo da tutela da ansiedade (Lc. 12.22-34). Jesus foi contundente ao afirmar que ninguém pode servir a dois senhores, ninguém pode ser servo do Senhor, e ao mesmo tempo de Mamom, o deus-mercado (Mt. 6.24). Isso porque onde estiver o tesouro do ser humano, ali também estará seu coração (Mt. 6.21). As doenças psicossomáticas, que tem assolado muitas vidas, são decorrentes de um estilo de vida desequilibrado. A modernidade nos tornou consumidores, eternamente insatisfeitos com o que temos, buscando sempre mais, a fim de manter o círculo de um capitalismo selvagem. A alternativa do cristão diante desse estilo de vida é confiar cada vez mais em Deus, depositar sua esperança não nas coisas que são da terra, mas nas que estão no alto (Cl. 3.1,2).

3. A NECESSIDADE DO PERDÃO

Outra limitação dos discípulos de Jesus é a indisposição para perdoar, mas esse sentimento negativo pode conduzir o cristão à destruição espiritual (Hb. 12.15). Inicialmente, é preciso destacar que somos alvos da graça maravilhosa de Deus, Ele nos alcançou quando nós não merecíamos, sendo ainda pecadores, provando Seu amor para conosco (Rm. 5.8). Porque Ele nos amou, devemos também amar nossos irmãos, e expressar esse amor através de atos perceptíveis (Jo. 3.16; I Jo. 3.16). Jesus contou uma parábola a respeito de um homem que devia uma quantia vultoso, cuja dívida foi perdoada, mas esse mesmo homem, não agiu de igual modo a ser procurado por um servo que devia uma quantia menor. Quando soube do ocorrido, o homem que havia perdoado a quantia maior puniu aquele que não fez o mesmo, por não ter agido também com graça (Mt. 18.21-35). O perdão de Deus não tem limites, o número sete não é restritivo na passagem de Lc. 17.3,4, trata-se de uma elaboração metafórica, Jesus destaca a misericórdia de Deus, que não põe limites para perdoar o pecador arrependido. Perdoar os outros, de acordo com Mt. 6.15, é a única condição para ser perdoado por Deus, se alguém pretende ser alcançado pelo perdão de Deus, deve está disposto, mesmo contra vontade, a perdoar os outros. Isso porque não adianta alimentar o sentimento de rancor, isso acarretará em maior mal. Existem pessoas que estão sofrendo desnecessariamente porque ainda não foram capazes de liberar perdão. O perdão dará oportunidade ao outro de seguir adiante, e o mais importante, a nós mesmos dias melhores no Senhor (Is. 40.31).

CONCLUSÃO

Os discípulos de Jesus não são super crentes, são pessoas comuns que têm suas limitações. Mas esses devem se dedicar à vida espiritual, a fim de não sofrerem as influências negativas dos valores deste mundo (I Jo. 2.15). Como discípulos de Cristo, devemos viver em humildade, considerando sempre os outros maiores que a si mesmo (Fp. 2.3), não se deixando levar pela avareza (II Pe. 2.3), muito menos pela ganância (Tt. 1.11), antes cultivando o perdão, que é uma característica dos seguidores de Jesus (Lc. 23.34; At. 7.60), não esquecendo que sem o Senhor, nada podermos fazer (Jo. 15.5).

BIBLIOGRAFIA

HENDRINKSEN, William. Comentário Novo Testamento - Lucas. Editora Cultura Cristã, São Paulo, SP.
CHAMPLIN, Russell Norman, Enciclopédia de Bíblia Teologia e Filosofia.Hagnos

sábado, 23 de maio de 2015

LIÇÃO 8 - O PODER DE JESUS SOBRE A NATUREZA E OS DEMÔNIOS


INTRODUÇÃO

Em sequência ao assunto estudado na aula passada, destacaremos hoje a atuação de Jesus sobre a natureza e os demônios. A princípio, mostraremos que as forças sobrenaturais existem, não são apenas invenções humanas, conforme defende a filosofia moderna. Em seguida, enfatizaremos que Jesus, o Senhor dos senhores, tem poder sobre os principados e potestades, e que Ele é Aquele a quem a natureza obedece.

1. AS FORÇAS SOBRENATURAIS

O mundo moderno está marcado pelas teorias cientificas, algumas delas decorrentes do racionalismo, produto da mente iluminista. Por causa disso, há aqueles que negam a existência da realidade sobrenatural, até mesmo de Deus. O ateísmo está na moda, as academias tentam dar explicações materialistas para todos os fenômenos. O mundo da Bíblia se tornou estranho para o homem distanciando da revelação. Em seu coração, o néscio diz que Deus não existe (Sl. 14.1), e por causa dessa incredulidade, muitos se entregam à devassidão. Reconhecemos, com base em Os Irmãos Karamazov de Dostoievsky, que nem todos os ateus são imorais, mas suas crenças podem conduzir outros à brutalidade. Não podemos reduzir a realidade à matéria, a natureza não é a única criação de Deus. Ele criou também os anjos, que são espíritos ministradores (Hb. 1.14). Na verdade o mundo visível surgiu do que não é visível, isso é o que nos revela a Palavra de Deus (Hb. 11.1). Em sua Epístola aos Efésios, Paulo adverte os crentes para que estejam preparados para enfrentar uma batalha espiritual, não contra a carne e o sangue, mas contra os principados e potestades das regiões celestiais (Ef. 6.12). Essa luta tem implicações cosmológicas, e teve seu princípio na rebelião de Satanás contra Deus (Is. 14.14), antes da criação da humanidade. Quando Jesus veio para terra, Ele enfrentou os demônios, alguns deles associados a algumas enfermidades (Lc. 4.31-44). O Senhor expulsou muitos demônios que oprimia a vida das pessoas (Lc. 11.14).

2. OS DEMÔNIOS SÃO UMA REALIDADE

Os demônios continuam atuando neste planeta, as pessoas parecem esquecer essa realidade. Como Jesus fez no deserto (Lc. 4.1-13), precisamos também estar preparados para enfrentar as hostes da maldade. Não podemos esquecer que este mundo jaz no maligno (I Jo. 5.19), e que o Deus deste século cegou o entendimento das pessoas (II Co. 4.4). Precisamos, portanto, nos munir com todas as armas espirituais, para resistir no dia mau (Ef. 6.10-12). No Evangelho segundo Lucas a autoridade de Jesus sobre os demônios é atestada em várias passagens (Lc. 4.41; 6.18; 9.42; 10.17,18). Não apenas esse Evangelho, mas toda a Bíblia, confirma a existência de forças sobrenaturais que se opõem ao Reino de Deus (Lc. 11.18). Por outro lado, não podemos fazer apologia ao Diabo, algumas igrejas ditas evangélicas exploram demasiadamente a doutrina dos demônios. Os demônios devem ser expulsos, tal como fez Jesus (Lc. 8.28), a Igreja continua tendo a missão de destruir as obras do Diabo (I Jo. 3.8; Mt. 10.1; Lc. 9.1). Mas nenhuma igreja foi chamada para fazer espetaculização das forças demoníacas. Ainda que essas atitudes deem ibope, não têm respaldo das Escrituras, os excessos podem resultar em escândalo para o Evangelho. Há igrejas que falam mais a respeito do Diabo do que de Jesus. Alguns pregadores, para causar frenesi na audiência, se referem ao demônio nove vezes, a cada dez palavras que pronunciam. A glória deve ser dada a Cristo, Sua cruz deve ser o assunto na pregação (I Co. 2.1-5), diante dEle as hostes satânicas se rendem (Lc. 8.28).

3. O PODER SOBRENATURAL DE JESUS

O poder sobrenatural de Jesus não foi demonstrado apenas sobre os demônios, mas também sobre a natureza. Isso mostra que o Senhor não está limitado às leis físicas, por isso pode ir além delas, não necessariamente contra elas. Um dos seus primeiros milagres, conforme registrado no Evangelho segundo João, foi o de transformar água em vinho (Jo. 2.1-11). Esse episódio não foi uma mágica, ou mesmo um truque como querem suspeitar alguns céticos, mas a atuação do poder do Espírito Santo no ministério de Jesus. Ele também acalmou uma tempestade, causando espanto aos  Seus discípulos para essa manifestação poderosa (Lc. 8.22-25). O poder de Jesus sobre a natureza deve nos tranquilizar em relação ao futuro, sabemos que Ele está no comando das situações, mesmo que não compreendamos. É importante esclarecer que a natureza, no estado atual em que se encontra, depois do pecado de Adão e Eva, carece de redenção (Rm. 8.22). Por esse motivo, testemunhamos de vez em quando algumas catástrofes, que revelam essa condição da natureza. No futuro, quando Cristo vier reinar, a natureza será restabelecida ao seu estado, não havendo mais terremotos ou enchentes (Is. 11). Jesus demonstrou também aos Seus discípulos o Seu poder sobre a natureza quando andou sobre as águas (Mc. 6.45-52). Na ocasião chamou a atenção dos discípulos para que tivessem fé a fim de que os milagres acontecessem. Os dons espirituais, inclusive o da fé para realizar maravilhas está à disposição dos crentes, faz-se necessário que eles deem o devido valor.

CONCLUSÃO

Poderíamos elencar muitos outros milagres realizados por Jesus, que comprovam sua messianidade, sobretudo o domínio sobre a natureza. Ele multiplicou pães (Mt. 15.32-38), secou uma figueira (Mc. 11.11-14,20-25), possibilitou uma pesca maravilhosa (Lc. 5.1-11), entre outros. A realização desses milagres, e o poder de Jesus sobre os demônios, inspiram nossa confiança, e reconhecimento que Ele tem todo o poder no céu e na terra (Mt. 28.18). Podemos então descansar diante das adversidades da vida, sabendo que o Senhor está no comando do barco.


quarta-feira, 13 de maio de 2015

LIÇÃO 7 - PODER SOBRE AS DOENÇAS E MORTE


INTRODUÇÃO

O Evangelho segundo Lucas destaca o poder de Deus sobre as doenças e a morte. Na aula de hoje nos voltaremos para esse importante assunto. Inicialmente estudaremos essas duas realidades no contexto bíblico. Em seguida, enfatizaremos esses temas especificamente na teologia lucana. Ao final, mostraremos que o Deus da Bíblia continua tendo poder sobre doenças e a morte.

1. DOENÇAS E MORTE NA BÍBLIA

As doenças e enfermidades resultam do pecado, por causa da desobediência dos primeiros pais, herdamos essa condição (Gn. 3.19; Rm. 5.12). Apesar dos esforços da sociedade moderna, no intuito de evitar que as doenças cheguem, e que a morte seja postergada, essas são inevitáveis (Hb. 9.27). Em algumas passagens bíblicas há fundamento para a existência de enfermidade como consequência do julgamento divino (Dt. 28.21; Jo. 5.14), ou mesmo por Satanás, quando permitido por Deus (Jó. 2.7). Mas essa realidade não pode ser generalizada. Nem todas as doenças são decorrentes de algum tipo de pecado, esse foi justamente o equívoco dos amigos de Jó (Jó. 42.7). Ao contrário do que defendem alguns movimentos, a Bíblia não se opõe à consulta aos médicos (Jr. 8.22; Mt. 9.12; Lc. 4.23). Mas devemos também buscar a cura divina, confiar que o Deus da Bíblia ainda cura (II Rs. 20.1-3; Tg. 5.14; Hb. 13.8). Em relação à morte, conforme já apontamos anteriormente, teve seu início a partir do pecado de Adão (Gn. 3.19; I Co. 15.21,22), sendo, portanto, consequência do pecado (Gn. 2.17; Rm. 5.12). A morte representa o final dos projetos humanos na terra (Ec. 9.10), e o distanciamento dos bens terrenos (I Tm. 6.7), a morte nivela todas as pessoas (Jó. 3.17-19). Cristo foi o Único a vencer a morte (Rm. 6.9; Ap. 1.18). Por isso Ele mesmo aboliu a morte (II Tm. 1.10), sendo esta a última inimiga a ser vencida (I Co. 15.26). Por isso não temos mais motivos para temer a morte, pois Cristo a venceu na cruz (Hb. 2.15). Mesmo aqueles que morreram ressuscitarão, para viverem eternamente com Cristo (I Ts. 4.13-18).

2. DOENÇAS E MORTE NO EVANGELHO DE LUCAS

No Evangelho segundo Lucas, Jesus é Aquele que tem poder sobre as doenças e a morte. Há passagens em sua narrativa que explicam o poder do Senhor sobre a doença e a morte. Em Lc. 4.38,  Jesus curou a sogra de Simão, que estava enferma com muita febre, de modo que essa pode começar a servi-LO. Indo a cidade chamada Naim, Jesus encontrou uma mãe angustiada, com a morte de seu único filho, sendo esta também viúva. Jesus, movido de íntima compaixão, a consolou, em seguida tocou o esquife, e ressuscitou o seu filho (Lc. 7.11-13). Em Lc. 8 lemos a respeito de Jairo, um oficial da sinagoga, que sofria com a doença e possibilidade de morte da sua filha, de apenas doze anos (Lc. 8.40). Mesmo sendo uma autoridade, Jairo se humilhou aos pés de Jesus, implorando para que Ele resolvesse sua situação (Lc. 8.40-42). Ao mesmo tempo, uma mulher que estava próxima de Jesus, tinha uma doença, que causava sangramento, e que duravam doze anos (Lc. 8.43). A situação dessa mulher era de desespero, ela já havia gastado muito dinheiro com os médicos, nenhum deles havia conseguido curá-la (Mc. 5.26; Lc. 8.43). Aquela enfermidade a tornava impura, por causa do cerimonial de purificação judaico. Mesmo assim, ela decidiu tocar em Jesus, e encontrou cura nEle. Jairo também recebeu a providência divina diante da doença da sua filha, ainda que o pensamento humanista da época, dizia que o Mestre não deveria ser incomodado, pois a menina já estava morta (Lc. 8.49,50). Mas Jesus, que tem poder sobre as doenças e a morte, ressuscitou a menina (Lc. 8.51-53).

3. PODER DE DEUS DIANTE DAS DOENÇAS E MORTE

Jesus continua tendo todo poder sobre as doenças e a morte, milagres ainda podem acontecer nos dias atuais. Por isso, os crentes podem clamar ao Senhor, pedindo cura das enfermidades, os presbíteros da igreja devem ungir e orar pelos enfermos (Tg. 5.15). Na Antiga Aliança o Deus de Israel era reconhecido como o Jeová-Rafah, ou seja, o Senhor-que-Cura (Ex. 15.26). Jesus de Nazaré foi ungido por Deus, para curar as pessoas, inclusive àquelas que eram oprimidas pelo Diabo (At. 10.38). O salmista reconhece que o Deus de Israel é Aquele que cura as pessoas de todas as enfermidades (Sl. 103.2,3). As curas são possíveis porque Jesus, o Servo Sofredor de Jeová, foi ferido pelas nossas enfermidades (Is. 53.5; Mt. 8.16,17; I Pe. 2.24). A cura pode ser recebida através da oração da fé (Sl. 30.2), ainda que somente sejam curadas as pessoas a quem Deus soberanamente decide curar (II Co. 12.9). Os crentes devem ser estimulados a buscar a cura divina através da oração (Mt. 14.15,16). A fé em Jesus, não a fé na fé, como apregoa a Teologia da Saúde, é a causa da cura (At. 3.16). É preciso saber também que a cura, às vezes, não acontece imediatamente, precisamos “andar” um pouco mais, e ter paciência (Lc. 17.12). Isso acontece porque o desenvolvimento do nosso caráter, a produção do fruto do Espírito é mais importante que a cura divina (Gl. 5.21,22). A ressurreição, ainda que não seja comum em nosso meio, pode acontecer. Vários irmãos e irmãs têm testemunhado essa experiência em suas vidas.

CONCLUSÃO

A cura das doenças, e a ressurreição dos mortos, é algo que ainda pode acontecer nos dias atuais. Mas esses acontecimentos, que devem ser buscados pelos crentes, e submetidos à soberania de Deus, apontam para uma dimensão escatológica. Isso porque aqueles que são curados das doenças, ou mesmo ressuscitados, passarão pela morte, a menos que sejam arrebatados. Mas quando Deus cura ou ressuscita alguém, está apontando para o futuro, no qual não haverá mais morte nem dor (Ap. 21.3,4).

quinta-feira, 7 de maio de 2015

LIÇÃO 6 - MULHERES QUE AJUDARAM JESUS


INTRODUÇÃO

O evangelho segundo Lucas destaca a atuação de pessoas marginalizadas, dentre elas as crianças, as mulheres e os pobres. Na aula de hoje estudaremos a respeito do papel das mulheres no ministério de Jesus, notadamente na narrativa lucana. Ao final, avaliaremos, a partir de uma perspectiva neotestamentária, a atuação do ministério feminino na igreja de Jesus Cristo. Destacaremos que o evangelho é inclusivo, não fazendo diferença entre judeu ou gentio, macho ou fêmea, pois todos são um em Cristo (Gl. 3.28).

1. AS MULHERES NO MINISTÉRIO DE JESUS

No contexto da sociedade judaico-romana, no qual as mulheres eram colocadas em segundo plano, o cristianismo privilegiou a atuação feminina. Enquanto que os gregos desprezavam as mulheres, inclusive alguns dos mais conceituados filósofos, Jesus dignificou a posição social das mulheres, ressaltando o papel delas na vida pública. Ao contrário dos que era defendido em Sua época, Jesus reafirmou que homem e mulher foram feitos uma só carne (Gn. 2.24; Mt. 19.3-9). Jesus se opôs à coisificação da mulher, transformando-a em mero objeto de desejo (Mt. 5.28), como ainda acontece na sociedade contemporânea. A preocupação de Jesus com as mulheres é digna de destaque ao longo dos evangelhos. Ele curou a sogra de Pedro, possibilitando o retorno dela ao serviço (Mc. 1.30-31; Mt. 8.14,15; Lc. 4.38,39). Jesus mostrou interesse pela viúva de Naim, confortando-a em um momento de aflição (Lc. 7.11-15). O Senhor também curou uma mulher curvada por dezoito anos, defendendo-a das acusações dos religiosos (Lc. 13.10-17). Jesus curou uma mulher acometida de um fluxo de sangue, que sofria há vários anos (Mc. 5.22-29). Ele permitiu que uma mulher considerada pecadora ungisse seus pés (Lc. .36-50). Mesmo as prostitutas não foram desprezadas por Jesus, essas têm maior disposição para o arrependimento do que os religiosos (Mt. 21.31). O interesse inclusivista de Jesus atraiu mulheres que eram conhecidas como adúlteras na sociedade, orientando-as para que abandonassem os seus pecados (Jo. 4.4-42; Jo. 8.1-11).

2. AS MULHERES NO EVANGELHO DE LUCAS

Como apontamos anteriormente, algumas mulheres tiveram proeminência no ministério de Jesus, e essas são destacadas por Lucas no evangelho que traz o seu nome. Isabel, a mãe de João Batista, é destacada como uma mulher piedosa (Lc. 1.5-7). Maria, a mãe de Jesus, recebeu a visitação de um ajo, informando-lhe que ela seria a mãe do Salvador (Lc. 1.26-38; Lc. 2.5-7), e essa acompanhou o ministério do Seu filho até o fim (Lc. 8.19). Ana, a profetisa do templo, abençoou Jesus quando criança (Lc. 2.36-38). Maria e Marta, irmãs de Lázaro, serviam ao Senhor em Betânia (Jo. 11.5; Lc. 10.38). As mulheres acompanharam o ministério de Jesus, algumas delas contribuíam financeiramente para esse, dentre elas Maria Madalena, Joana e Susana (Lc. 8.1-3). Conforme destacamos anteriormente, Jesus curou várias mulheres: a sogra de Pedro (Lc. 4.38-39), uma menina de doze anos (Lc. 8.41-56), uma mulher com uma enfermidade por doze anos (Lc. 8.43-48), e uma mulher curvada por dezoito anos (Lc. 13.10-17). O exemplo de algumas mulheres é destacado no evangelho lucano: uma mulher pecadora que unge o Mestre e é perdoada (Lc. 7.37-50), a mulher da parábola da dracma perdida (Lc. 15.8-10), uma viúva que busca um juiz para obter justiça (Lc. 18.1-5) e uma viúva pobre que entrega duas moedas no templo (Lc. 21.1-4). As mulheres foram as primeiras a testemunharem a ressurreição de Jesus. Na verdade, elas O acompanharam durante a crucificação (Lc. 23.27,49), prepararam especiarias para ungir Seu corpo (Lc. 23.55,56), encontraram Jesus no túmulo vazio (Lc. 24.1-3), e a elas os anjos anunciaram que Jesus havia ressuscitado (Lc. 24.4-8).

3. A ATUAÇÃO DAS MULHERES NA IGREJA

Ao contrário do que defendem alguns críticos do Novo Testamento, Paulo foi favorável ao ministério feminino na igreja. Em I Co. 11 o apóstolo instruiu sobre como as mulheres deveriam orar e profetizar na igreja, respaldando esse ministério. Várias mulheres auxiliaram Paulo em seu ministério missionário (Rm.16.1). A utilização isolada da passagem bíblica de I Tm. 2.12-14 não pode ser usada para limitar a atuação da mulher na igreja, apenas para restringi-la. O texto diz que a mulher não deve ter “domínio sobre o homem”. O argumento bíblico é o de que a supremacia e a liderança do homem não é uma questão cultural, pois se baseia no princípio da criação, pois Deus criou primeiro o homem, em seguida, a mulher (I Co. 11.9; I Tm. 2.13). A Bíblia não orienta a escolha de mulheres para a posição do pastorado na Igreja, esse ministério parece estar restrito aos homens (I Tm.3.2). No entanto, as mulheres não devem se sentir menosprezadas por isso. Deus, em Jesus Cristo, subverteu muitos padrões em Sua época em relação à mulher.  Elas eram desprezadas naquela cultura, mas não por Ele, que as tornou, juntamente com os homens, “um em Cristo” (Gl.3.28). O Espírito Santo concedeu a elas os dons espirituais (I Co.12), mediante o qual elas podem tomar parte na edificação do corpo de Cristo. Elas podem profetizar (At.2.17-18; 21.9), bem como ensinar  na igreja, como fazia Priscila, cujo ministério é destacado no Novo Testamento (At.18.26; Tt.2.4). 

CONCLUSÃO

A sociedade dos tempos de Jesus menosprezava as mulheres, mas o Senhor se opôs a esse preconceito, e atraiu várias mulheres para apoiar Seu ministério. O Evangelho segundo Lucas reforça a inclusão da mulher na dimensão evangélica, elas acompanhavam e sustentavam o ministério do Mestre. A maneira digna com a qual Jesus, inclusive o apóstolo Paulo, tratou as mulheres, deve servir de estímulo para que nós, os cristãos do tempo presente, façamos o mesmo, pois todos somos um em Cristo.

BIBLIOGRAFIA

HENDRINKSEN, William. Comentário Novo Testamento - Lucas. Editora Cultura Cristã, São Paulo, SP.
CHAMPLIN, Russell Norman, Enciclopédia de Bíblia Teologia e Filosofia.Hagnos
SWINDOLL, C. Jesus: o maior de todos. São Paulo: Mundo Cristão, 2008.