segunda-feira, 25 de junho de 2018

Lição 1 - Levítico, Adoração e Serviço ao Senhor




       Caros professores, neste trimestre abordaremos um livro da Bíblia que para muitos é tido como difícil, hermético e impenetrável: o Levítico. Essa palavra provém da antiga tradução grega do Antigo Testamento, a Septuaginta, e seu significado é “Concernente aos levitas” ou “Com respeito aos levitas”. 
      O nome do livro revela que a obra sagrada foi escrita originalmente como um manual litúrgico para os levitas.  Conhecido no original hebraico, o livro de Levítico é conhecido por suas palavras iniciais: Vaicrá que, literalmente, significam "e chamou" (Lv 1.1). Vaicrá tem, ainda mais duas traduções possíveis: "e separou"e "e santificou". Teologicamente, o chamado de Deus implica em nossa separação do mundo e em nossa imediata santificação ao serviço de seu Reino.
       Na erudição judaica, o livro é conhecido também como Torath Kohanim - A Lei dos Sacerdotes.
       Já na Septuaginta, a versão grega do Antigo Testamento, o livro recebe o nome de Leuitikon, denotando-lhe o tema e o propósito: as coisas pertencentes ao ministério dos levitas. No latim, a sua designação é Leviticus.
       Nesse aspecto, o Levítico contém a narrativa da maior parte do sistema de leis estabelecido por Deus para o Seu povo sob a administração do sacerdócio levítico.

Informações Básicas sobre o livro

      Ao longo do livro, que com outros quatro formam o Pentateuco (os cinco primeiros livros do Antigo Testamento), são destacados os seguintes conteúdos: leis sobre a santidade de Deus e o amor ao próximo; sacrifícios como parte da adoração; a pureza ritual e obrigações sociais; instituição do sacerdócio segundo a ordem de Arão; leis quanto à função sacerdotal dos levitas; estabelecimento da expiação dos pecados (o Dia da Expiação); leis que regulam as relações sexuais, a vida familiar, a punição de crimes graves, as festas sagradas e os anos especiais, como o sabático e o jubileu.
      Essas descrições apontam para os seguintes objetivos do livro: purificar a nação escolhida das abominações do Egito; preservá-la das sujeiras morais e espirituais de Canaã; transformar a nação num povo separado por Deus para cumprir os propósitos divinos. Por isso, o livro tem o propósito claro de estabelecer a santidade de Deus na vida de seu povo: “Porque eu sou o SENHOR, vosso Deus; portanto, vós vos santificareis e sereis santos, porque eu sou santo” (Lv 11.44).

Esboço do livro de Levítico

DIVISÃO EM DOIS PRINCIPAIS BLOCOS

1−16 Regulamento para o povo e os sacerdotes (o Código Levítico)
17−26 Regulamento do relacionamento com Deus e com o próximo (o Código de Santidade

DIVISÃO DO PRIMEIRO BLOCO (1−16)

1.1−6.7 As ofertas do povo
8−9 A instituição do sacerdócio arônico
10 Juízo de Deus e instruções para os sacerdotes
11−15 Leis sobre a pureza ritual para os sacerdotes
16 Instituição do Dia da Expiação

DIVISÃO DO SEGUNDO BLOCO (17−26)

17−24 O Código de Santidade para diversos comportamentos da nação e dos sacerdotes
25−26 Instituição dos anos sabáticos e do jubileu; bênçãos e maldições da aliança.

I – SOBRE O LIVRO DE LEVÍTICO

      Para compreendermos o livro de Levítico, temos de considerar, inicialmente, quatro coisas muito importantes: sua canonicidade, gênero literário, autoria e data.

1. Canonicidade. O Levítico, bem como os demais livros do Pentateuco, foi reconhecido, desde o princípio, como a Palavra de Deus, e posto “perante o Senhor”, junto à Arca da Aliança, no Tabernáculo (Dt 31.26). Em várias passagens, ele é chamado, juntamente com outros livros do Pentateuco, de “Livro do Senhor”, ou “Livro da Lei” (Is 34.16; 2 Rs 22.8). Portanto, o Levítico tem de ser considerado, à semelhança dos demais livros da Bíblia Sagrada, como a Palavra inspirada, inerrante e completa de Deus.

2. Gênero literário. Em virtude de seu gênero literário, o livro de Levítico pode ser considerado o manual do culto divino do Antigo Testamento (Lv 23). Ele pode ser visto também como o estatuto da purificação nacional, social e pessoal do povo hebreu (Lv 17.1-7).

3. Autoria. Moisés é o autor humano de Levítico e dos demais livros que compõem o Pentateuco – os cinco primeiros livros da Bíblia. Por toda a obra, observamos a interação entre os autores divino e humano: Deus e Moisés (Lv 1.1; 5.14; 8.1; 15.1; 21.1; 27.1).

4. Data. De acordo com a cronologia bíblica, a saída de Israel do Egito ocorreu no ano 1445 a.C. Um ano mais tarde, Moisés levantou o Tabernáculo no deserto (Êx 40.17). Foi exatamente nesse ponto que o profeta e legislador, inspirado pelo Espírito Santo, passou a registrar as normas do culto hebreu (Lv 1.1).


II – A RAZÃO DO LIVRO 

       O livro de Levítico foi escrito tendo em vista estes objetivos: purificar Israel das abominações do Egito, preservá-lo das iniquidades de Canaã e transformá-lo num povo santo, obreiro e adorador.

1. Purificar Israel das abominações do Egito. Além de arrancar Israel do Egito, a Moisés coube também uma missão ainda mais difícil: arrancar o Egito de Israel. Embora já livres da servidão de Faraó, os israelitas não se livraram de imediato das abominações egípcias, haja vista o lamentável episódio do bezerro de ouro (Êx 32.1-10).
       Para arrancar Israel do Egito bastou um dia; para arrancar o Egito de Israel, quarenta anos não foram suficientes (Nm 14.33,34). Por esse motivo, o livro de Levítico fez-se necessário e urgente. O Senhor, detalhada e didaticamente, ensinou aos israelitas a diferençar o puro do impuro (Lv 10.10; 15.31; 20.25). Sem esse recurso didático, os hebreus jamais seriam reconhecidos como nação sacerdotal, profética e real (Êx 19.6). 

2. Preservar Israel das iniquidades de Canaã. Ao deixarem o Egito, um país notoriamente idólatra, os filhos de Israel peregrinaram durante quarenta anos pelo deserto, para receber, por herança, uma terra habitada por nações ainda mais idólatras e abomináveis (Lv 18.3). Por esse motivo, as recomendações divinas eram tão enérgicas (Dt 18.9).
Sem os estatutos, leis e regras do livro de Levítico, os israelitas corriam o risco de perder as suas características como povo exclusivo de Deus.

3. Transformar Israel num povo santo, adorador e obreiro. A Moisés cabia também educar os filhos de Israel, a fim de transformá-los num povo santo, adorador e obreiro (Lv 11.45). Sem a educação minuciosa e eficiente proporcionada pelo livro de Levítico, os israelitas jamais teriam cumprido a missão que o Senhor lhes designara por intermédio de Abraão: ser uma bênção a todas as famílias da Terra (Gn 12.1-3; Dt 14.2). Afinal, Israel teria de portar-se como nação messiânica, pois tinha como missão principal, embora inconsciente, revelar Jesus Cristo ao mundo (Jo 4.22).


III – O MANUAL DO SACERDOTE

      O livro de Levítico foi entregue mui particularmente aos filhos de Levi, objetivando orientá-los quanto às atividades cultuais, santificadoras e intercessoras.

1. Atividades cultuais. Os levitas tinham como atribuição exclusiva zelar pela santidade, perfeição e beleza do culto do Deus de Israel (Nm 3.12). E, para que todas as coisas saíssem de acordo com as recomendações divinas, obrigavam-se eles a observar rigorosamente as ordenações do Levítico. Seu ofício deveria refletir a glória de Deus (Lv 9.1-6). Por esse motivo, tudo neles tinha de estar de acordo com as prescrições do Senhor: ordenação, pureza moral, espiritual e física (Lv 8.1-36; 10.8-11).

2. Atividades santificadoras. A reivindicação mais urgente e importante do livro de Levi é a santificação de Israel como herança particular do Senhor: “Portanto, santificai-vos e sede santos, pois eu sou o Senhor, vosso Deus” (Lv 20.7). Os sacerdotes, por conseguinte, deveriam, em primeiro lugar, cuidar de sua própria santificação para terem condições de zelar pela santidade de todo o povo (Lv 16.1-11). Recomendação semelhante faz o apóstolo Paulo aos obreiros de Cristo (1 Tm 4.16).

3. Atividades intercessoras. A principal atividade do sacerdote era, sem dúvida, fazer a intermediação entre o pecador arrependido e o Deus Santo, Único e Verdadeiro (Lv 9.7), haja vista o gesto de Arão quando da apostasia de Coré e seu bando. Naquele momento, o povo de Israel esteve prestes a ser destruído, mas o gesto do sumo sacerdote tornou a nação propícia a Deus (Nm 16.46).
      Hoje, em virtude do sacrifício de Cristo, não mais necessitamos de intermediários humanos para nos achegarmos a Deus (1 Jo 4.10). Jesus é o nosso sublime e perfeito Sumo Sacerdote (Hb 7.26,27). Todavia, a santidade continua a ser exigida daqueles que oram e intercedem; que o façam “levantando mãos santas” (1 Tm 2.1,8).


CONCLUSÃO

      A principal lição que extraímos do livro de Levítico é que o Deus santo requer duas coisas básicas de cada um de seus filhos: que nos separemos do mundo e que nos dediquemos, em pureza e santidade, ao seu serviço. Este é o nosso culto racional (Rm 12.1-3).
      Podemos assim concluir que a adoração nada é sem a santificação, e a santificação, por sua vez, nenhum valor terá se não resultar em serviços ao Reino de Deus.


Bibliografia 

Manual do Pentateuco”, CPAD, pp.265-88.
Panorama da Bíblia. 1.ed. Rio de Janeiro: CPAD, 2016, p. 26.
Guia do Leitor da Bíblia: Uma análise de Gęnesis a Apocalipse capítulo por capítulo. 9.ed. Rio de Janeiro: CPAD, 2010, p. 80).
Adoração, Santidade e Serviço. 1.ed. Rio de Janeiro: CPAD, 2018, p.11 - 13.



sábado, 23 de junho de 2018

Lições Bíblicas 3º Trimestre 2018





Queridos a paz do Senhor, não percam em breve novos comentários em nosso Blog.
Vamos compartilhar assuntos fantásticos sobre o livro de Levítico.  

quarta-feira, 8 de julho de 2015

LIÇÃO 02 - O EVANGELHO DA GRAÇA




INTRODUÇÃO

A Primeira Epístola a Timóteo foi escrita por Paulo, a quem denomina o jovem pastor de “meu verdadeiro filho na fé” (I Tm. 1.2). Com essa declaração objetiva reconhecer e legitimar o ministério espiritual desse obreiro perante a congregação. Na aula de hoje, nos voltaremos para as orientações do Apóstolo à igreja, considerando a necessidade de refutar os falsos ensinamentos. Ao final, destacaremos a importância de não nos apartarmos do evangelho da graça, sob pena de comprometer o evangelho genuíno.

1. A DOUTRINA DOS APÓSTOLOS

Paulo está preocupado em manter a sã doutrina, e refutar os falsos ensinamentos que comprometiam o verdadeiro evangelho. ÉA onda de subjetivismo ainda hoje mina muitas igrejas evangélicas. Há pastores que criticam o liberalismo nas igrejas, mas não sabem que a experiência, distanciada da Palavra também é liberalismo. Os falsos mestres dos tempos de Paulo estavam se infiltrando nas igrejas, trazendo um ensino diferente (gr. heterodidaskaleo). Uma ala desse ensinamento não apostólico se respaldava em uma interpretação equivocada da lei (I Tm. 1.7). Existem movimentos estranhos ao evangelho, semelhantes aos judaizantes do passado, que querem resgatar a prática da lei como condição para a salvação. Paulo reconhece que a Lei é boa, tendo em vista que ela busca orientar o ser humano. Mas essa é incapaz de salvar, pois serve apenas  como um aio, um pedagogo que conduz o aluno à escola, mas não pode modificar seu comportamento (Gl. 3.24,25). O uso equivocado da Lei acaba por favorecer mitos e genealogias intermináveis, lendas que não edificam e contrariam o evangelho (I Tm. 4.7). Essas mitologias e genealogias também causam contendas nas igrejas, e uma espécie de especulação vazia de verdade. Mas a Torah aponta o caminho correto, para que o pecador reconheça suas limitações, e se volte para Deus. Até mesmo na sociedade, as leis servem tão somente para deter os instintos rebeldes do ser humano. Contudo, não podem modificar o caráter, ainda que sejam necessárias para evitar o caos (I Tm. 1.9-10). A mudança na natureza somente acontece a partir do interior (Cl. 3.5-11), quando o novo homem é construído, através do Espírito Santo, em Cristo (Gl. 5.22).

2. O ENSINAMENTO DOS FALSOS MESTRES

Os falsos mestres dos tempos de Paulo impunham proibições e penalidades, e ao mesmo tempo, as contradiziam, praticando imoralidades. A coerência deve ser buscada pelos servos de Deus, ainda que reconheçam que são incapazes de alcançar o padrão divino por conta própria. Faz-se necessário ter cuidado com o mero moralismo, às vezes, exige-se um padrão moral dos outros, atentando para algumas áreas, principalmente restrita à sexualidade. A hipocrisia é demonstrada quando pessoas exigem demais em uma área, mas transgridem em outras, naturalizando determinados pecados. Esse era o pecado de alguns fariseus dos tempos de Jesus, eles faziam de tudo para conseguir prosélitos, coavam um mosquito e engoliam um elefante (Mt. 23). A sã doutrina identifica a realidade do pecado, sobretudo sua universalidade (Rm. 3.23), ao mesmo tempo em que reconhece que ninguém é salvo pelas obras (Ef. 2.8,9), mas pela graça por meio da fé, gratuitamente (Rm. 6.23), como resultado do amor de Deus (Jo. 3.16; Rm. 5.8). Paulo sabe que foi um dos piores pecadores, um perseguidor da igreja de Jesus Cristo, tendo sido alcançado pela graça maravilhosa de Deus (I Tm. 1.16). Por isso destina a honra e a glória a Deus, não aos homens. Há líderes que pensam que a salvação depende deles, os méritos não são de Cristo, mas das obras que realizam. Esse é outro evangelho, nada tem a ver com o evangelho de Jesus (Gl. 1.7-9). Muitos estão se deixando enfeitiçar por essa falsa doutrina, que defende a salvação pelas conquistas humanas. Somos todos pródigos, é a graça de Deus que nos acolhe, a graça de Deus deve continuar nos causando espanto.

3. O EVANGELHO DA GRAÇA

Desfrutamos da graça e paz de Deus, que excede todo e qualquer entendimento, principalmente o religioso. A graça (gr. charis) é o favor imerecido de Deus, Ele nos dá muito além do que merecemos. Quando somos alcançados pela graça de Deus, podemos não apenar ter paz (gr. eirene) com Deus, mas também a paz de Deus (Fp. 4.7). Essa é uma paz que o mundo não conhece, mas que nos foi prometida por Cristo, antes de partir da terra (Jo. 14.27). Muitos cristãos estão perdendo a surpresa diante da graça de Deus. As responsabilidades eclesiásticas estão naturalizando os relacionamentos. Sem perceber alguns deles pensam que são merecedores das dádivas divinas. Como o fariseu da parábola de Jesus, estufam o peito diante de Deus, e apresentam suas prerrogativas, achando que são dignos (Lc. 18.9). Davi precisou ser advertido pelo profeta Natan, para que percebesse seu pecado, e se voltasse em arrependimento ao Senhor (Sl. 51.8). Com Paulo precisamos lembrar constantemente, que a graça do nosso Senhor transbordou sobre nós, com a fé o amor que estão em Cristo Jesus (I Tm. 1.14). A graça de Deus também nos motiva ao amor (gr. agape), a responder positivamente à providência do Senhor. Amamos a Deus, e uns aos outros, porque Ele nos amou primeiro (I Jo. 4.19), esse é o genuíno evangelho, uma palavra fiel e verdadeira, digna de toda aceitação (I Tm. 1.15). Por isso Timóteo deve pregá-la com ousadia naquela comunidade, para que os ouvintes possam reconhecê-la. Trata-se, na verdade, de um combate, a fim de, apologeticamente, manter a fé e a boa consciência que alguns estão rejeitando (I Tm. 1.18-20).

CONCLUSÃO

Diante da ameaça das falsas doutrinas na igreja, Paulo admoesta Timóteo para que combata contra os mestres do engano. Quando o evangelho está sendo ameaçado por ensinamentos falsos, devemos ser firmes e contundentes na defesa da verdade. Nossa principal arma é a espada do Espírito que é a Palavra de Deus (Ef. 6.17), com ela podemos destruir as fortalezas do erro, e mostrar a direção correta, a fim de defender a fé que uma vez foi entregue aos santos (Jd. 3).

BIBLIOGRAFIA

KELLY, J. N. D. I e II Timóteo e Tito. São Paulo: Vida Nova, 1983.
RENOVATO,E. de Lima. As Ordenanças de Cristo nas Cartas Pastorais: CPAD, 2015. 

terça-feira, 7 de julho de 2015

LIÇÃO 01 - UMA MENSAGEM À IGREJA LOCAL E À LIDERANÇA



INTRODUÇÃO

As Epístolas de Paulo a Timóteo (I e II) e Tito são conhecidas como Epístolas Pastorais desde o século XVIII, por orientarem o pastoreio das igrejas. Ao longo deste trimestre estudaremos essas epístolas, extraindo princípios para o ministério cristão. Na aula de hoje apresentaremos uma panorâmica dessas epístolas, ressaltando o conteúdo, estrutura, conceitos-chave e ênfases teológicas.

1. I TIMÓTEO

A I Epístola de Paulo a Timóteo apresenta orientações para a vida eclesiástica, nesta o Apóstolo exorta em relação ao ensino correto, delega missões aos crentes, estabelece princípios para a organização da igreja, destacando critérios para a escolha dos presbíteros e diáconos. Em seguida, exorta quanto ao tratamento dos idosos e viúvas na igreja, além de admoestar quanto ao perigo das riquezas. Um dos versículos-chave dessa Epístola se encontra em I Tm. 1.15: “Fiel é a palavra e digna de toda aceitação, que Cristo Jesus veio ao mundo para salvar os pecadores, dos quais eu sou o principal”. Paulo é bastante específico quanto a estrutura das reuniões e cultos, bem como a separação de novos líderes da igreja, com destaque para suas qualidades. Ele ressalta que os obreiros de Deus devem ser exemplo para os fiéis. Essa Epístola foi escrita por volta do ano 64 d. C., a Timóteo, um dos companheiros de Paulo nas viagens missionárias. O Apóstolo o enviou para Éfeso a fim de deter os falsos ensinamentos que eram propagados pelos adeptos do gnosticismo (I Tm. 1.3,4). Tratava-se de um obreiro jovem, por isso Paulo admoesta a igreja para que “ninguém despreze a tua mocidade”, por outro lado, ele “deveria ser exemplo dos fiéis, na palavra, no trato, na caridade, no espírito, na fé, na pureza” (I Tm. 4.12). Alguns temas são predominantes nessa Epístola: 1) a preservação da sã doutrina, defendendo a fé dos falsos ensinamentos; 2) qualificações dos obreiros para que esses deem testemunho fiel de Cristo; 3) disciplina pessoal, a fim de cumprir os requisitos morais para o ministério; e 4) as responsabilidades da igreja, principalmente em relação aos mais pobres.

2. TITO

A Epístola de Paulo a Tito foi escrita no mesmo período de I Timóteo, após a libertação de Paulo da sua primeira prisão em Roma. Os temas eclesiásticos são basicamente os mesmos tratados naquela Epístola. Paulo trata a respeito dos pré-requisitos para a escolha dos diáconos e presbíteros, tendo em vista o combate aos falsos mestres. Em seguida o Apóstolo orienta quanto à organização das diferentes faixas etárias na igreja, e das camadas sociais distintas, bem como da lealdade a Cristo. Paulo também se preocupa com a relação do crente com o Estado, e destaca a relevância da lealdade a Cristo. Um dos versículos-chave dessa Epístola se encontra em Tt. 2.11: “Porquanto a graça de Deus se manifestou salvadora a todos os homens”. O livro de Atos não apresenta informações a respeito de Tito, o que é possível saber a respeito desse cooperador de Paulo se encontra em Gl. 2.1-3. A partir desse texto sabemos que era um cristão-judeu, que recebeu várias atribuições do Apostolo, dentre elas a de ir a Corinto, para orientar a igreja (II Co. 1.12; 8.5-16; 8.1-6). A data foi provavelmente escrita em 64 d. C., depois que Paulo foi libertado da prisão em Roma. Tito recebeu essa Epístola quando se encontrava em Creta, tendo sido deixado ali pelo Apóstolo, “para que pusesse em boa ordem as coisas que ainda restam” (Tt. 1.5).  Alguns temas são mais importantes nessa Epístola, dentre eles destacamos: 1) a importância de uma vida íntegra, principalmente entre os obreiros; 2) a escolha de diáconos e presbíteros, considerando o caráter dos candidatos; 3) o relacionamento entre as pessoas de diferentes faixas etárias na igreja; e 4) a maneira dos cristãos se portarem na sociedade, obedecendo ao governo e trabalhando com honestidade.

3. II TIMÓTEO 

Timóteo era um filho de um gentio e de uma cristã-judia de Listra (At. 16.1; II Tm. 1.5). Paulo o levou como colaborador do seu ministério durante a segunda viagem missionária, quando passou por aquela cidade (At. 16.3). O Apóstolo confiava nesse jovem obreiro, por isso delegou-lhe várias responsabilidades (I Ts. 3.2,6), principalmente no período em que se encontrava na prisão (Fp. 2.20). A II Epístola de Paulo a Timóteo foi escrita justamente durante o período em que estava preso em Roma, diante da grande perseguição empreendida por Nero, por volta do ano 67 d. C. Ciente da sua passagem iminente, Paulo instrui Timóteo para que pregue a palavra com ousadia; que esteja preparado para a perseguição, o cuidado com a ameaça dos falsos mestres; a necessidade da fidelidade ao ministério da palavra. Um dos versículos-chave dessa Epístola se encontra em II Tm. 3.16: “Toda Escritura é inspirada por Deus é útil para o ensino, para a repreensão, para a correção, para a educação na justiça”. Paulo estava preso, e é comovente saber que ele estava com frio, e tinha necessidade dos livros (II Tm. 4.13). Naqueles que provavelmente seriam seus últimos dias na terra, Paulo conclama Timóteo a apresentar-se como obreiro aprovado, que não tinha do que se envergonhar, que manejava bem a palavra da verdade (II Tm. 2.15). Alguns temas merecem destaque: 1) a coragem, considerando que a perseguição estava se intensificando; 2) fidelidade no ministério, mesmo em momentos de adversidade; e 3) importância do ensino e pregação, para se contrapor às falsas doutrinas que estavam se impregnando na igreja.

CONCLUSÃO

As Epístolas Pastorais de Paulo não servem apenas àqueles obreiros que as receberam no primeiro século: Timóteo e Tito. Na verdade, a intenção do Apóstolo era que esses textos fossem lidos nas igrejas, a fim de orientar os membros do Corpo de Cristo, em relação à sã doutrina. De igual modo, estudar essas Epístolas atualmente serve de orientação para a igreja contemporânea, para que essa se mantenha firme na Palavra, combatendo as heresias que ameaçam a doutrina verdadeiramente evangélica.

BIBLIOGRAFIA

RENOVATO,E. de Lima. As Ordenanças de Cristo nas Cartas Pastorais: CPAD, 2015. 

quinta-feira, 25 de junho de 2015

LIÇÃO 13 - A RESSURREIÇÃO DE JESUS



INTRODUÇÃO

Chegamos ao fim de mais um trimestre e esperamos que tenhamos alcançado os nossos objetivos e que as nossas postagens tenham sido uteis para o vosso aprendizado que Deus vos abençoe. ( o importante é que Ele vive ).
Por isso nesta última aula nos voltaremos para a narrativa lucana da ressurreição de Cristo. Inicialmente destacaremos que o túmulo foi aberto, em seguida os olhos e o coração dos discípulos foram abertos, e ao final, a mente e os lábios deles se abriram. A ressurreição de Cristo, conforme atestaremos ao longo desta aula, é o maior evento de todos os tempos, além de ter profundo significado para os cristãos.

1. UM SEPULCRO ABERTO

A mensagem do evangelho se fundamenta na ressurreição de Cristo (I Co. 15.1-8), e a partir dela podemos reconhecer que Jesus é, de fato, o Filho de Deus (Rm. 1.4). Ele não apenas morreu pelos nossos pecados, mas também ressuscitou, comprovando a aceitação do Seu sacrifício (Rm. 4.24,25). Existem vários testemunhos que testificam a ressurreição de Jesus, todos eles de pessoas que viveram ao lado dele. Ele apareceu a Maria Madalena (Jo. 20.11-18), depois às outras mulheres (Mt. 28.9,10), e em seguida, aos homens no caminho de Emaús (Lc. 24.13-22). Posteriormente apareceu a Pedro (Lc. 24.34) e ao Seu meio-irmão Tiago (I Co. 15.7). Certa ocasião apareceu aos apóstolos (Lc. 24.36-43), quando Tomé não estava presente, e uma semana depois, para ser visto por Tomé (Jo. 20.26-31). Por fim, apareceu aos discípulos, antes de subir ao céu, comissionando-os a testemunharem do evangelho (At. 1.1-18). Maria Madalena foi a primeira chegar ao túmulo, juntamente Maria, mãe de Tiago, e outras mulheres piedosas (Lc.24.10). Elas estavam preocupadas sobre quem removeria a pedra do sepulcro, pois pretendiam preparar o corpo de Jesus para o sepultamento. Os anjos apareceram às mulheres, informando que Jesus não estava mais ali, por ter ressuscitado (Mt. 28.2; Mc. 16.5). Entusiasmadas, as mulheres correm para contar aos discípulos, por conseguinte, Pedro e João examinam o túmulo (Jo. 20.1-10), atestando que Jesus não estava mais naquele local. Em Jerusalém, há um sepulcro, identificado com aquele no qual Jesus teria sido colocado, e está escrito em inglês: Ele não está mais aqui, pois ressuscitou. Esse é o fundamento da doutrina cristã, Jesus está vivo (Gl. 2.20).

2. OS CORAÇÕES DOS DISCÍPULOS SÃO ABERTOS

Lucas registra o encontro de Jesus com dois discípulos no caminho de Emaús, um vilarejo que distava 12 quilômetros ao norte de Jerusalém. Eles estavam desanimados, talvez tivessem ouvido o relato da ressurreição do Senhor, mas não acreditaram. Mas Jesus os acompanhou, ouvindo a respeito do que eles discorriam ao longo da jornada. Até que Jesus se manifesta a eles, e utiliza as Escrituras para testificar dos fatos ocorridos naqueles últimos dias. Evidentemente a fé vem pelo ouvir, e o ouvir pela Palavra de Deus (Rm. 10.17), aqueles discípulos precisam abrir não apenas os olhos, mas também a mente e o coração (Lc. 24.25,32). Há muitos pregadores que estão esquecendo o cerne da mensagem evangélica: a cruz de Jesus Cristo (I Co. 2.1-5). O centro das Escrituras é Jesus Cristo, é Ele quem devemos pregar, desde Gênesis (Gn. 3.15) até o Apocalipse (Ap. 20.21,22). Jesus é a chave hermenêutica para a compreensão das Escritures, sem esse Fundamento a Bíblia torna-se um livro confuso, e não poucas vezes, legalista (Lc. 24.47). O coração daqueles discípulos ardeu enquanto Jesus expunha, ou seja, fazia a exegese dos textos do Antigo Testamento. As igrejas genuinamente evangélicas não podem se distanciarem do ensinamento bíblico, os pastores devem retornar à pregação expositiva, fundamentada em uma exegese cristocêntrica.

3. A MENTE E OS LÁBIOS DOS DISCÍPULOS SÃO ABERTOS

Lucas destaca algumas emoções perturbadoras entre os discípulos, após a ressurreição de Jesus. Isso porque aquele episódio era tão extraordinário que eles não conseguiam se conter, a eles foi também revelado o motivo da morte e ressurreição do Senhor, até então incompreendida pelos discípulos (I Pe. 1.10-12). Depois dessa revelação, eles passaram a testemunhar com ousadia, sobretudo no poder do Espírito Santo (At. 1.8), a respeito da ressurreição de Jesus (At. 4.33). Existem estudos evidencialistas que se propõem a provar que Cristo realmente ressuscitou. Esses tratados apologéticos são úteis para convencer as mentes céticas em relação a esse episódio. Várias pessoas viram Jesus ressuscitado, e todas elas assumiram publicamente esse fato. Não há qualquer registro histórico que questione na época que a ressurreição tenha sido um engodo dos discípulos, ainda que as autoridades romanas tentaram “plantar” essa notícia (Mt. 28.11-15). Além disso, ninguém daria a vida por uma mentira, e os discípulos foram martirizados porque testemunharam a respeito da morte e ressurreição do Senhor. Essa mensagem revolucionou o mundo, pois diferentemente dos iniciadores religiosos, Jesus não está mais no sepulcro. A ressurreição de Jesus tem significado especial para a igreja, pois Ele agora está no céu assentado no trono (Jo. 17.5,11), Ele conquistou todos os inimigos e reina sobre todas as coisas (Ef. 1.18-23). E mais, ministra no céu, como Sumo Sacerdote (Hb. 7.25) e nosso Advogado (I Jo. 2.1).

CONCLUSÃO

A ressurreição de Jesus antecipa a ressurreição de todos aqueles que nEle acreditam, pois nEle também ressuscitarão (Rm. 5.17). A igreja aguarda o arrebatamento, quando Cristo voltará para levar para Si aqueles a quem redimiu (I Ts. 4.13-17). Mas temos a convicção que Jesus se tornou as primícias daqueles que ressuscitarão primeiro (I Co. 15.23). Ele ressuscitou, e se isso não tivesse acontecido, seria vã a nossa fé (I Co. 15.17). Mas como afirma a letra do hino sacro: porque Ele vive posso crer no amanhã, temor não há, pois nossas vidas está nas mãos dAquele que vivo está.


quarta-feira, 17 de junho de 2015

LIÇÃO 12 - A MORTE DE JESUS


INTRODUÇÃO

A morte de Jesus não foi apenas um episódio de natureza histórica. Na verdade, sua morte estava no desígnio e presciência de Deus (At. 2.23), estabelecido desde a eternidade (I Pe. 1.20; Ap. 13.8). Na aula de hoje destacaremos o significado da morte de Jesus no plano da salvação, destacando inicialmente a abordagem política de Pilatos. Em seguida, destacaremos o significado da morte de Jesus para Simão Cirineu, as mulheres de Jerusalém, e os malfeitores. E ao final, o significado do Pai, que providenciou em Jesus o sacrifício vicário para nossa salvação.

1. A MORTE DE JESUS E A POLÍTICA DE PILATOS

Pilatos foi o governador da Judéia no período de 26 a 36 d. C., e como a maioria dos políticos, tinha a preocupação de manter sua popularidade perante a população. Por causa disso, durante o julgamento de Jesus, mostrou-se escorregadio em relação as suas decisões. Na verdade, a vontade de Pilatos foi esquivar-se da morte de Jesus (Lc. 23.1-5). De igual modo, os políticos não costumam compreender o significado da morte de Jesus. Para alguns deles Jesus é apenas um nome por meio do qual tentar ganhar votos, a fim de satisfazer seus interesses pessoais. O Senhor foi acusado pela religião, que incitou o poder político, a condenar e crucificar Jesus. Ainda hoje essa relação entre religião e estado é extremamente danosa, muitos políticos se aproximam das igrejas evangélicas, com um discurso aparentemente moralista, a fim de ter apoio eleitoreiro. Por outro lado, algumas lideranças se dobram a esses interesses, e se necessário for, fazem concessões ao evangelho, a fim de tirarem proveito dessa relação. Pilatos reconheceu a inocência de Jesus Lc. 23.15), mas em nome da política dos homens preferiu entregá-lo à opinião pública. Há muitos governantes que sabem o que deve ser feito, mas não tomam uma atitude correta, preferem o pragmatismo para não perderem votos. Como geralmente acontece no plano da política dos homens, Pilatos e Herodes lançaram a responsabilidade de um para o outro em relação à morte de Jesus (Lc. 23.6-12). Pilatos, por fim, decidiu lavar as mãos, e entregar Jesus ao povo, incitado pela religiosidade, para satisfazer a multidão (Mc. 15.15).

2. A MORTE DE JESUS, SIMÃO CIRINEU, AS MULHERES E OS MALFEITORES

Os estudiosos não concluíram se Jesus carregou uma cruz ou apenas uma estaca, que seria afixada em uma haste, que comporia a cruz na qual foi pregado (Jo. 19.17). Fato  é que Jesus não foi capaz de seguir adiante, carregando a cruz, por isso Simão foi chamado para ajuda-lo, conforme estava previsto na lei romana (Mt. 5.41). Esse Simão não é o discípulo do Senhor com mesmo nome, na verdade esse prometera ficar ao lado do Senhor, mas O abandonou durante a perseguição. O Simão que partilhou o peso do instrumento de crucificação era um estrangeiro, que havia percorrido mais de 1.200 quilômetros, desde a África para celebrar a Páscoa. Tudo indica que esse Simão se converteu a Cristo, sendo posteriormente identificado como pai de Alexandre e de Rufo (Mc. 15.21). A tragédia da crucificação de Jesus possibilitou que aquele estrangeiro religioso tivesse um encontro pessoal com o Cristo. Essa é uma realidade atestada nos dias atuais, muitas pessoas estão encontrando Jesus, distanciando-se da mera religiosidade, principalmente nas situações adversas. As mulheres que testemunharam aquele episódio também se identificaram com o sofrimento de Jesus. O Evangelho segundo Lucas destaca o papel das mulheres no ministério do Senhor. Mais uma vez, diante da crucificação do Senhor, as mulheres mostraram sensibilidade e afeição pelas dores do Cristo (Lc. 23.27-31). Se fizermos um censo, atestaremos que o número de mulheres que se aproximam de Cristo é sempre maior que o de homens. Elas são mais sensíveis à mensagem da cruz, são mais propícias à aceitação do evangelho do Senhor. Os malfeitores também foram alcançados pela graça maravilhosa desse evangelho. Enquanto que os religiosos pediram a crucificação de Jesus, um dos malfeitores entre os quais Ele foi contado se arrependeu dos seus pecados (Lc. 22.37; Mt. 27.38). Um ladrão percebeu que estava diante de um Rei, e clamou para que fosse lembrando no Reino de Cristo (Lc. 23.35-43). Ainda hoje Jesus atrai para SI aqueles que se encontram nas condições mais deploráveis (Mt. 21.28-32).

3. A MORTE DE JESUS E A VONTADE DO PAI

A morte de Jesus não foi apenas um fato na dimensão horizontal, envolveu uma transação vertical, retratada com maestria por Isaías (Is. 53). Cristo não tinha pecado, mas fez-se necessário que Ele morresse a nossa morte, para a salvação dos nossos pecados. Ele foi feito pecado por nós, por esse motivo as trevas envolveram a cruz (II Co. 5.21). A própria natureza partilhou dos efeitos daquela situação, o clamor de Jesus retomou a declaração do salmista: “Deus meu, Deus meu, por que me desamparaste?” (Sl. 22.1; Mc. 15.33; Mt. 27.45,46). Ao final Jesus clamou em voz alta: “Está consumado” (Jo. 19.30), pois na cruz Ele cumpriu o propósito divino da salvação (Jo. 17.4). Por isso quando Ele entregou o espírito ao Pai, como um ato voluntário, o véu do templo se rasgou de alto a baixo (Mc. 15.38). De modo que, a partir de então, temos livre acesso à presença de Deus (Hb. 4.6), e pela fé podemos nos achegar, e chamá-LO de Pai (Gl. 4.6). Lucas registra ainda que: 1) o centurião reconheceu que Jesus era o Filho de Deus (Lc. 23.47); 2) os expectadores deixaram o recinto, pois queriam ver apenas o show (Lc. 18.3); e 3) as mulheres permaneceram no local, partilhando a dor do Senhor (Lc. 24.22). Diante dessas reações, a pergunta crucial parece ser: como as pessoas reagem diante da morte de Jesus? Esse é o critério a respeito do qual é possível determinar a ortodoxia ou heterodoxia de uma crença. Se Jesus foi apenas um grande iniciador religioso, se a Sua morte não teve significado espiritual, então é vã a nossa fé. Mas pelo testemunho do evangelho temos a convicção que a morte de Jesus não foi um episódio casual, naquele ato Deus estava reconciliando os pecadores, isso porque Aquele que não conheceu pecado se fez pecado por nós (II Co. 5.21).

CONCLUSÃO

Por que Cristo morreu? Essa pergunta tem sido feita ao longo da história do pensamento teológico, e muitos pensadores querem trazer uma resposta razoável. A fundamentação bíblica destaca a caráter vicário e expiatório da morte de Jesus. A Sua morte foi o sacrifício perfeito pelos nossos pecados (Cl. 1.22;I Pe. 1.19). De modo que somos salvos não pelas nossas obras, mas pelo sacrifício de Jesus na cruz do calvário (Ef. 2.8,9), por meio do qual fomos reconciliados com Deus (II Co. 5.5).

BIBLIOGRAFIA

CHAMPLIN, Russell Norman, Enciclopédia de Bíblia Teologia e FilosofiaHagnos.
MCDOWELL, Josh, Novas Evidencias Que Demandam Um Veredito. Hagnos.

sexta-feira, 12 de junho de 2015

LIÇÃO 11 - A ÚLTIMA CEIA



INTRODUÇÃO

A celebração da Santa Ceia sempre teve um lugar especial como memorial da morte e ressurreição do Senhor. Na lição de hoje estudaremos a respeito da instituição desse evento para a fé cristã. Inicialmente refletiremos a respeito das orientações de Jesus quando a essa celebração. Em seguida, nos voltaremos para as advertências paulinas, no contexto da igreja de Corinto. E finalmente, deixaremos instruções práticas quanto ao procedimento apropriado na celebração da Ceia do Senhor.

1. O ENSINAMENTO BÍBLICO DA CEIA DO SENHOR

A celebração da Ceia foi uma das ordenanças deixadas pelo Senhor (Mt. 26.26-30; I Co. 11.23-25). Os discípulos poderiam se envolver com outras atividades e esquecerem o principal, o valor da morte e ressurreição de Cristo. Por isso, para eles, bem como para nós hoje, a Ceia tem um significado rememorativo. Os elementos da Ceia – o pão e o cálice – são símbolos do sacrifício do Cordeiro de Deus para a nossa salvação (formas figuradas como em Jo. 15; 10.9; 6.35). O pão representa o Seu corpo (I Pe. 2.22-24) e o cálice simboliza o sangue do Senhor (Mc. 14.24). A Ceia deve ter observação contínua (Lc. 22.14-20) como o fizeram os primeiros discípulos (At. 2.42; 20.7; I Co. 11.26). Mas é preciso que haja atenção em relação ao significado dessa celebração, o descaso e a irrelevância dada à Ceia são pecados graves com consequências trágicas (I Co. 11.30). Recomendamos, por ocasião da Ceia do Senhor: 1) sinceridade na apreciação (Lc. 22.17-19); 2) autoexame em reconhecimento dos pecados (I Co. 11.27-29); 3) comunhão com os irmãos (I Co. 10.16-17); e 4) esperança quanto à manifestação do Senhor, no dia que Ele vier (I Co. 11.25,26). A Ceia do Senhor, por conseguinte, aponta para o passado – lembrança da morte e ressurreição de Cristo; o presente – todas as vezes que o fazemos demonstramos nossa identificação com Cristo; e futuro – antecipamos escatologicamente o dia em que celebraremos novamente, com Cristo. A celebração da Ceia remete aos tempos antigos, na instituição da páscoa judaica, o pasah ou “passar por cima”, episódio em que os israelitas foram salvos da mortandade no Egito (Ex. 12.13). Os israelitas continuaram celebrando a páscoa como um ritual (Dt. 16.1-4), como tipo do Cordeiro de Deus que haveria de vir para tirar o pecado do mundo (Jo. 1.29; I Co. 5.7).

2. A CELEBRAÇÃO DA CEIA EM CORINTO

Com base em I Co. 11.21, depreendemos que, em Corinto, a Ceia não era uma refeição simbólica apenas, como acontece em nosso meio nos dias atuais, mas uma refeição de verdade. Fica claro também pelo texto que cada um dos participantes levava uma porção de comida que era compartilhada uns com os outros. Mas em razão dos partidarismos na igreja, os grupinhos se formavam também para comer. Uns comiam primeiro, outros depois, tudo se fazia para evitar contatos. Paulo não tinha motivos para elogiar a igreja por essa desunião e falta de controle (v. 17), pois, além das divisões, havia aqueles que tinham mais condições (v, 18), levavam muita comida e bebida, exageravam, enquanto que outros ficavam com fome, numa nítida demonstração de segregação social e financeira. Comiam antes que os outros chegassem, principalmente os escravos que não podiam chegar mais cedo. Como consequência, o Apóstolo chama a atenção dos crentes de Corinto para que não se apropriem indignamente da ceia do Senhor. Essa indignidade, pelo contexto da passagem, não é prioritariamente moral, antes uma ausência de discernimento quanto ao significado do corpo e do sangue do Senhor (v. 27). Antes de se apropriar dos elementos da Ceia, é preciso que o crente examina-se, veja quais são suas reais intenções na participação do pão e do cálice (v. 28), e, principalmente, do seu lugar no Corpo de Cristo (v. 29), quando isso deixa de ser uma regra, o resultado é a morte tanto espiritual quanto física (v. 30-32), portanto, se tão somente para comer, que o faça em casa, pois a celebração da ceia não é apenas comida e bebida (v. 33,34).

3. ORIENTAÇÕES PRÁTICAS PARA A CEIA DO SENHOR

Algumas igrejas deixam de dar a Ceia do Senhor o valor devido. Como nos dias dos crentes de Corinto, testemunhamos uma banalização dessa ordenança. É preciso ter cuidado, pois por causa disso existem muitos fracos e doentes, e até alguns que dormem. Uma igreja genuinamente evangélica celebra a Ceia observando os seguintes princípios: 1) que a Ceia é uma ordenança do Senhor (24,25); 2) que se trata de um memorial divino (v. 24,25); 3) que anuncia, profeticamente, a vinda do Senhor (v. 26); 4) que deve ser precedida de um autoexame a fim de identificar a real motivação da celebração (I Co. 11.25); 5) para tanto, o cristão precisa discernir o valor espiritual da celebração da ceia (v. 29); 6) deva ser um momento de gratidão a Deus em reconhecimento pelo seu gracioso amor em Cristo (v. 24); 7) deve ser restrita aos discípulos de Cristo (Lc. 22.14); 8) trata-se de um momento de profunda devoção e solene louvor ao Senhor (Mt. 26.30). No ato da celebração da ceia os cristãos têm a oportunidade de refletir a respeito do significado da mensagem da cruz de Cristo. Não somos merecedores de participar desse evento, conforme lembrou Calvino, graças a Cristo nos tornamos dignos de nos aproximar da mesa. Não são nossas credenciais morais que nos fazem aptos para celebrar a ceia. Os coríntios pecavam na celebração porque não “discerniam” o corpo e o sangue do Senhor. Isso não apoia a doutrina da transubstanciação (os elementos se transformam no corpo e sangue de Cristo), muito menos da consubstanciação (os elementos unem-se às moléculas da carne e do sangue de Cristo), antes reforça a natureza simbólica (emblemática), e memorial dessa celebração. É importante ressaltar que existem muitos que tomam o pão e o cálice indevidamente, sem saber o que estão fazendo. Esses estão lançando Cristo ao vitupério, crucificando novamente Aquele que morreu pelos pecadores.  Durante a Ceia temos também a oportunidade de nos identificarmos com todos os cristãos, de todos os tempos e épocas. Com eles, assumimos que fomos redimidos pelo mesmo sangue, que foi derramado na mesma cruz, e pelo mesmo Cristo.  

CONCLUSÃO

Se atentarmos para I Co. 11.25,26, concluiremos que a celebração da Ceia do Senhor aponta tanto para o passado quanto para o presente e o futuro. Em relação ao passado, ela é um memorial da morte de Cristo na cruz do Calvário, para redimir os pecados dos crentes. No presente, é um ato de renovação da comunhão com Cristo, bem com os demais membros do Corpo (I Co. 10.16,17). Quanto ao futuro, anuncia o dia da manifestação do Senhor quando estaremos com Ele em corpos glorificados (Mt. 8.11; 22.1-14).

BIBLIOGRAFIA
CHAMPLIN, Russell Norman, Enciclopédia de Bíblia Teologia e Filosofia.Hagnos
SANTOS, R. R. dos. A Santa Ceia. Rio de Janeiro: CPAD, 2004.